Satyricon retorna triunfante ao Brasil, entregando uma noite intensa e inesquecível para os fãs de black metal, repleta de clássicos e momentos emocionantes.
Texto por Guilmer Silva @(guilmer_metal) e Fotos por Isis Trindade (@isistrindadephotos)
Os noruegueses do Satyricon, após sete anos, finalmente se apresentaram em terras brasileiras. A banda ficou em um hiato de cinco anos sem realizar turnês (2019-2024), devido às bandas paralelas dos integrantes, como Frost, que também toca no 1349. A produtora responsável pela vinda deles é a Estética Torta, que nos últimos anos trouxe diversas bandas, alegrando o público brasileiro.
No cenário gélido e sombrio da Noruega dos anos 90, quando o black metal ganhava vida como um manifesto musical e cultural, uma banda emergiu para desafiar os limites do estilo com uma abordagem única: Satyricon. Formada por Satyr e Frost, a dupla percorreu um caminho audacioso ao longo das últimas décadas, desafiando convenções e explorando novos territórios sonoros sem jamais perder a essência agressiva e introspectiva que define o gênero. Ao combinar atmosferas densas, lirismo provocador e uma entrega visceral em suas performances, o Satyricon consolidou-se como um dos grandes nomes do black metal e continua, até hoje, a expandir as fronteiras do estilo.
Com uma discografia que equilibra momentos de pura crueza e experimentação, o Satyricon é uma das poucas bandas que resistem ao teste do tempo, reinventando-se a cada álbum. Ao mergulharmos na trajetória da banda, é impossível não sentir o impacto que tiveram na cena, moldando tanto a sonoridade quanto o imaginário do black metal contemporâneo.
Às 20h30 em ponto, a abertura veio com a poderosa “To Your Brethren in the Dark”, presente no último lançamento da banda, “Deep Calleth Upon Deep” de 2017, seguida pela clássica e excelente “Nemesis Divina”, fazendo o público vibrar de alegria. O set da noite incluiu clássicos dos anos 2000 e trabalhos mais modernos. A ótima “Now, Diabolical” teve o refrão cantado por todos, um momento marcante da noite. Satyr, vocalista e líder da banda, mencionou as enérgicas apresentações em Bogotá e Santiago, desafiando o público paulistano a superar essas noites e oferecer o melhor show da turnê latino-americana. Ao que tudo indica, ele conseguiu.
A banda inteira estava com muita vontade de tocar. A dupla de guitarristas, Steinar “Azarak” Gundersen e Attila Vörös, não parava de banguear em nenhum momento, e Frost (1349) deu tudo de si na bateria. Em “Black Crow on a Tombstone”, fizeram todos os presentes cantar junto. O show seguiu forte com as faixas “Deep Calleth Upon Deep”, “Our World, It Rumbles Tonight” e a pesada “Repined Bastard Nation”.
Em “Walk the Path of Sorrow”, Satyr surpreendeu ao pegar a guitarra e mostrou seu lado guitarrista, no qual se destaca. Com três guitarras, a banda atingiu uma explosão de riffs. Sem deixar o excelente ritmo do show cair, tivemos a agressiva “Filthgrinder” e a contagiante “Die by My Hand”, acompanhada a plenos pulmões pelos fãs. Tivemos sorte, pois essa música não tocou no show do Chile.
Caminhando para o final do show, só vieram pedradas. A soturna “To the Mountains” deixou a audiência hipnotizada, seguida por uma das minhas favoritas, “The Pentagram Burns”. As caóticas “Fuel for Hatred” e “Mother North” emocionaram muita gente ali. Satyr pediu ao público para formar rodas de mosh pits, e uma horda de fãs enlouquecidos atendeu prontamente; o Carioca Club pegou fogo. A noite negra foi encerrada pela clássica “K.I.N.G.”.
Após um show de quase duas horas, a banda agradeceu em meio a gritos e aplausos. O espírito do black metal esteve presente nessa noite, celebrando um dos grandes shows de uma das maiores bandas do gênero na história.
Setlist Satyricon
To Your Brethren in the Dark
Nemesis Divina
Now, Diabolical
Black Crow on a Tombstone
Deep Calleth Upon Deep
Our World, It Rumbles Tonight
Repined Bastard Nation
Interlude
(Black Winds and Withering Gloom intro)
Black Wings and Withering Gloom
Hvite Krists død
Walk the Path of Sorrow
Filthgrinder
Die by My Hand
Encore:
To the Mountains
The Pentagram Burns
Fuel For Hatred
Mother North
K.I.N.G.