Foto: Gustavo Diakov/@xchicanox
Menos de um ano após ser destaque no Summer Breeze Brasil 2024 (atual Bangers Open Air), banda volta ao Brasil divulgando seu novo álbum, Sleepless Empire, com novo guitarrista e setlist completo, repleto de clássicos.
Em quase duas horas de apresentação, para um Carioca Club completamente lotado e animado, que fazia o chão quase tremer de animação, a apresentação não decepciona em momento algum.
ANTES DO SHOW, FILA QUILOMÉTRICA DESDE CEDO:
Que o fã de metal sinfônico/gothic metal é entusiasmado, fiel, e até mesmo um tanto fanático, não é novidade para ninguém! Neste quente e ensolarado sábado, chegava a ser surreal chegar mais de uma hora antes da abertura dos portões e não ver o fim da fila, que dobrava simplesmente duas esquinas. Chegava quase a ser agoniante ver pessoas com roupas pesadas debaixo daquele sol, além das maquiagens imitando as usadas pela vocalista Cristina Scabbia, em especial pelas mulheres – agoniante por um lado, bonito por outro, pois é sempre bom ver fãs felizes e animados para ver a banda de coração marcando presença. Mostra, também, que os italianos do Lacuna Coil conseguiram um feito raro nos dias de hoje nesse gênero: angariar um público completamente específico deles, que aderiram a sua identidade visual.
DENTRO DA CASA, UM MAR DE GENTE:
Como sempre, elogios à produtora Overload, que pontualmente, às 17h30, abriu os portões da casa para a tranquila e organizada entrada do público. O horário também ajudou! Show começando e terminando cedo, facilitando a vida de quem vai e volta de transporte coletivo.
Na casa, quando entramos, menos de meia hora após a abertura das portas, o cenário já dava a entender o como seria, estando quase impossível se locomover na pista. O jeito mais fácil era passar pela área de fumantes para voltar por uma das portas laterais e chegar ao fundo do Carioca Club, onde ainda havia alguma possibilidade de não ser esmagado pela multidão – e isso porque ainda nem estava com lotação máxima!
O SHOW – PONTUAL, REPLETO DE CLÁSSICOS E ENERGIA DE SOBRA:
Às 19h em ponto, as luzes da casa se apagaram, e se ouvia os gritos de aclamação à banda. Estava começando!
Entraram no palco os italianos, com suas maquiagens pesadas e características, um belo telão com o logo da banda atrás, e a iluminação em cores quentes. A música escolhida para abrir a apresentação foi o single “Layers Of Time”, do álbum Black Anima, de 2019, seu penúltimo trabalho, e provavelmente a mais icônica do disco. Nessa música, o microfone de Cristina estava dando problemas, e no começo, não se conseguia ouvir direito sua voz, algo rapidamente resolvido. Quando a voz da cantora voltou com tudo, gritos e mais gritos por parte dos fãs. A animação seguiu em alta com “Reckless”, do mesmo álbum. A seguir, uma música do novo disco, Sleepless Empire, a pesada “Hosting The Shadow”, que em sua gravação tem a participação do vocalista Randy Blythe, da banda Lamb Of God, que não estava presente no show, e teve suas partes feitas muito bem pelo vocalista Andrea Ferro.
Como prometido pelo carismático cantor (em entrevista a nós que você confere aqui), também não iriam faltar clássicos! O primeiro grande sucesso “das antigas” foi “Tight Rope”, do álbum Comalies, de 2002, mas em sua versão regravada “XX”, de 2022. Tivemos, então, uma sequência de clássicos mais recentes da banda, com “Kill The Light”, “Our Truth” e “Trip The Darkness”. Quem estava no meio da galera com certeza teve dificuldade de respirar! Depois, mais dois sons de Black Anima, “Apocalypse” e “Now Or Never”. Coomo não podiam deixar de tocar músicas do novo álbum, veio “In The Meantime”, e o que se seguiu depois foi o momento que todos esperavam!
O clássico cover de “Enjoy The Silence”, música composta e eternizada pelos ingleses do Depeche Mode, e magistralmente regravada pelo Lacuna Coil em seu álbum Karmacode, foi o momento que até mesmo quem não é tão chegado na banda, ou que estava ali para acompanhar alguém, pôde se deleitar! O refrão foi cantado a plenos pulmões por absolutamente todo ser humano presente no lugar, pois invariavelmente essa canção é destaque onde quer que toque: de casas de discotecagem gótica, a shows de rock, e heavy metal, todos a conhecem, seja em qual versão for!

Voltamos, então, ao Comalies XX, na sequência de clássicos “Entwined” e o hino “Heaven’s A Lie”, com o público fazendo e uníssono os backing vocals dos refrãos. Uma música de sua fase mais intermediária, “Blood, Tears, Dust”, do álbum Delirium, de 2016, foi seguida de outro som do último álbum, “Oxygen”, segunda faixa de Sleepless Empire. Um momento de destaque foi a fala até agressiva de Cristina ao público: ela anunciou a próxima música falando sobre “pessoas ruins”, aquelas que nos fazem mal, os “trastes do mundo”, e então veio possivelmente a melhor música de Sleepless Empire, “I Wish You Were Dead”, com dedos do meio apontados para frente, não ao público, mas simbolicamente a todos esses genericamente citados por ela na apresentação.
A banda saiu do palco após tocarem “Veneficium”. As luzes se apagaram, e quando voltaram, o encore: “Never Dawn” e “Gravity”. Finalmente, o maior sucesso da banda, “Swamped”, também em sua versão “XX”, com guturais de Andrea foi a música para lavar a alma, e para finalizar, a música que sempre usam para as saideiras, “Nothing Stands In Our Way” deu o ponto final na apresentação de gala da maior banda de Gothic Metal do mundo, e uma das maiores de sinfônico, que vê sua popularidade crescer ano após ano, em especial no Brasil.
O SALDO É O MELHOR POSSÍVEL:
É verdade que o Lacuna Coil mudou muito de estilo de anos para cá, o que não agradou algumas pessoas. Por outro lado, trouxe uma nova leva de fãs novos, e a escolha de setlist misturando clássicos de sua época mais “tradicional”, e músicas recentes de sua fase “moderna” faz com que o show seja uma experiência boa para ambos os públicos. Mais que isso, o zelo que a banda tem com sua produção de palco, escolha de figurinos, iluminação, e o entrosamento dos músicos traz algo positivo que não se vê em tantas bandas. Fica claro que as escolhas estéticas de Marco Coti Zelatti foram feitas a dedo, e a entrada (mesmo que provisória) do guitarrista Daniele Salomone foi benéfica para a dinâmica no palco, assim como é a energia de Richard Meiz, ótimo baterista que está com a banda há seis anos!
Um show onde todos os ingressos foram vendidos com um mês de antecedência, e após uma apresentação mais curta em festival no ano passado, não podia decepcionar. E não decepcionou. Vamos ver quando será a próxima vinda dos italianos ao Brasil, que já são presença certa no país, e o que eles nos trarão de novo em anos futuros.

Lacuna Coil – Carioca Club – 15/03/2024
Layers of Time
Reckless
Hosting the Shadow
Tight Rope XX
Kill the Light
Our Truth
Trip the Darkness
Apocalypse
Now or Never
In The Mean Time
Enjoy the Silence (Depeche Mode cover)
Entwined XX
Heaven’s a Lie XX
Blood, Tears, Dust
Oxygen
I Wish You Were Dead
Veneficium
Encore:
Never Dawn
Gravity
Swamped XX
Nothing Stands in Our Way