Resenha: Patfest

Texto: Gustavo Palma / Fotos: Thamyres Brito

Quão sentida é a perda de uma mãe? De uma esposa? De uma amiga? Diria que é impossível dizer. Quem realmente sabe a dimensão e sente a dor são aqueles que ficaram com apenas as memórias e o amor que perdura. No caso da prematura partida de Patrícia Kisser em 3 de Julho deste ano, através de uma emocionante noite recheada de homenagens e música, foi possível sentir na pele a medida do amor gigantesco que ela transmitiu em vida e que deixou espalhado por onde passou. O evento em questão, organizado por Andreas Kisser e nomeado Patfest, aconteceu 28/09 na Audio Club e reuniu mais de 50 artistas partindo de diversos estilos musicais, inspirando um setlist baseado no gosto da própria Patrícia, segundo o guitarrista do Sepultura.

O formato consistiu na banda composta pelo próprio Andreas, seu filho Yohan Kisser (guitarra, violão), Amilcar Christófaro (bateria), Renato Zanuto (teclado) e Fabinho Sá (baixo) recebendo os demais convidados que revezavam seus lugares no palco para cantar e tocar ao lado dos músicos e prestar suas homenagens. A noite começou forte com Sandy, cujo filho Theo é afilhado de Patrícia, entrando para cantar a primeira música, Quando Você Passa(Turu Turu). Foi realmente incrível acompanhar fãs de todos estilos músicais engajados no show, participando e cantando (nunca imaginei que veria tantos fãs de Sepultura cantando Sandy & Junior tão alto). Desde o início o cenário estava feito e percebia-se que a emoção seria dominante na noite, tanto do público quanto dos artistas. Para confirmar esse fato, logo após a saída de Sandy do palco, entram ovacionados Chitãozinho e Xororó acompanhados de Junior Lima na bateria, para tocarem Sinônimos seguida de Evidências, que não respeita preferência musical e é quase o hino nacional brasileiro. Obviamente, a Audio veio abaixo.

Seguindo a catarse em massa, Serginho Groisman entrou no palco para homenagear Patrícia e apresentar Os Pitais, artistas que se reúnem para tocar em hospitais. Depois os shows ficaram a cargo de João Gordo, Luiz Carlini e Sol, a atriz Marisa Orth, Paulo Zinner e Canisso. Um dos momentos mais memoráveis (e ineperados) foi a entrada da dupla sertaneja Marcos & Belutti para performar I Don’t Wanna Miss a Thing, do Aerosmith, junto de Andreas, Yohan e Lucas Lima no violino. Samuel Rosa, Pitty, Dinho Ouro Preto, Badauí, Esteban Tavares, Titãs (banda brasileira favorita de Andreas, segundo ele mesmo) entre outros fizeram participações e emocionaram a audiência com êxito.

Entretanto, o número mais tocante da noite ficou responsável pela própria família Kisser. Enzo, o filho mais novo do casal, subiu ao palco para cantar Vienna, de Billy Joel, ao lado de seu pai e irmão, levando o público à loucura em uma incrível mistura de todos os sentimentos que permearam o festival: felicidade, dor, amor. Durante as quase três horas de evento, Andreas diversas vezes comentou sobre cuidados paliativos para casos terminais de câncer e transformou sua dor em palavras para aumentar a consciência coletiva em relação ao tema além de a todo tempo ressaltar que aquele era um dia feliz, e foi mesmo. 

O Patfest conseguiu magistralmente homenagear a memória de Patricia Kisser ao mesmo tempo que discutiu temas importantes colocados em foco pelo movimento “Mãetricia”, forma carinhosa como muitos se referem à Patrícia, e que podem ser acompanhados através do perfil no Instagram @movimentomaetricia Movimento que objetiva discutir sobre morte digna. Em homenagem a Patricia Perissinotto Kisser, esposa de Andreas Kisser” e pelo site www.movimentomaetricia.org

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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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