O sucessor de Eyes of Oblivion mantém o alto nível e entrega rock n’ roll cheio de atitude e energia em mais um trabalho primoroso do The Hellacopters
Após o seu retorno com o excelente Eyes of Oblivion (2022), o The Hellacopters mostrou que está muito vivo e inspirado. Quase três anos depois, um dos maiores nomes do rock garageiro entrega mais um trabalho com a essência do rock n’ roll e com uma sonoridade viciante para os fãs de um som mais cru e com a nostalgia dos anos 70.
Um dos pontos positivos do Hellacopters é a consistência. Os suecos não tentam reinventar a roda e entregam o que os fãs esperam deles. Para algumas bandas isso pode ser um problema ao longo dos anos, mas não para Nicke Andersson (voz e guitarra), Robert Eriksson (bateria), Anders Lindström (órgão/piano) e Dolf DeBorst (baixo).
O nono álbum de estúdio da banda foi gravado no Strawberry Studio e The Honk Palace, com Nicke Andersson assumindo pela primeira vez a função de produtor. A ilustração da capa, que já indica que o disco deve ser ouvido no volume máximo (assim como toda a discografia do Hellacopters), foi criada pelo ilustrador alemão Max Löffler. Uma arte que combina não só com a proposta da obra, como com a essência da banda.
O disco abre com “Token Apologies”, que já mostra a sonoridade contagiante e viciante de Overdriver. Poucas bandas conseguem trazer a energia nostálgica do rock n’ roll com tanta personalidade e atitude como o Hellacopters, e a faixa de abertura só reforça como, mesmo com mais de 30 anos de estrada, o grupo está longe de soar cansado.
“(I Don’t Wanna Be) Just A Memory”, um dos singles do álbum, traz uma sonoridade mais comercial e pouco inspirada. Não chega a tirar o brilho da obra, mas é uma leve derrapada se comparada ao restante do tracklist. Já “Wrong Face On” vem carregada de atitude e é um dos pontos altos da obra com seu refrão energético e empolgante.
Em “Soldier On”, piano e guitarra dão o clima da canção em uma combinação pra lá de viciante. “Doomsday Daydreams” e “Faraway Looks” são outros destaques de Overdriver, remetendo a sonoridade de clássicos da banda como By the Grace of God (2002), fazendo a alegria do fã mais saudosista.
O álbum desacelera levemente em “Coming Down”, um respiro prazeroso em meio às altas doses de rock n’ roll energético. “Do You Feel Normal” vem carregada de nostalgia, transportando o ouvinte para as belas canções dos anos 70, enquanto “Leave A Mark” fecha Overdriver com chave de ouro.
O The Hellacopters mostrou que seu garage rock com atitude punk ainda tem muito o que dizer. Overdriver mantém o alto nível de Eyes of Oblivion e entrega a nostalgia dos anos 70 com a personalidade única do Hellacopters. Os amantes do bom e velho rock n’ roll começaram 2025 com o pé direito. Overdriver é para ser apreciado no volume máximo.