“Keep Planting Flowers” do Stick To Your Guns é um grito de resistência e esperança no hardcore moderno
O Stick To Your Guns sempre teve um lugar especial no hardcore moderno. Desde o seu início em 2003, a banda não apenas fez barulho – eles criaram uma plataforma para mensagens de justiça social, resistência e crescimento pessoal. E com seu oitavo álbum, Keep Planting Flowers, eles mostram que estão longe de desacelerar. Pelo contrário, esse trabalho é uma declaração catártica que mistura peso, melodia e emoção em doses poderosas.
O álbum é produzido por Beau Burchell, um nome que já fala por si só. Desde a primeira faixa, “We All Die Anyway”, a intenção é clara: este é um convite para uma jornada intensa. A faixa abre com o som de uma pá cavando o solo – um simbolismo direto para o que está por vir: encarar nossos desafios mais profundos. E quando a banda entra em cena, você é tomado por gritos guturais e uma parede de som que parece te engolir. Jesse Barnett não economiza: ele canta sobre abraçar a coragem diante da mortalidade, uma temática que ecoa em todo o álbum.
Enquanto “We All Die Anyway” te acerta como um soco, outras faixas como “Severed Forever” exploram uma abordagem com mais camadas. Essa é uma das músicas que mais me chamou atenção, e ela grudou na cabeça por dias. A mistura de ritmos punk, breakdowns esmagadores e riffs poderosos tornam essa faixa quase hipnotizante, é viciante! E quando você pensa que a banda não pode superar isso, você encontra “Permanent Dark”. Aqui, o tom muda: é sombrio, introspectivo e explora temas de medo e desespero – um contraste que mostra a versatilidade emocional do álbum.
Mas o que realmente torna Keep Planting Flowers especial é a capacidade do Stick To Your Guns de misturar emoções intensas com uma sensação de unidade e esperança. As participações de Scott Vogel, do Terror, em “Who Needs Who”, onde aqui é a faixa mais curta e pesada do álbum, e temos Connie Sgarbossa, do SeeYouSpaceCowboy, em “H84U” são provas disso. São momentos que celebram a comunidade hardcore e reforçam a ideia de que esse gênero vai muito além de música – é um movimento.
A faixa-título, “Keep Planting Flowers”, talvez seja o ponto alto emocional do play. Ela consegue ser leve e intensa ao mesmo tempo, com guitarras etéreas e refrões que soam como um apelo à perseverança. E, fechando o álbum, “Eats Me Up” é a cereja no bolo – reflexiva, delicada e um encerramento perfeito para um álbum tão denso e impactante.
Outro detalhe que merece ser destacado são os elementos atmosféricos espalhados pelo álbum. Sons de chuva, vento e oceanos criam uma ligação entre as faixas e reforçam a ideia de plantar beleza mesmo em tempos difíceis. Esses momentos de pausa contrastam com a energia implacável de faixas como “Spineless” e ajudam a criar uma narrativa sonora coesa e significativa.
No final das contas, Keep Planting Flowers é mais do que um álbum de hardcore. Ele é um grito por resiliência em um mundo tão cheio de divisões e desesperança. Stick To Your Guns nos lembra de que sempre há espaço para crescer, para florescer novamente, mesmo quando tudo parece perdido. Já é o meu favorito de 2025 e o ano nem começou ainda. Este é um álbum que não apenas vai agradar os fãs do gênero, mas também inspirar quem busca significado em meio ao caos. Um lembrete poderoso de que, mesmo na escuridão, é possível encontrar luz.
- We All Die Anyway
- Spineless
- Permanent Dark
- Invisible Rain
- Severed Forever
- More Than A Witness
- Keep Planting Flowers
- Eats Me Up
- Who Needs Who feat. Scott Vogel (Terror)
- H84U feat. Connie Sgarbossa (SeeYouSpaceCowboy)