Death to All – Uma homenagem ao legado de Chuck Schuldiner 

O show memorável de Death To All no último sábado, marcado por chuva e pelo legado do Death Metal deixado por Chuck Schuldiner

Texto por Monalisa Souza e Fotos por Amanda Sampaio

Depois de 10 anos, o Death To All retornou ao Brasil pela segunda vez. A banda que é um tributo ao Death, do saudoso Chuck Schuldiner, conta com a participação dos ex-membros: Steve DiGiorgio, Gene Hoglan e Bobby Koelble. Além do talentoso Max Phelps, que encarna o padrinho do Death Metal na voz e na guitarra.

Era 17:00h, e já se via fãs nos arredores e na fila do Carioca Club, mostrando que a chuva e o tempo nublado sequer iriam fazer diferença no evento da noite. Pontualmente as 17:30 a entrada da casa é liberada, e a fila que já era extensa, começa a andar.

Era quase 19h, e a casa já estava lotada de fãs ansiando pelo show, e de repente as cortinas que cobriam o palco se abrem e uma trilha instrumental misteriosa começa, provocando o imediato grito da plateia.

Bobby, Max, Steve e Gene entram em cena e abrem o show com “Open Casket” do álbum Leprosy, fazendo o público vibrar seguindo as súbitas mudanças de andamento da música, até mesmo um coro melódico e uníssono no refrão. Em seguida o riff de guitarra de “The Philosopher” incendeia novamente o público, que canta em plenos pulmões junto com Max. Essa música destaca o entrosamento sobrenatural entre baixo e bateria, composto respectivamente por Steve DiGiorgio e Gene Hoglan, que tocam juntos há mais de 30 anos. Os solos intercalados de baixo e guitarra entre Steve e Max, é o climax perfeito da música. E o público já estava entregue totalmente à banda.

Uma breve pausa somente para a troca de baixos de Steve, que tocava com um baixo de 3 cordas (sim, um baixo de 3 cordas), e outro idêntico que tinha 5 cordas, para as músicas que exigiam mais notas. Assim começa “Suicide Machine”, que novamente desperta um coro do público, que acompanhavam o dueto de guitarras, que tocavam uma melodia rápida.

Após tocarem “Living Monstrosity”, Steve DiGiorgio pega o microfone e dá as boas vindas e agradece ao público presente, destacando o quanto a casa estava cheia naquela noite e relembra o motivo principal daquele show:

“É nostálgico, e tem muita relevância, pois nós vemos que vocês amam ouvir essas músicas, e nós amamos tocar elas pra vocês!”

“E nós estamos aqui por um somente um motivo, que é memorizar, imortalizar e celebrar nossa amizade com nosso finado irmão Chuck Schuldiner!”

Novamente, os fãs ovacionam e gritam o nome de Chuck bem alto repetidamente e Steve anuncia a música “Symbolic”, que mantém a plateia em toda energia cantando e fazendo mosh pits em diferentes partes da pista. Bobby Koelble faz seu icônico solo, fiel ao álbum na qual gravou em 1995, junto com Gene Hoglan. Esse que também mostra toda sua velocidade e técnica nas conduções e bumbos duplos, tocando perfeitamente as linhas de bateria que foram compostas por outros grandes bateristas.

A banda preparou um setlist  que passou por todas as fases do Death.

 “Infernal Death” primeira música do primeiro álbum “Scream Bloody Gore” (1987) e Scavenger of Human Sorrow, primeira música do último álbum lançado “Sound Of Perseverance” (1998). Estas tocadas respectivamente uma depois da outra, mostram o elevado nível técnico que os músicos que integraram o Death possuíam e ainda possuem. 

Depois de tocarem as pesadas faixas “Within The Mind” e “Baptised In Blood”, a banda executa a épica “Flesh And The Power It Holds”, com quase 9 minutos de duração, e que não deixou os fãs entediados por um segundo sequer. Aliás, tédio era algo inexistente naquele show.

Ao final da música, Steve faz um solo de baixo que emenda de forma majestosa aos primeiros acordes de “Lack Of Comprehension”, que conta uma introdução calma aos moldes de um jazz fusion, e explode em pura energia do death metal progressivo. A performance dos músicos faziam com que as músicas parecessem fáceis de se executar, o que com certeza não são.

