Igor Bollos: Mistura interessante de jazz e metal em “Pandemonium”

Igor Bollos mistura jazz e metal de maneira completamente inovadora, criando o que pode ser melhor descrito como uma montanha-russa sonora em seu novo álbum “Pandemonium”.

Nota: 8,25

Guitarrista, compositor e educador nascido em 1997, Igor Bollos é pós-graduado em
música popular pela Unifaccamp e bacharel em guitarra pela Faculdade Santa
Marcelina (FASM), orientado pelo professor Djalma Lima. Bollos já lançou trabalhos
autorais com diversos grandes nomes do jazz e jazz fusion brasileiro, e já teve até um
de seus trabalhos com a Vocalista Lisa Kalil indicado como um dos 5 melhores álbuns
de estreia no Independent Music Awards. Bollos traz uma proposta diferente e
inovadora em seu LP “Pandemonium”, lançado em julho deste ano.

O álbum já se inicia de maneira forte, com a poderosa “P.N.C.D.J.M.B.”, que logo de
cara já é um tanto animada e um tanto death metal. “P.N.C.D.J.M.B.” tem um pouco
de tudo, solos virtuosos, harmonias de guitarra, riffs chuggados, sintetizadores, bateria
rapidíssima. Esta primeira faixa consegue demonstrar uma variedade de emoções
mesmo sendo instrumental.

Já “Demon’s Toll” conta com guturais fortes vindo de Mounir Sobh, bateria com
abundância de bumbo duplo e muitos, mas muitos riffs diferentes. Temos riffs de todo
jeito, dissonantes, chuggados, melódicos, harmonizados e até no violão. Por volta dos
5 minutos e meio, a música aparenta ter acabado, mas inesperadamente, somos
recebidos por um arpejo de guitarra até um tanto Angra e aos vocais de Gio Amorim.
Ao final, há até um breakdown com piano. Sim, um breakdown com piano. Com
certeza “Demon’s Toll” consegue trazer bastante variedade de início ao fim ao
“Pandemonium”.

“Genesis” é uma das primeiras músicas que demonstra claramente os elementos jazz
deste projeto. Temos com certeza os momentos mais metais, com riffs um tanto
progressivos, avant-garde, lembrando até Meshuggah, em certos momentos, mas
temos também alguns solos mais voltados ao jazz durante a música. “Genesis” conta
também com seções de guitarra um tanto felizes, nostálgicas, que marcam presença
durante diversos estágios desta música. “Genesis” é sucedida por “Desaparecer”, que
começa com um violão absolutamente encharcado de reverb, mas apresenta também
partes que com certeza podem ser consideradas metal. Uma coisa que a
“Desaparecer” faz muito bem é que em sua composição há bastante variações de um
mesmo riff, mostrando que às vezes, menos é mais.

“Aura” com certeza é um dos grandes destaques do álbum. Ostentando uma duração
de nada mais nada menos que dez minutos e vinte e sete segundos, este épico de Igor

Bollos consegue combinar desde diversos saxofones e flauta transversal a riffs voltados
ao metalcore tradicional com violões melancólicos e sintetizadores. Se até esta faixa
restou alguma dúvida que esta mistura de jazz com metal era algo que dava certo,
“Aura” com certeza não deixa restar nenhuma dúvida que jazz e metal conseguem
coexistir sim. É realmente difícil dizer tudo que há em “Aura” sem usar 6 parágrafos.
“Aura” vai de Sungazer para Meshuggah para musiquinha de chefão do deserto no
Mario Bros. Esta música é uma demonstração incrível de todas as habilidades não só
de Igor, mas como de todos que contribuíram para esta faixa.

Inesperadamente, este épico de 10 minutos é seguido por um cover da icônica
“Hedwig’s Theme”, a tão famigerada “musiquinha do Harry Potter”. Este cover tem
desde riffs palm-mutados a partes que lembram black metal a partes 100% power
metal a referências ao Iron Maiden no solo. É quase impossível não bater cabeça
ouvindo este cover.

Faixas:
P.N.C.D.J.M.B. (3:26)
Demon’s Toll (7:57)
Genesis (6:20)
Desaparecer (4:21)
Aura (10:27)
Hedwig’s Theme (4:20)
Correnteza (6:41)
Free Metal (4:12)
Ilusão (5:56)
Duração Total: 53:43


“Correnteza” é a próxima faixa, que por acaso começa de forma mais voltada ao jazz,
de forma mais calma. Entretanto, esta faixa está longe de ser calma, tanto que, poucos
segundos depois, são apresentados chugs cortados digitalmente, que encherão
qualquer fã de metalcore do final dos anos 2000 de nostalgia. “Correnteza” reúne
novamente guturais de Mounir Sobh e melodias thrash, mas também vocais limpos de
Kay Matos. “Correnteza” é seguida por “Free Metal”, que acaba sendo um grande solo,
de mais de 30 minutos, que no contexto do álbum serve apenas como uma
demonstração técnica. Mesmo Bollos sendo um ótimo guitarrista, 4 minutos de solo
quebram um pouco o ritmo geral do álbum.


É com a “Ilusão” que o LP “Pandemonium” se acaba. Tal faixa começa com uma linha
de violão, que remete um pouco ao “Theatre of Fate”, o icônico LP do Viper. Esta
música consegue criar um clima e uma atmosfera estranhamente motivadora e
esperançosa, e novamente nostálgica. Com seus solos vertiginosos e partes jazz
impressionantes, “Ilusão” acaba sendo uma ótima música para fechar um projeto tão
inovador e variado como este.


Para concluir, “Pandemonium” de Igor Bollos é um álbum que pode não ser ideal para
todos os fãs de metal, mas por conta de seu conceito diferente e execução incrível
com certeza vale ouvir. E você, acha que jazz e metal podem se misturar?

Ficha Técnica:

  • Igor Bollos – guitarra, violão (2,4,5,7,9), baixo (3,5,7) e sintetizador
  • Lucas Thunder – baixo (1,2,4,6,9), backing vocals (1,2)
  • Michel Leme – solo de guitarra (3)
  • Mounir Sobh – vocal gutural (2,7)
  • Gio Amorim – vocal limpo (2)
  • Kay Matos – vocal limpo (7)
  • Thomaz Souza – saxofone alto, saxofone soprano, flauta transversal (5)
  • Jonathan Vargas – solo de teclado (5)
  • Raphomet – synth (4)
  • Gabriel Gaiardo – piano (9)

Compositores: Igor Bollos (exceto faixa 6), Gio Amorim (letrista na faixa 2), Fernando
Amaro & Vinícius Gomes (faixa 3), John Williams (faixa 6), Lucas Barbosa & João Lucas
Barboza (letristas na faixa 7)

  • Programação de bateria: Matt Carrilho e Igor Bollos
  • Produção: Igor Bollos
  • Mixagem e masterização: Igor Bollos
  • Arte da capa: Stefano Moliner
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