Headliner do Palco Sunset no Rock in Rio, Bullet for my Valentine retorna a capital paulista para um show memorável.

Texto: Bruno Santos

Fotos: Gustavo Diakov

Agradecimentos: Move Concerts e Midiorama

Sábado, noite fria em São Paulo. Pontualmente ás 20:00, foi realizada a abertura para o público geral. Não demorou muito para que a pista e o camarote da Audio ficassem cheios, prova de que o anseio era grande por parte de todos os fãs. 

Como de costume, uma discotecagem foi iniciada enquanto a equipe técnica da banda realizava a passagem de som. A playlist escolhida foi certeira para aquecer o público, composta por hits como: Afterlife –  Avenged Sevenfold, One Step Closer –  Linkin Park, Chop Suey! – System of a Down, Blind – Korn e  Duality – Slipknot. Nostalgia para quem frequentou as noites da antiga LedSlay. A galera cantava cada refrão em alto e bom som, mostrando que a recepção para o Bullet seria fervorosa. 

A música para, as luzes se apagam e “O Fortuna” de Carl Orff é executada. O Clássico de 1975 muda toda a atmosfera do ambiente, com sopranos que orquestram algo épico (e destruidor) que está por vir. Gritos ensurdecedores de “Bullet! Bullet! Bullet!” são amostra da incrível recepção que os músicos terão durante toda a noite. O baterista Jason Bowld sobe ao palco, seguido de Michael Paget (guitarra) e Jamie Mathias (baixo). 

O trio da início a “Your Betrayed”, do álbum “Fever”, lançado em 2010. A base das cordas segue o mesmo ritmo da bateria, dando um ar de suspense, até que por fim, Matt Tuck faz sua entrada e é ovacionado por todos. O frontman aguarda os fãs cantarem a primeira frase da música e segue mostrando como após muitos anos, continua com sua voz impecável. A recepção do público é de uma energia surreal, com todos cantando, gritando e pulando. 

Sem pausa para respirar, a emblemática “Waking the Demon” vem na sequência e uma grande roda se forma já nos segundos iniciais. Uma das mais aguardadas da noite, intensifica a energia da platéia, tendo como junção perfeita riffs rápidos e pedais duplos intensos. Uma pausa dramática é dada e Matt pede para que a roda seja aberta novamente, preparando o terreno para o solo matador que está por vir. Com essas duas músicas abrindo a noite, os caras mostram que ainda tem muito gás pós Rock in Rio. “Piece of me”, do penúltimo álbum de estúdio entitulado “Gravity”, lançado em 2018, traz novos ares. A música soa mais “moderna” que as anteriores, com beatdowns e maior quantidade de breakdowns, elementos de Djent e também resgata características do Emo. Enquanto todos cantam em sincronia um coro de “Woah, oh, woah, oh, oh, oh”, o vocalista cita frases lentas, demonstrando uma tranquilidade que repentinamente é quebrada e retoma o feeling anterior.

Dando início as canções do último trabalho, de 2021, em que os músicos decidiram dar o nome de “Bullet for my Valentine”, com a justificativa de que estariam resgatando a essência da banda, “Knives” nos apresenta uma composição madura. Densa, com muito groove e influências de Machine Head, é direta, um verdadeiro “soco na cara”. Destaque para os backing vocals do baixista, Mathias, que desde sua entrada em 2015, está fazendo um excelente trabalho. No término, gritos de “Hand of Blood! Hand of Blood!” começam a tomar grande proporção. Os músicos se olham, inicialmente Matt faz parecer que não irão atender o pedido, dizendo que o setlist está repleto de outros clássicos. Por fim, deixa em aberto, aumentando ainda mais a esperança dos fãs de longa data. Em breve discurso, cita a ótima experiência que tiveram tocando pela primeira vez no Rock in rio. Questiona se alguém esteve presente no show e agradece aos que se manifestaram.

E óbvio, o frontman não estava mentindo sobre os clássicos. “The Last Fight” leva a banda de volta aos anos 2000, com bases, riffs e licks de bateria típicos do Heavy Metal, atrelados a frases e refrões de Metalcore. Paget inicia arranjos de guitarra crus, nos apresentando “Rainbow Veins”, mais uma do novo trabalho. Vale citar novamente o trabalho maduro que a banda fez em seu último trabalho, que por sua vez, nessa música, mescla entre um clima “morno” e pegadas progressivas com muito peso. Matt agradece toda a ótima recepção que o público está dando ao novo álbum e anuncia  “4 Words (To Choke Upon)”, do debut: “The Poison” de 2005. Mantendo a mesma fórmula de trabalhos seguintes, a dupla veterana de guitarristas distribui harmônicos pesados e solos afiadíssimos. 

O coro de “You Want a Battle? (Here’s a War)” inicia um dos momentos mais marcantes da noite. Hit do álbum “Venom”, de 2015, tem forte participação dos fãs em seu refrão e em seu encerramento, com Mathias orquestrando o público a todo momento, que seguiu em total sincronia com o baixista. O músico segue mostrando sua ótima performance em “All These Things I Hate (Revolve Around Me)”, canção em que domina boa parte dos vocais. O mesmo fica impressionado com a interação do público e da espaço para a crowd cantar um dos refrões sozinha, em um dos momentos mais emocionantes da apresentação. “Over It” encerra a primeira parte do show, que ao meio de momentos de muita energia, não fez a galera evitar em pular em boa parta da música. 