Novamente, DiGiorgio toma a frente para agradecer a uma pessoa especial, que segundo o mesmo, é o responsável por tornar o tributo possível, e pede uma salva de palmas à Max Phelps, que tinha feito seu 37° aniversário no dia anterior, fazendo com que o público ecosse um parabéns ao músico.  

Max executa de maneira fiel cantando e tocando todas as músicas, quase como se estivesse possuído pelo espírito de Schuldiner, além de ter algumas características físicas que lembram o falecido.

“Crystal Mountain” é anunciada, e o público vai a loucura, cantando e agitando de maneira eufórica, com toda certeza essa parte do show arrancou lágrimas dos headbangers mais cabruncos que estavam ali presentes.

O carismático baixista retorna ao microfone, dessa vez para anunciar as duas últimas músicas que iriam ser tocadas, segundo ele – “Uma da última fase do Death e a outra da parte mais inicial do Death”. Agradecendo o público ele anuncia “Spirit Crusher”, que se inicia com o baixo e bateria fazendo um groove de tirar o fôlego, e assim que o verso começa a ser cantado por Max, os fãs cantam juntos num só voz, chegando no fatídico refrão aonde a casa toda ecoa “SPIRIT CRUSHER”. Esse foi com certeza o maior ápice de todos do show, que até o momento foi repleto de uma surreal energia cativante.

E sem qualquer pausa, imediatamente eles começam “Pull The Plug”, mantendo o público com a mesma energia enstusiamada como se show tivesse acabado de começar. Eis que um mosh pit grande toma conta da parte da frente da pista, os fãs batem cabeça e casa reverbera todos cantando o refrão.

Por fim, o final explosivo dos deixa todos gritando “Death” enquanto os músico se reuniam no centro do palco e juntos saudaram o público, se despedindo.

O público porém, se manteve até o final do lado de fora da casa, na esperança de conseguir autógrafos e fotos com os integrantes. Uma concentração de fãs com discos de vinil, CDs e o livro da biografia do Death, aguardavam na saída externa do camarim, tentando se abrigar da chuva para que não molhassem seus pertences. Lá haviam fãs de caravanas vindas do sul e de outros estados do sudeste, que aguardavam pacientemente. Porém a casa tinha que ser entregue pontualmente às 22h, fazendo os membros e a produção, saírem apressados em direção da Van, deixando quem estava lá esperando sem os autógrafos e fotos.

Setlist Death to All

  1. Open Casket
  2. The Philosopher
  3. Suicide Machine
  4. Living Monstrosity
  5. Symbolic
  6. Infernal Death
  7. Scavenger of Human Sorrow
  8. Overactive Imagination
  9. Within the Mind
  10. Baptized in Blood
  11. Flesh and the Power It Holds
  12. Lack of Comprehension
  13. Crystal Mountain
  14. Zombie Ritual
  15. Spirit Crusher
  16. Pull the Plug

A mesa de Merchandising sempre com o valor padrão de bandas internacionais.  Camisetas da turnê por R$ 130,00. O famoso livro da história de Chuck Schuldiner  capa dura por R$140,00. E o pôster autografado da turnê Death to All por R$ 60,00.

O final explosivo foi literalmente um espetáculo, do começo ao fim entregaram com grande maestria. E aquele gosto de “E se fosse o show com o próprio fundador de Death?”. Só mostrou que todos os álbuns do Death em si não decepcionam ou desagradam o seu público, pois foi um espetáculo com grande participação do público aquela noite. O Setlist foi bastante convidativo e sem erro nas escolhas, tendo duas músicas de cada álbum, mudando somente para Scream Bloody Gore e The Sound of Perseverance tendo três. 

“Esse tributo é o mais próximo que os fãs conseguiram ver de uma apresentação do Death nos anos 90.”  

Saber que Death poderia ter pisado no Brasil em 88 com a produção do Walcir Chalas, proposta feita pra ele pela antiga gravadora Combat Records, da a margem para a imaginação do público de como poderia ser. Porém por motivos de muitos eventos e shows já encaminhados Walcir disse que agendaria em 89, mais infelizmente por várias atribuições não ocorreu show do grande Death no Brasil. 

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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