Infected Rain – São Paulo – 03/11/2024

Monstros do Metal Alternativo da Moldávia entregam show curto, mas muito acima da média em noite chuvosa e com público bem reduzido.

Texto por Fernando Queiroz (@fer_nando_nw) e Fotos por Tamira Ferreira (@tamira.ferreira)

Pela primeira vez no país, e no continente, o Infected Rain, notável nome do metal alternativo moderno, capitaneados pela carismática vocalista Lena Scissorhands, não se intimidaram pelo pouco público e trouxeram ao público brasileiro uma apresentação curta, de apenas uma hora, mas muito competente, com ótimo som, iluminação, e uma demonstração fantástica de interação e controle total da plateia.

Chuva, concorrência e mês abarrotado de shows afastam público, fato que podia ser notado já na entrada:

Num domingo, com as portas da casa previstas para abrir às 18h30, e shows da primeira banda de abertura programado para às 19h, seria normal já haver filas, maiores ou menores, algumas horas antes. Bem, não era o caso. Por volta das 17h, algumas poucas pessoas, menos de dez, estavam em frente ao Fabrique Club – se escondendo da chuva, fosse em frente à casa, ou nos bares do outro lado da rua. A chuva, aliás, pouco deu trégua – não parou até depois do show já começado. Pontualmente, as portas se abriram, e os presentes não enfrentaram espera para entrar na casa. Havia ainda meia hora de espera para a primeira banda entrar no palco.

Primeira banda da noite, Throw Me To The Wolves não desapontou, e mostrou competência de seus músicos ao vivo:

Praticamente pontualmente, às 19h, os brasileiros do Throw Me To The Wolves entraram no palco, trazendo seu “Melodic Death Metal” – como eles se denominam com muita energia e comprometimento com o público. Claramente dedicados em entregar o melhor, em seus quarenta e cinco minutos de shows, os paulistanos mostraram ser músicos de primeira linha, com um som pesado, técnico, e difícil de ser tocado, o que prova o ótimo entrosamento dos integrantes, que interagiram muito bem mesmo com o palco um pouco diminuto, típico de bandas de abertura. Vale a pena, aliás, conhecer a música deles, especialmente se tiver a oportunidade de vê-los ao vivo.

There’s No Face destoa do contexto da noite, e faz apresentação fora de lugar para seu tipo de som:

Depois de um curto intervalo de menos de quinze minutos após o fim da apresentação anterior, a banda de metalcore/emo Theresnoface entrou também praticamente pontualmente às 20h no palco, e causou um pouco de confusão no público. Seu som de instrumental pesado, vocal gutural, mas misturando com outro vocalista cantando limpo, com uma voz de timbre adolescente e chorosa na linha de bandas como o Glória, sem dúvidas tem seu público e sua cena, mas definitivamente estavam no lugar errado. Suas letras emotivas em português, em cima de um instrumental pesado, com breakdowns causaram estranheza e não agradaram os presentes. Claramente se tratam de músicos excelentes, pois estavam totalmente encaixados no palco, e muito bem ensaiados, mas infelizmente estavam no lugar errado, na hora errada.

Atração principal, Infected Rain tem pouco tempo de palco, mas entrega o que se esperava: um Metal pesado, moderno, e performances individuais e coletiva primorosas:

Diretamente da Moldávia, pequeno e relativamente desconhecido país no leste europeu, entre a Romênia e a Ucrânia, cujo idioma oficial é o romeno, o Infected Rain é, sem dúvidas, o nome mais proeminente do metal local. Embora não ainda um nome entre os gigantes do gênero, é um fato que já se tornou uma banda solidificada no cenário, então, o que se poderia esperar não seria nada menos que um show de alto nível. Foi o que recebemos.

Um enorme elogio, sempre, à pontualidade, não? Embora os horários possam não ter sido os melhores, especialmente para um domingo, eles foram todos respeitados. Pontualmente, novamente, às 21h a introdução foi tocada, e logo, com toda a energia possível, a banda entrou com uma pedrada, a pesada The Realm Of Chaos. Os guturais de Lena muito afiados, bangeando com seus belos e tradicionais dreadlocks, assim como toda a banda, todos muito animados no palco, e claramente felizes com a sua primeira vinda à América do Sul – embora muitos shows em outros países do continente terem sido cancelados por conta de vistos e burocracias do tipo. Após aquele clássico agradecimento e “boa noite” em português, seguiu-se Pandemonium, uma faixa também bem pesada, embora mais palatável, onde começa-se com vocais melódicos. Aqui, tivemos alguns problemas no começo, com os vocais um pouco baixos no começo, contrastando com os perfeitamente audíveis guturais. Isso foi relativamente logo resolvidos, e na metade da canção, já se ouvia bem melhor as vozes limpas. Como de costume, após essa, a vocalista fez alguns pronunciamentos e interagiu com o público, falando palavras em português, e anunciando a próxima música, Vivarium, que foi seguida de Fighter, The Answer Is You e Orphan Souls.

Lena domina o público, controla o show, e os demais membros não ficam atrás! O show vai além de música, é interação:

Sempre com muito carisma, e um controle incrível de seu público, Lena era realmente a condutora! Uma frontwoman muito simpática, o que contrasta de forma muito legal com sua aparência agressiva e vocais nervosos. Não apenas ela, mas o guitarrista Vidick Ojov com seus dreads longos e grossos e a baixista italiana Alice Lane conseguem se destacar muito no palco. Em determinado momento, demonstrando seu domínio da plateia, mandou todos sentarem – todos obedeceram! Logo, soltou um grito, e todos levantaram, gritaram e balançaram as cabeças. The Earth Mantra, Dying Light e Never To Return “encerraram” o show, e a banda saiu do palco, sob gritos entusiasmados de “Infected Rain” por todos. Claro, tivemos o bis! A banda voltou, e Lena sentou-se no retorno, conversando um bocado com o público. Logo, tocaram Because I Let You e, para a surpresa de todos, encerraram o show com Sweet, Sweet Lies, contando exatamente uma hora de show. Muito pouco, eu diria, para uma apresentação desse porte, de um artista internacional, especialmente pela primeira vez no país.

Que venham outros, e que sejam com setlist completo:

Essa breve demonstração da capacidade, competência, e maestria em lidar com o público, apesar de muito boa, memorável até, deixa um gosto de ‘quero mais’, e apenas uma hora de show não foi suficiente para termos uma experiência completa do que a banda tem a oferecer. Em ocasiões melhores, em um mês menos lotado de shows – grandes e pequenos -, sem dúvidas teremos a experiência que queremos e que não só nós merecemos, mas a banda merece fazer, com um público maior. Esperamos uma volta não tão distante dos moldavos, pois esse show nos mostrou se tratar de uma banda que deve ser vista ao vivo!

INFECTED RAIN:

Lena Scissorhands – Vocais

Vadim “Vidick” Ojog – Guitarra

Alice Lane – Baixo

Eugen Voluta – Bateria

SET-LIST:

A SECOND OR A THOUSAND YEARS(INTRO – Playback)

The Realm of Chaos

PANDEMONIUM

VIVARIUM

Fighter

THE ANSWER IS YOU

Orphan Soul

The Earth Mantra

DYING LIGHT

NEVER TO RETURN

Encore:

BECAUSE I LET YOU

Sweet, Sweet Lies

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