Imminence supera falhas técnicas e entrega show intenso e emocional em estreia em São Paulo

Em sua primeira passagem pelo Brasil, o Imminence enfrentou falhas técnicas, mas compensou com presença de palco, carisma e um setlist que uniu peso, emoção e participação fervorosa do público.

Fotos por Gabriel Eustáquio (@gabrieleustaquio)

Mesmo enfrentando uma série de problemas de som, o grupo sueco de metalcore Imminence fez uma estreia marcante no Brasil, na noite da última quinta-feira (25), no Carioca Club, em São Paulo. A apresentação, que faz parte da turnê “The Black Tour”, mostrou a força da banda liderada por Eddie Berg e a devoção de um público que não deixou o clima cair, mesmo diante das adversidades.

Kryour – Som técnico e coeso

A tarefa de abrir a noite ficou com os paulistanos do Kryour, e a escolha não poderia ter sido mais acertada. Fugindo da tradição dos eventos da Overload, que raramente contam com bandas de abertura, o quarteto mostrou em meia hora de show por que vem ganhando espaço na cena nacional. Com um som que transita entre metalcore, death metal e com toques progressivos, o grupo entregou uma performance segura e intensa. Canções como “Colorful” e “Anxiety”, do EP “Creatures Dwell in My Room” (2023), mostraram a maturidade crescente da banda e a habilidade em equilibrar brutalidade e melancolia. O público, que já lotava a pista do Carioca Club, respondeu com entusiasmo, formando os primeiros mosh pits da noite e transformando o aquecimento em um verdadeiro prelúdio da emoção que viria com o Imminence.

Imminence – Um início conturbado, mas cheio de energia

Logo nos primeiros minutos, ficou claro que o show não seria simples. O violino de Berg, instrumento que se tornou marca registrada do Imminence, foi recebido com gritos ensurdecedores quando apareceu no palco. Mas bastou o vocalista chamar “Temptation”, a faixa de abertura, para o primeiro contratempo surgir: o microfone praticamente não funcionava, deixando sua voz inaudível, mesmo assim as rodas de mosh já se formavam por toda a pista.

O público, no entanto, não hesitou em assumir o protagonismo, cantando cada verso como se transformasse o Carioca Club em um coral uníssono. A falha técnica se agravou em “Desolation”, obrigando a banda a interromper a música e tentar recomeçar. Enquanto os técnicos lutavam para resolver o problema, Berg manteve o clima leve, interagindo com a plateia com humor e simpatia, ainda que, por momentos, deixasse transparecer certa frustração.

O som começou a se estabilizar apenas durante “Heaven Shall Burn”, quando os graves e a bateria de Mike Noren ganharam peso e presença. A partir dali, o show come çou a engrenar, com a plateia completamente entregue.

Com “Beyond the Pale”, o Imminence encontrou equilíbrio entre o peso e as melodias etéreas que caracterizam “The Black”.“Death by a Thousand Cuts” marcou uma virada de atmosfera, mergulhando o público em um momento mais introspectivo, guiado pela interpretação visceral de Berg. O vocalista parecia exorcizar cada palavra, transformando a dor em catarse coletiva.

O bloco emocional seguiu com “Erase”, “Ghost” e “Infectious”, onde a plateia oscilava entre o canto emocionado e os movimentos mais intensos na pista. Mesmo com alguns deslizes no retorno e microfonia ocasional, a banda mostrou profissionalismo e não deixou o ritmo cair. No fim de “Infectious”, os músicos deixaram o palco brevemente, um respiro necessário antes da sequência final.

O retorno se deu em grande estilo com “Come What May”, uma das faixas mais aguardadas da noite. O contraste entre o peso das guitarras de Harald Barrett e Alex Arnoldsson e as melodias do violino de Berg foi arrebatador. O público respondeu à altura, transformando a casa em um mar de vozes e braços erguidos.

A partir da instrumental “L’appel du Vide”, a energia da pista atingiu outro nível. Quando chegou “Come Hell or High Water”, o público abriu diversas rodas de mosh, incluindo uma cena rara e inspiradora: uma roda formada apenas por mulheres, que se destacaram pela garra e entusiasmo. O gesto foi celebrado tanto pelos fãs ao redor quanto pela própria banda, visivelmente impressionada com a entrega do público brasileiro.

Em “God Fearing Man”, a favorita que vos fala, Barrett protagonizou um dos momentos mais cinematográficos da noite ao descer para a borda do palco e tocar a parte final com um arco de violino, cena que, apesar da iluminação contraluz e da fumaça, arrancou aplausos e celulares erguidos por toda a pista.

A reta final foi marcada por pura intensidade. “Death Shall Have No Dominion” trouxe um dos mosh pits mais selvagens da noite, reafirmando o peso do Imminence em sua forma mais crua. O encerramento veio com “The Black”, faixa-título do novo álbum, que simboliza bem a essência da banda: melancolia, força e beleza coexistindo. Uma roda de mosh que tomou conta da pista do Carioca Club se formou e até quem não queria participar acabou sendo engolido pelo mar de gente.

Mesmo ali, no clímax, os problemas de som voltaram a aparecer, e Eddie Berg tentou improvisar, gritando para dentro de seu violino, que serviria como microfone, mas o volume estava tão baixo que mal se ouvia. Ainda assim, o gesto reforçou a entrega do vocalista e o espírito resiliente do grupo.

Com quase 90 minutos de show, o Imminence deixou uma excelente primeira impressão no Brasil. Apesar das falhas técnicas que comprometeram parte da experiência, sobretudo no início, a banda compensou com carisma, presença e intensidade emocional. O público respondeu à altura, demonstrando que o amor dos brasileiros pelo metalcore vai muito além da superfície. Uma noite que ficará na memória por muito tempo.

Kryour – Setlist – 25/09/2025 – Carioca Club

  1. Why Should I Know?
  2. Restless Silence
  3. Chrysalism
  4. Timeless
  5. Anxiety
  6. Colorful

Imminence – Setlist – 25/09/2025 – Carioca Club

  1. Temptation
  2. Desolation
  3. Heaven Shall Burn
  4. Beyond the Pale
  5. Death by a Thousand Cuts
  6. Erase
  7. Ghost
  8. Infectious
  9. Come What May
  10. L’appel du Vide
  11. Come Hell or High Water
  12. God Fearing Man
  13. Death Shall Have no Dominion
  14. The Black
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