Simple Minds em São Paulo: Um encontro entre gerações, nostalgia, emoção e uma pitada de ‘Don’t you (Forget about…this night)’ -

Em uma noite carregada de memórias, o Simple Minds fez o tempo voltar e emocionou fãs com hinos que atravessaram gerações.

No último domingo (04), após doze anos desde sua última apresentação no Brasil, o Simple Minds esteve no palco do Espaço Unimed, em show produzido pela Mercury Concerts. A apresentação fez parte da turnê Alive & Kicking 25. Além da capital paulista, os escoceses também se apresentariam no Rio de Janeiro, mas o show precisou ser cancelado por questões logísticas relacionadas à apresentação de Lady Gaga, marcada para o mesmo dia.

Formada no final da década de 1970 em Glasgow, na Escócia, o Simple Minds é conhecido por seu som que mistura rock, new wave e synthpop, e por hits que marcaram os anos 1980, como “Don’t You (Forget About Me)”, imortalizada no filme Clube dos Cinco (1985). Liderada pelo vocalista Jim Kerr, a banda passou por diversas formações ao longo dos anos, mas manteve-se ativa com uma carreira sólida, influente e marcada por turnês globais.

Além do vocalista e do guitarrista Charlie Burchill, membro cofundador da banda, o Simple Minds conta com uma formação atual composta por músicos talentosos: Cherisse Osei (bateria), Gordy Goudie (guitarra adicional), Ged Grimes (baixo), Erik Ljunggren (teclados) e Sarah Brown (backing vocal) — esta última carinhosamente chamada por Kerr de “Our Queen”, ou “Nossa Rainha”, em português.

O show, marcado para às 20h, começou pontualmente e sem grandes cerimônias — nada de cortina ou suspense. A banda simplesmente subiu ao palco, se posicionou e deu início a noite com a poderosa “Waterfront”. Uma das características mais marcantes de Jim Kerr é sua simpatia e disposição, algo que ficou evidente ao longo das quase duas horas de apresentação. Ele interagiu com o público diversas vezes, inclusive em português — ainda em “Waterfront”, saudou a plateia com um caloroso “Boa noite, São Paulo”, pediu por palmas e perguntou se o público estava pronto, o público prontamente respondeu vibrando muito.

Em “The Signal and the Noise”, faixa do álbum “Walk Between Worlds”, lançado em 2018, o Simple Minds promove um retorno marcante à sonoridade que consagrou seus primeiros anos de carreira, mesclando com maestria o rock alternativo às influências da música eletrônica. Logo nos primeiros acordes, os sintetizadores ganham destaque, acompanhados por camadas de efeitos eletrônicos que constroem uma atmosfera densa e envolvente. Essa fusão sonora resgata a essência da banda e oferece uma experiência nostálgica e poderosa — especialmente para os fãs que acompanham sua trajetória desde os primórdios.

E por falar em acompanhar a trajetória de uma banda que está na ativa há mais de 50 anos, o que se percebeu no Espaço Unimed foi um verdadeiro encontro de gerações. O público, em sua maioria composto por veteranos, teve a oportunidade de desfrutar de um ambiente que também contava com uma presença jovem. Embora os mais novos não compartilhassem da mesma nostalgia que os demais, todos estavam unidos por um interesse comum: o rock alternativo e marcante dos anos 80.

Em “She Is a River”, o público retomou o alto astral do início do show, após algumas canções anteriores que provocaram uma reação mais contida. Foi também nesse momento que a banda deu espaço para uma performance solo da baterista Cherisse Osei, que arrancou aplausos entusiasmados e foi amplamente aclamada pela plateia. Seguida por “Once Upon a Time”, faixa-título do álbum de mesmo nome, Jim apresenta todos os músicos ao público e é neste momento que ele menciona com carinho que Sarah Brown é uma rainha para eles.

Ao anunciar “All the Things She Said”, o público foi à loucura, transformando o Espaço Unimed em uma verdadeira pista de dança — como aquelas cenas icônicas dos filmes clássicos dos anos 80. A plateia se entregou por completo ao ritmo contagiante, às batidas marcantes e até aos passinhos coreografados. Com a energia da casa já em alta, a banda aproveitou o embalo para emendar um de seus maiores sucessos — e também uma das músicas mais aguardadas da noite.

“Don’t You (Forget About Me)” chegou de forma arrebatadora, levando o público ao delírio. A plateia inteira cantava, dançava e, ao mesmo tempo, registrava o momento com celulares erguidos, criando uma atmosfera de pura celebração. Durante o icônico trecho do “la, la, la”, Jim Kerr aproveitou para brincar com a multidão, incentivando todos a cantarem em diferentes idiomas: “Agora em francês!”, “Em italiano!”, “Em japonês!” — e assim foi improvisando, entre risos. Do alto do palco, ele dançava e se divertia com a resposta calorosa do público, em uma interação leve e carismática que tornou o momento ainda mais especial.

Em reta final, após se despedirem do palco sob uma onda de aplausos, a banda retornou para um aguardado encore com quatro músicas, mantendo o público em êxtase até os momentos finais. Um dos pontos altos desse retorno foi a execução de “Dolphins”, faixa que proporcionou um momento mais introspectivo e delicado. Sentado no palco, Jim deixou o protagonismo vocal nas mãos de Sarah Brown, cuja performance técnica e emocional foi impecável. Sua voz preencheu o espaço com suavidade e potência, sendo amplamente ovacionada pela plateia.

Na sequência, a banda retomou o clima vibrante do show com três de seus maiores hinos: “Someone Somewhere in Summertime”, “Alive and Kicking” e “Sanctify Yourself” – que foram recebidas com entusiasmo arrebatador, com o público cantando em uníssono, dançando e celebrando cada verso como se fosse o último. Essas canções, que ajudaram a consolidar a identidade sonora do Simple Minds, fecharam o espetáculo de forma apoteótica, reafirmando o impacto duradouro da banda e deixando uma lembrança inesquecível para todos que estiveram presentes.