Anunciado com menos de um mês de antecedência, os suecos fizeram seu único show no Brasil na terça-feira do dia 12, no Fabrique, em São Paulo.
Texto por Mateus Marcatto (@marcatto_7) e Fotos por Gustavo Palma (@guspalma)
O Fabrique Club, localizado na Barra Funda, abriu as portas às 19h para que os fãs mais die-hard pudessem garantir seu lugar próximo do palco, enquanto alguns preferiram aguardar o show do lado de fora, bebendo, como de praxe. A abertura ficou a cargo das bandas Siegrid Ingrid e Torture Squad.
SIEGRID INGRID E SUA DEMONSTRAÇÃO DE BRUTALIDADE SONORA
A banda paulistana, formada em 1989, abriu a sequência de agressividade sonora que estava por vir. O interior da casa já estava bem movimentado por volta das 19h30, e o quarteto já estava a postos quando começaram com “Murder” do álbum “The Corpse Falls” (1999), e “Nojo” do último álbum lançado, “Never Again” (2023). O volume da voz de Mauro Punk estava baixo, talvez por conta da pressão sonora que tinha com os amplificadores perto do limite do palco, e a bateria, que estava montada do lado direito, quase escondida do público. Ainda assim, não comprometeu o entrosamento e a técnica que a banda possui. Um destaque ao baterista Romulo Minduim, que é recém chegado na banda, mas tem uma vasta experiência.
“Never Again”, “Templo dos Vermes” e “Drásticas Consequências” mostraram como a banda soa pesada e bruta, mesmo com apenas uma guitarra, além da base do baixo, que é um soco na orelha, fazendo uma mescla caoticamente perfeita de grindcore, death e thrash metal. Após os agradecimentos de Mauro Punk, o set fecha com a pesadíssima “Demência”.
SETLIST:
- Murder
- Nojo
- Never Again
- Templo Dos Vermes
- Drásticas Consequências
- Demência
INVASÃO CÓSMICA DO TORTURE SQUAD
Já conhecido pelas suas temáticas envolvendo o misticismo extraterrestre, o Torture Squad subiu ao palco às 20h20, dando continuidade à vibe do rolê.
Começaram o show com as três primeiras faixas do álbum “Devilish” (2023), que vem sendo divulgado desde o começo deste ano. As nuances usando sintetizadores e violão, combinados com os riffs brutos e uma bateria implacável, provocam os bate-cabeças do público. Após a execução de “Buried Alive”, a vocalista May “Undead” Puertas anuncia que a banda preparou um set especial, com músicas voltadas às temáticas de ufologia. May anuncia “The Fallen Ones”, tocada raramente em shows e que é um pot-pourri de metal extremo. Além disso, a banda também selecionou músicas do álbum clássico e aclamado, “The Unholy Spell” (2001). “Area 51”, “Abduction Was The Case” e a faixa-título “The Unholy Spell” mostraram toda uma coerência musical e temática ideal pro evento. Certamente, um setlist que não veremos de novo tão cedo.
SETLIST:
- Hell Is Coming
- Flukeman
- Buried Alive
- Fallen ones
- Área 51
- Abduction Was The Case
- Unholy Spell
O ORIGINAL E AUTÊNTICO DEATH METAL EXTRATERRESTRE
Pontualmente às 21h30, a trilha de “Fractured Millenium” começou, dando a deixa para a crescente de bateria e o baixo de Mikael Hedlund (um dos únicos membros originais, e que não veio na turnê de 2022 devido a problemas de saúde). Logo após, entra em cena o líder Peter Tägtgren, berrando, tocando e levando todo o público ao delírio.
Porém, nesse mesmo início, o som geral estava com um volume bem abaixo do que as bandas de abertura, muito por conta de não haver amplificadores no palco, o que acabou incomodando o vocalista, que olhava constantemente para a equipe técnica ao lado do palco ao decorrer da música. O som se estabilizou quando tocaram a série de hits “Adjusting The Sun” e “Eraser”, que fizeram todos cantarem e baterem cabeça.
Logo em seguida, sem muita firula, entraram com um medley de músicas mais old-school. “Pleasure of Molestation”, “Osculum Obscenum” e “Penetralia” fizeram um mosh-pit caótico se formar no centro do Fabrique, se mantendo até o fim da brutal “Don’t Judge Me”. Também tivemos músicas do último álbum, “Worship” (2021), como “Children Of The Grave”, que possui uma melodia cativante de guitarras, em complemento com os efeitos de teclado e coro de vozes etéreas que deixam a temática das músicas ainda mais imersivas. “Inferior Devoties”, “Until The End” e “Fire In The Sky”, não deixaram o público perder a energia e provocaram a roda novamente, evidenciando toda a versatilidade do vocal de Peter, que vai desde berros agudos até guturais profundos e abissais. “Impotent God” remonta das origens da banda, de um death metal mais cru e menos melódico e que, apesar de rápida, não parecia ser difícil para o baterista Henrik Axelsson.
“Chemical Whore” e “Warpath” são executadas com extrema perfeição, deixando o público ansiando pelo aguardado bis. Após a banda se retirar por um breve momento, voltaram para tocar a clássica “Roswell 47”, fazendo todo o público cantar o refrão. Ao final, Peter agradece ao público junto a banda, que sai jogando palhetas e baquetas aos fãs.
Apesar de impecável toda a execução e performance da banda, a falta de variação no show de luzes deixou a desejar, algo que, com certeza, se deve a uma escolha do grupo, mas que poderia ser crucial para uma melhor interação com o público. Outro detalhe foram os problemas de som pouco potentes no início do show. Mas nada disso desabona o Hypocrisy, que foi mais do que competente em um show para um público reduzido, em plena terça-feira de chuva, em São Paulo.
SETLIST:
- Fractured Millennium
- Adjusting The Sun
- Eraser
- Pleasure of Molestation / Osculum Obscenum / Penetralia
- Don’t Judge Me
- Children Of The Gray
- Inferior Devoties
- Until The End
- Fire In The Sky
- Impotent God
- Chemical Whore
- War-Path
- Roswell 47