Exodus celebra 40 anos de “Bonded by Blood” em noite de pura destruição no Carioca Club

Fotos por André Santos (@andresantos_mnp)

Quarenta anos separam o lançamento de Bonded by Blood de sua celebração em um Carioca Club completamente tomado por fãs. Mas o tempo, na verdade, pareceu nunca ter passado para o Exodus. Com Rob Dukes de volta ao comando dos vocais, Gary Holt liderando a tropa com sua guitarra cortante e a bateria inconfundível de Tom Hunting marcando o ritmo da violência, o grupo californiano mostrou, mais uma vez, por que é uma das bandas mais regulares e intensas do thrash metal.

A promessa era simples: tocar Bonded by Blood na íntegra. O resultado foi uma aula de energia, suor e brutalidade em uma noite que reafirmou a devoção do público brasileiro ao gênero e à banda.

Throw Me to the Wolves – A abertura com o peso nacional

Antes que o Exodus tomasse o palco, os paulistanos do Throw Me to the Wolves aqueceram o público com um set consistente baseado em seu álbum de estreia, Days of Retribution. Apesar do som irregular, a bateria de Maycon Avelino por vezes encobria os riffs de Gui Calegari e do estreante Fabrício Fernandes, a banda conseguiu manter a atenção da plateia com sua mistura de death metal melódico e pitadas de metalcore.

Faixas como “Chaos” e “Tartarus” mostraram o potencial do grupo, e “Gates of Oblivion”, com direito a solo de baixo de Fabio Fulini, trouxe um dos momentos mais marcantes da performance. A execução de “Gaia” encerrou o set de 40 minutos com boa receptividade do público, que já se aglomerava para o que viria a seguir.

Exodus – A força de “Bonded by Blood” e a presença brasileira

Poucos minutos antes das 21h, os alto-falantes do Carioca Club ecoaram as falas inconfundíveis de Paul Baloff, extraídas do clássico Another Lesson in Violence (1997). O tributo ao falecido vocalista preparou o terreno para a entrada triunfal do Exodus, pontual e sem rodeios.

A abertura com “Bonded by Blood” foi explosiva. Os primeiros riffs de Gary Holt soaram como um trovão, imediatamente seguidos por “Exodus”, quando o público, que mal tinha espaço para se mover, transformou a pista num verdadeiro campo de batalha. A vibração era tamanha que, em certo momento, um membro da equipe técnica precisou pedir calma e reforço à segurança da casa, tamanha a intensidade do mosh.

Dukes, de volta ao posto após quase uma década fora da banda, mostrou-se em plena forma. Comandou o público com autoridade e carisma, sem economizar no peso ou na brutalidade. “And Then There Were None” veio na sequência, mantendo a energia no auge, e “A Lesson in Violence” fez jus ao nome, foi estopim para uma nova onda de empurra-empurra e rodas insanas.

Na sequência, “Metal Command” trouxe um momento especial. Entre os gritos do público, Dukes dedicou a faixa à memória de Baloff e aproveitou para apresentar o baixista temporário Steve Brogden, técnico de guitarra de Holt, que assumiu o instrumento após a ausência inesperada de Jack Gibson.

A execução do lado A do disco fluiu sem interrupções, até que Gary Holt tomou o microfone para explicar a ausência de Gibson e convidar o brasileiro Gerson Polo, do tributo oficial Funeral Blood, para assumir o baixo na segunda metade do show.

Polo subiu ao palco sob aplausos e mostrou segurança desde o primeiro acorde de “Iconoclasm”, do álbum The Atrocity Exhibition: Exhibit A (2007). A faixa, mais cadenciada e complexa, trouxe um breve respiro antes de “Blacklist”, que reacendeu o caos. A música, tida como um “clássico moderno” do Exodus, provocou uma reação imediata, um mar de cabeças se movendo em sincronia aos riffs pesados.

“Fabulous Disaster”, faixa-título do álbum de 1989, seguiu elevando a temperatura e mostrando a habilidade ímpar de Holt e Lee Altus na troca de riffs e solos precisos.

Com “No Love”, a banda retomou Bonded by Blood em clima quase solene. Gary Holt iniciou a música com um dedilhado limpo e melancólico antes de mergulhar novamente na fúria do thrash. Rob Dukes brincou com o público em um momento “Freddie Mercury”, fazendo a plateia repetir seus gritos antes do riff principal explodir em uníssono.

Em “Deliver Us to Evil”, o duelo entre Holt e Altus foi um espetáculo à parte, encerrando a participação de Gerson Polo no baixo.

Na sequência, Steve Brogden retornou ao palco para “Piranha”, que incendiou a pista mais uma vez, e contou com a participação de Fabio Seterval, vocalista do Funeral Blood, dividindo o microfone com Dukes. A presença brasileira reforçou o laço emocional entre o Exodus e o público local, que acompanhou cada verso como se fosse o último.

A reta final trouxe “Brain Dead”, do álbum Pleasures of the Flesh (1987), e a poderosa “Impaler”, uma faixa originalmente escrita para Bonded by Blood, mas engavetada após um certo riff ser reaproveitado por outra banda bem conhecida: o Metallica.

Antes do encerramento, Holt ainda provocou o público com trechos de “Raining Blood” (Slayer) e “Motorbreath” (Metallica), arrancando gargalhadas e gritos. Mas foi “The Toxic Waltz” quem realmente transformou o Carioca Club em um redemoinho humano. A música, um dos maiores hinos do thrash, provocou o mosh mais insano da noite.

Com “Strike of the Beast”, o Exodus encerrou a apresentação com um wall of death devastador, cumprindo a promessa de tocar todo Bonded by Blood e deixando a plateia exausta, suada e plenamente satisfeita.

O que se viu no Carioca Club foi mais do que um show: foi um testemunho da vitalidade de uma banda que se recusa a envelhecer. Entre substituições improvisadas, homenagens sinceras e uma entrega absurda, o Exodus provou que o thrash metal ainda é uma força de resistência.

Setlist – Throw Me to the Wolves – 09/10/2025 – Carioca Club:

  1. Chaos
  2. Tartarus
  3. Days of Retribution
  4. Fragments
  5. Awakening My Demons
  6. Gates of Oblivion
  7. An Hour of Wolves
  8. Gaia

Setlist – Exodus – 09/10/2025 – Carioca Club:

  1. Bonded by Blood
  2. Exodus
  3. And Then There Were None
  4. A Lesson in Violence
  5. Metal Command
  6. Iconoclasm
  7. Blacklist
  8. Fabulous Disaster
  9. No Love
  10. Deliver Us to Evil
  11. Piranha
  12. Brain Dead
  13. Impaler
  14. The Toxic Waltz
  15. Strike of the Beast
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