Uma breve pausa é dada. Aos poucos, um take angustiante vai se intensificando, dando introdução a poderosa “Shatter”, que traz guitarras em afinação baixa com riffs e bases groovadas, em junção com frases lentas que nos preparam para guturais graves e rasgados. Paget executa um solo de guitarra que, unido aos pedais duplos contínuos de Jason, fazem a galera do mosh abrir uma roda na pista, enquanto os que estão de fora se unem a banda em mais um coro impecável, fechando com maestria a pequena amostra do excelente trabalho realizado em seu self-titled.

Chega o momento mais aguardado e também, mais emocionante do show. “Tears Don’t Fall”, considerado por muitos, o hino do Bullet for my Valentine, se inicia. Bastou o primeiro acorde, para que todos gritassem de felicidade. A platéia não parou de cantar nem por um segundo sequer, principalmente nos refrões que marcaram toda uma geração de fãs de Emo e Metalcore. Em meu primeiro show da banda, tive uma incrível sensação de nostalgia, como se por um momento, tivesse voltado a minha adolescência e, acredito que muitos sentiram o mesmo ou, algo parecido. Foi emocionante, um momento que vai ficar marcado para sempre na memória de muitos. Os pedidos para que “Hand of Blood” seja tocada retornam, mas, assim como em “The Poison”, a apresentação segue com a clássica “Suffocating Under Words of Sorrow (What I Can do).  Aproveitando o ritmo de “festa” deixado pela música, que é direta e progressiva, um dos roadies é homenageado por seu aniversário, aos gritos de “Happy Birthday to you” e com um brinde regado de doses de Whisky.  

Matt Tuck anuncia que será tocada apenas mais uma música. Faixa título do álbum de 2008, “Scream Aim Fire” é a escolhida para fechar o setlist, assim como no show da noite anterior. “Scream to me, baby!”, são as palavras proferidas  para iniciar a destruição que está por vir. Assim como a banda, a platéia ainda tem muito gás para tal música que carrega todas as principais características  de peso essenciais do Bullet: bateria progressiva e contínua, riffs rápidos e agudos, guturais graves e rasgados, backing vocals poderosos, frases e refrões melódicos, solo de guitarra com muita técnica e breakdowns indispensáveis no Metalcore. “One last chance… one last breakdown… let’s go!” são palavras que dizem que é o último momento para representar no moshpit. A roda já estava aberta e todos fizeram jus ao pedido do vocalista. 

Parecia ser realmente o final da apresentação, até que os músicos se olham e surpreendem atendendo ao maior pedido da noite: “Hand of Blood” é anunciada, a banda é ovacionada e todos vão a loucura! Assim como em sua passagem em 2019, a banda presenteia os fãs paulistanos com um de seus maiores sucessos. A energia da platéia foi a mesma do início do show, intensa, fervorosa, animal! Desde aos que estavam cantando aos que estavam no moshpit, que chegou ao ápice. Os músicos encerram o show distribuindo palhetas, baquetas e setlists. Estava estampado no rosto de cada um deles a alegria e satisfação após uma incrível recepção dos fãs brasileiros. Entregaram um verdadeiro espetáculo, com músicas de toda sua carreira, que agradaram todas as gerações ali presentes. 

Há muito tempo eu não presenciava uma crowd tão fiel às músicas, tão intensa do começo ao fim. A banda entregou o melhor de si, com muita energia, competência e maestria. A interação com os fãs é algo de se admirar e o Bullet for my Valentine se dedica ao máximo em tal quesito, de forma que, dos que estão na grade aos que estão mais distantes do palco, se sintam especiais. Em certo momento do show, Michael Paget interagiu comigo, gesticulando como se estivesse de olho em mim. Respondi com uma careta e o guitarrista quase não segura a gargalhada. E tenho certeza que não foi apenas comigo, outras pessoas tiveram experiências parecidas e isso nos marca para sempre. Sem dúvidas, a banda deseja retornar ao país, pois assim como eles, nossa interação e recepção também foram incríveis.

Setlist:

1. Your Betrayed 

2.Waking the Demon

3.Piece of Me

4. Knives

5. The Last Fight

6. Rainbow Veins

7.4 Words (To Choke Upon)

8. You Want a Battle? (Here’s a War)

9. All These Things I Hate (Revolve Around Me)

10. Over It

11.Shatter

12. Tears Don’t Fall

13. Suffocating Under Words of Sorrow (What Can I Do)

14. Scream Aim Fire

15. Hand of Blood

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Bullet For My Valentine
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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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One Comment on “Headliner do Palco Sunset no Rock in Rio, Bullet for my Valentine retorna a capital paulista para um show memorável.”

  1. Cara, suas fotos ficaram incriveis. Eu estiver tanto no Rock in Rio como no show em São Paulo, acompanho o Bullet há pelo menos metade da minha vida e já fui a 5 shows deles e eles são incriveis no palco, a entrega deles, o carinho… E como os brasileiros gostam deles. Espero ir a mais mil shows deles, porque sempre que eles vem eu estou lá. Amei seu post, como fã eu fico muito feliz com reviews como essas.

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