Em meio ao campo minado que é o metal extremo polonês, onde gigantes como Behemoth e Vader ditam o ritmo da devastação sonora, o Hate segue firme como um bastião inabalável do blackened death metal. Com mais de trinta anos de estrada e treze álbuns no currículo, a banda liderada por Adam “Perun V.” Buszko entrega em “Bellum Regiis” um capítulo denso, brutal e, por vezes, surpreendente dentro de sua trajetória marcada pela consistência.
Saindo do sólido Rugia (2021), o novo álbum mergulha ainda mais fundo na melodia sombria, sem abrir mão da ferocidade que define a identidade do grupo. Um dos elementos mais notáveis é a introdução de vocais femininos em momentos pontuais, que funcionam como contraponto atmosférico aos grunhidos de Perun e aos riffs arrasadores, evocando ecos de Gorgoroth e Carach Angren com precisão e bom gosto.
A faixa-título abre o disco com guitarras limpas enganosas antes de explodir em uma tempestade de blastbeats e dissonância. Iphigenia mantém o clima de tensão, alternando entre camadas melódicas e ataques sonoros impiedosos. Já A Ghost of Lost Delight e Prophet of Arkhen mostram o lado mais progressivo e cadenciado da banda, flertando com o meloblack sem perder o peso característico.
O disco é dividido de maneira clara: a primeira metade traz faixas mais longas, expansivas e, em alguns momentos, excessivas em duração; enquanto a segunda metade encontra mais equilíbrio e impacto, entregando composições diretas e memoráveis como Perun Rising e The Vanguard. Há aqui uma dinâmica de “dois álbuns em um”, onde o Hate transita entre a experimentação atmosférica e sua fórmula tradicional de brutalidade militarizada.
Embora Bellum Regiis não reinvente a roda nem represente uma ruptura estética, ele reflete com clareza a proposta do Hate: transitar dentro dos próprios limites, aperfeiçoando pequenos detalhes sem trair as raízes. E, nesse quesito, o álbum cumpre seu papel com competência e gana.
Bellum Regiis é mais uma peça sólida na discografia da banda — um lembrete de que o Hate talvez nunca precise “evoluir” no sentido convencional, pois já encontrou sua zona de conforto: uma marcha infernal e implacável pelo campo de batalha do metal extremo. O novo álbum será lançado dia 02 de Maio pela Metal Blade Records.

01. Bellum Regiis
02. Iphigenia
03. The Vanguard
04. A Ghost Of Lost Delight
05. Rite Of Triglav
06. Perun Rising
07. Alfa Inferi Goddess Of War
08. Prophet Of Arkhen
09. Ageless Harp Of Devilry