Ratos de Porão em Jandira: Trazendo agito e barulho para a zona Oeste da Grande São Paulo

Foto por Diogo Moreschi*

No último dia 17 (Domingo), estava rolando um show histórico para a zona oeste da Grande São Paulo, Ratos de Porão tocando em Jandira. Quem imaginaria que uma das menores cidades da região metropolitana receberia um show deles? Há vinte anos quando eu era adolescente, era algo que eu só imaginava acontecer. É claro, já tivemos Zumbis do Espaço, Periferia S/A do Jão tocando no finado Caveira Velha Rock Bar, além de diversas outras bandas, inclusive bandas de fora do país. Mas o Ratos, foi a primeira. A não ser que tenham tocado por aqui antes de 2002, ano em que voltei a morar na cidade.

O show aconteceu na Praça de Eventos, local conhecido na região pelas Quermesses e Festas Juninas que trazem atrações nacionais do Sertanejo, Pagode e afins, lotando o lugar de pessoas das cidades do entorno. Originalmente o evento organizado pela ONG Ser Amor, pela E.Z.O. Crew e o pessoal do Kool Metal Fest, iria acontecer em Itapevi, mas devido a problemas para conseguir o espaço do novo Parque Municipal, a organização conseguiu o apoio da Prefeitura de Jandira para realizar o evento aqui na cidade.

O evento estava marcado para começar às 13h em ponto, com as bandas Torrencial, Urutu, Warsickness, Em Chamas, Presto?, Paura e Ratos de Porão. E de fato começou, podíamos ouvir o Torrencial começando a tocar, enquanto um amigo e eu, estacionávamos o carro numa rua próxima da Praça de Eventos e corríamos para não perder o começo.

Torrencial

O Torrencial é uma banda de Thrash Metal de Itapevi, e apesar de eu não ser especialista no gênero, diria que eles tem uma pegada mais moderna de som por assim dizer. Cantando em português e com letras críticas, o quarteto composto por Luciano “Pinguim” na guitarra e voz, Vitor no baixo, Ander na bateria e Carlos na guitarra, se apresentou com o Guilherme, guitarrista do Warsickness, substituindo o Carlos por problemas de saúde e que apesar de estar se recuperando, estava presente no evento. Com um set curto, tocaram cerca de meia hora sem muitos problemas, mesmo sem muitos presentes, os que estavam ali curtiram a apresentação deles, bangueando e cantando as músicas juntos, enquanto a galera ia chegando no local do evento.

Urutu

A próxima banda a se apresentar foi o Urutu, de São Paulo capital. Pra mim foi uma surpresa, pois os conhecia apenas de nome e imaginava um som completamente diferente do que o que eu ouvi. Posso dizer que o som deles é claramente um punk/hardcore influenciado por Hard Rock, ou NWOBHM (New Wave of Brittish Heavy Metal) como consta na página deles do Spotify. Uma mistura inusitada, mas que quando se escuta faz total sentido! Suas músicas são cantadas em português, adicionando um elemento ainda mais interessante pra proposta da banda. Urutu é: Thiago Babalu – Bateria, Felipe Nizuma – Guitarra, Eduardo Vaz – Baixo e Thiago Nascimento – Vocal. Assim como a anterior, tocaram um set curto de meia hora também. E pra deixar o texto menos repetitivo, as únicas bandas que tocaram um hora, foram o Paura e o Ratos.

Warsickness

Após o Urutu, foi a vez do Warsickness subir no palco. Banda de Itapevi, tocam o que chamam de Brazilian Alcoholic Thrash Metal, e isso diz muito sobre o teor das letras da banda por si só. O som deles já se difere do Torrencial, o Warsickness canta em inglês e com vocais um pouco mais agudos, característicos dessa pegada de Thrash, um pouco mais oitentista talvez? Me perdoem os headbangers de plantão. A única banda que me vem em mente é o Tankard, não ouço, confesso, mas imagino que possa ser uma referência pra eles. Esse foi o show de estreia com o baterista novo, Leandro e junto de Luciano “Pinguim” no baixo, Diogo nos vocais e Guilherme na guitarra, compunham a formação que tocou no evento, porém, sem o guitarrista Carlos que também toca no Warsickness mas não tocou por problemas de saúde, mas estava presente como dito anteriormente.

Em Chamas

Após o Warsickness, era a vez do Em Chamas. Banda de Itapevi, formada pelos irmãos Kool, Alex (guitarra) e Alexandre “Bill” (voz), acompanhados de Cadu na bateria e Diego no baixo, eles apresentaram seu hardcore influenciado pelas bandas old school e youthcrew estadunidenses. Mesclando letras em inglês e português, apresentaram músicas novas e clássicos da banda, fizeram quem estava presente cantar junto. A essa altura já era notável a presença do público, o que rendeu uma galera agitando no pit, com direito a two-steps e tudo. Reza a lenda que estas músicas novas serão gravadas em breve. Torcemos para que tudo dê certo e estas músicas ganhem as ruas!

