The Amity Affliction incendeia São Paulo em reencontro emocionante e catártico com público brasileiro

Texto por Melissa Buzzatto e Fotos por Gustavo Diakov

A banda australiana The Amity Affliction fez seu aguardado retorno ao Brasil no último domingo (6), em um show explosivo e emocional no Carioca Club, em São Paulo. Com setlist recheada de hits e muita interação com os fãs, o grupo provou por que ainda tem tanto a dizer — e prometeram voltar em breve.

No último domingo, 6 de abril, o Carioca Club foi palco de um reencontro carregado de emoção e gritos: a banda australiana The Amity Affliction finalmente retornou ao Brasil, após sete anos de ausência. A chuva fina e o friozinho típico de um começo de outono em São Paulo foram apenas o pano de fundo para um dos shows mais intensos e emotivos que passaram pela capital nos últimos tempos — e olha que nem teve banda de abertura para aquecer os motores.

Mas quem disse que precisou? Desde os primeiros minutos, já era possível sentir o chão tremer, não só pela potência sonora do quarteto australiano, mas principalmente pela entrega de um público fiel, apaixonado e que parecia se reencontrar com velhos amigos — tanto no palco quanto entre si. Era visível: esse show não era só uma atração internacional a mais na agenda paulistana – que está cheia de nomes imperdíveis em 2025; era um evento de conexão profunda.

Formada no início dos anos 2000 em Gympie, Queensland, The Amity Affliction construiu sua identidade misturando post-hardcore e metalcore com letras que falam abertamente sobre dor, luto, depressão e vulnerabilidade. Desde o início, sua proposta não era só musical — era emocional. E isso ficou claro em cada olhar, cada grito e cada verso entoado em uníssono pela plateia do Carioca Club.

Reencontro com o Brasil

“Desculpem por ter demorado tanto pra voltar”, disse Joel Birch, vocalista da banda, em um dos muitos momentos em que interagiu com o público, visivelmente comovido com a recepção calorosa. Foi apenas a segunda vez que o grupo se apresentou no Brasil, sendo a primeira em 2017. O reencontro, portanto, carregava consigo o peso da expectativa (uma nova formação) e uma espera longa — e foi celebrado com a intensidade que só os fãs mais devotos sabem demonstrar.

O público era majoritariamente composto por grupos de amigos, muitos dos quais cantavam juntos como se cada verso fosse uma confidência compartilhada, uma memória em comum. Essa atmosfera de irmandade e identificação coletiva fez do show algo como uma celebração de resistência emocional. 

Um show direto ao ponto — e ao coração

Sem banda de abertura, The Amity Affliction subiu ao palco pontualmente e foi direto ao ponto. A primeira paulada veio com “Pittsburgh”, e a casa já explodiu em pulos, gritos e mosh pits que não cessaram até o bis. O equilíbrio entre os vocais guturais (mas limpos) de Joel Birch e os melódicos de Jonny Reeves, também baixista da banda, trouxe o peso emocional necessário para cada faixa. O baterista Joe Longobardi também mostrou seu talento, enquanto Dan Brown segurava as pontas na guitarra com precisão cirúrgica.

A setlist passeou pelos discos mais recentes da banda, com destaque para “Don’t Lean on Me”, “Drag the Lake” e “I See Dead People”, além do hino melancólico “My Father’s Son”, em que fãs erguiam os braços e batiam palmas sem parar. A faixa, que trata da relação de Joel com seu pai alcoólatra, foi um dos pontos altos da noite — e provou que, mesmo com tanta dor envolvida, há beleza na vulnerabilidade. Outro momento marcante foi a performance de “All That I Remember”, música inédita ao vivo, tocada pela primeira vez no Brasil.

O show teve uma duração relativamente curta — foram 15 músicas — mas a intensidade foi tamanha que ninguém pareceu sair com a sensação de “faltou algo”. Ainda assim, o sentimento de “quero mais” estava no ar. Birch prometeu voltar em breve, e a esperança foi plantada nos corações dos fãs que saíram do Carioca Club de alma lavada.

No final da apresentação, uma cena que vai ficar na memória: Joel Birch segurando e vestindo com carinho uma bandeira do Brasil personalizada com o logo da banda, entregue por um fã-clube brasileiro.

Quando a música vira laço

Talvez o que mais tenha marcado esse show do The Amity Affliction foi justamente o sentimento de familiaridade que pairava no ar. Mais do que uma banda, eles se comportam como amigos íntimos que compartilham dores, superações e momentos de luz. Suas letras não são apenas composições — são desabafos. E os fãs, ao cantarem com fervor cada verso, respondem: “eu também sinto isso”.

Em um domingo chuvoso e frio, a banda australiana foi capaz de transformar o Carioca Club em abrigo emocional. Entre gritos, lágrimas e abraços, provaram que sua mensagem, após mais de duas décadas na ativa, segue relevante, poderosa e — principalmente — necessária. A mensagem final que fica é: apesar de todas as tempestades que a vida impõe, ninguém precisa enfrentá-las sozinho. A música está aí, os amigos estão aí — e o The Amity Affliction também.

The Amity Affliction – Carioca Club – 06/04/25

Pittsburgh
Drag the Lake
The Weigh Down
Like Love
Don’t Lean on Me
Open Letter
All My Friends Are Dead
Chasing Ghosts
All that I Remember
Death’s Hand
I See Dead People
My Father’s Son
It’s Hell Down Here
Give it All

 Encore:
Soak Me in Bleach

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