Presto?

Nessa altura já estávamos nos encaminhando para a atração principal, e não teria banda melhor que o Presto? pra deixar geral no clima da bagaceira sonora que nos aguardava. Esta aí uma banda que faz render em 30m de palco, com músicas curtas como de praxe para o estilo grindcore dos caras, os paulistanos fizeram muita gente matar a saudade e relembrar de quando começaram a ouvir a banda. É muito legal poder ver uma banda como o Presto? ainda na ativa. Sons novos? Seria pedir demais produção?

Paura

Após o Presto? esquentar os ouvidos da galera, foi a vez dos veteranos do Paura subir ao placo e despejar o peso do seu hardcore/metal em todo mundo. Com um repertório variado, tocando os clássicos da banda como também musicas de seu álbum mais recente “Karmic Punishment”, a banda agitou o local com gente cantando junto, moshando, fazendo two-steps e dando stage dive da grade mesmo, já que ela impedia de chegar até o palco montado. Fazia tempo desde que os tinha visto, e a formação ali presente era nova pra mim. Apesar da novidade, fizeram um bom show, mantendo o ritmo e a energia característicos durante a apresentação toda.

Ratos de Porão

Terminado o show do Paura, já começaram a organizar o palco para a atração principal, o Ratos de Porão. Como o repertório das bandas e tempo de palco foram reduzidos, o show meio que adiantou dando mais tempo pra arrumar o palco para eles. Com tudo pronto, a banda subiu ao palco por volta das 18h30. Abrindo com “Alerta Antifascista” do seu álbum de 2022, Necropolítica e na sequência tocando “Aglomeração” do mesmo álbum, já começando o show com tudo. Depois veio “Amazônia Nunca Mais” e “Farsa Nacionalista” dois clássicos do álbum Brasil de 1989, disco aliás, que ainda é contemporâneo. E o show seguiu na pegada, com um repertório em torno de músicas bem conhecidas como “Morte ao Rei”, “Crucificados pelo Sistema”, dentre outras que vocês poderão conferir no setlist abaixo, também tivemos músicas como “Toma Trouxa” do EP Guerra Civil Canibal de 2000, como também já no final show, as clássicas “Aids, Pop, Repressão” e “Beber Até Morrer”.

Foto do repertório que o Luciano “Pinguim” conseguiu pegar

Mesmo tendo vindo de um show em Recife, o Ratos de Porão entregou tudo e mais um pouco, pra um público entusiasmado em receber o show deles por aqui. Cantando junto e agitando o show todo. Realmente foi muito bom vê-los tocar no quintal de casa, num domingo de sol ardido e garoas incertas. O show acabou por volta das 19h30 já a noite. O que foi ótimo, pois acabando cedo fica melhor para todos voltarem para suas casas e como tinha gente de diversas regiões, não teriam problema de chegar tarde.

Volta pra casa

Encontro de gerações e amigos. Este foi o sentimento que fiquei após prestigiar o evento e encontrar tantos rostos conhecidos. E o mais legal de tudo foi ter visto tanta gente mais nova comparecendo ao evento, shows como esse são importantes, pois comigo foi assim. Se tanto se fala de renovação entre a galera +30, está aí. Agora é torcer para essa galera se desenvolver e envolver, criando suas próprias bandas.

No final tivemos um saldo positivo, receber um show desses por aqui é importante, pois a região é carente de eventos de rock no geral. Antes ainda tínhamos o Caveira Velha Rock Bar que trazia umas bandas legais, mas fora eles que fecharam as portas, não temos muita coisa. Em Itapevi sei que vira e mexe fazem algo também. Este evento aliás, era pra ter acontecido lá, como falei no início do texto, ainda bem que conseguiram realizá-lo aqui em Jandira e não deixaram o projeto morrer.

Portanto, obrigado ONG Ser Amor, E.Z.O. Crew e Kool Metal Fest pelo evento, espero que tenham conseguido bastante contribuições para a ONG, que tenham gostado de evento que fizeram e torço para que seja o primeiro de muitos, seja em Itapevi ou Jandira, sucesso!

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About André Fagundes

Designer de formação e músico por paixão e teimosia, cresci indo na Galeria do Rock atrás de zines para ler, além de flyers de shows e namorar as guitarras das lojas da Santa Ifigênia no Centro de São Paulo.

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