Operador: Regravação de “Conexão Call Center” é digna de ser supervisão

Lançado oficialmente neste domingo, 20 de agosto, a versão regravada de “Conexão Call Center” do Operador demonstra grande evolução da banda como um todo, e acaba sendo a versão definitiva do álbum.

Para os que não conhecem, a banda Operador (também conhecidos como O Operador) é uma banda paulista de heavy/thrash metal que aborda temas do call center.

Sobre os temas líricos da banda, o baixista, Emerson Oliveira diz:

“Trabalhei como operador de telemarketing por três anos, e passei outros três em TI de call center, o que me rendeu muitas histórias e vivências, como tudo acaba virando música, as letras foram nascendo no dia a dia, mas viram a luz do dia somente oito anos após serem
escritas”.

A versão nova do álbum começa com uma pequena introdução, a “Intro – Ura, Opção
1”, que retrata o começo de uma ligação a um call center, que também já serve para
estabelecer a identidade do álbum. Musicalmente falando, o LP começa com a
poderosa “Falsos Clientes”. Logo de começo, podemos ver que nesta nova versão o
vocalista da banda, Marcelo Zady, aparenta estar muito mais confiante de suas
habilidades e muito mais disposto a experimentar, floreando seus vocais em diversos
momentos da música, algo que não estava presente na versão original. Esta música
também ilustra bem a evolução do resto da banda, tendo um riff minimamente mais
complexo e contando até com blast beats, que não estavam na versão original. A
banda também entra mais no personagem de operadores de call center, tendo até
partes em que o vocal parece estar um pouco distorcido, como se estivesse saindo de
um telefone. É apresentada uma quantidade significativamente maior de viradas na
bateria, seções com uso do bumbo duplo, e até um solo do guitarrista Daniel Miojo.

“Falsos Clientes” é seguida pela “Compre Esse Seguro”, que já começa com uma
introdução fervorosa na bateria, diferente da primeira versão. No geral, a bateria
(cortesia de Mayron Duarte) apresenta muito mais liberdade, há muito mais espaço
para partes mais técnicas na bateria. Também são apresentados riffs mais “polidos”,
uma bateria envolvente, quase galopante, uma dicção mais clara do vocalista, um
timbre de guitarra melhor no solo, menos estridente e mais para o final, a bateria e a
guitarra estão perceptivelmente mais sincronizadas.

A quarta faixa do álbum, “Legião de Operadores” já se inicia com uma linha de guitarra
muito mais clara, pode se dizer e com vocais com efeitos leves, que os deixam muito
mais impactantes. No geral, a música inteira está mais organizada, com a banda em si
demonstrando mais química em algumas horas. O solo parece ter sido trabalhado um pouco mais também. Porém, há alguns momentos em que parece que dá pra ouvir
feedback de guitarra não intencionalmente. Mas, fora estes pequenos soluços, pode
notar-se uma melhoria considerável desta versão da música para o original

Outra faixa que demonstra melhoria considerável é a “Forças Preditivas”, onde a
bateria como um todo parece estar melhor afinada, o bumbo está mixado de um jeito
em que ele não domina mais a música, há uma maior variedade de riffs, uma dinâmica
boa entre ambos os guitarristas, e vocais com mais de uma pessoa também mixados
melhor. Já a “Guerreiros da Central” perde a breve intro que tinha na caixa da bateria e
começa com vocais gritados pelo baixista, Emerson de Oliveira. No geral, a música
apresenta um clima mais energético, com mais urgência, e também mais peso, até
tendo um pequeno breakdown.

Muito provavelmente a música que sofreu mais alterações da versão original para esta
foi a “Perdi o Fretado”, que está 2 minutos mais longa, e começa com uma introdução
leve contendo sintetizadores simulando instrumentos orquestrais e acentuações nos
pratos. Após o riff de sintetizador ser repetido na guitarra, por volta dos 45 segundos é
que chega o riff introdutório original. Ao comparar com a versão original, a
instrumentação desta versão explora um lado mais melancólico, com elementos quase
doom metal, com notas de Candlemass. Dá para perceber também a ausência do
órgão na faixa. Em relação às novidades, temos agora um solo que consegue retratar
muito bem as habilidades técnicas de Daniel Miojo. Os vocais no breakdown parecem
estar mais agressivos.

Para quebrar o clima melancólico de “Perdi o Fretado” vem “A Força da Minha
Liberdade”, que já exibe um início um tanto mais swingado e compassado, que já é
discrepante da original, que se inicia com mais notas de thrash. A vibe thrash não é
completamente perdida, pois a guitarra mais voltada ao thrash volta, porém o solo
exibe menos whammy e wah.

“A Força da Minha Liberdade” se finaliza com uma pequena linha vocal introduzindo o
sujeito da próxima música, a “Supervisão”. Em seu princípio, é apresentada uma
bateria mais country, quase Matanza. O riff thrasheado da versão original permanece,
e permanecem também os vocais gritados, mas desta vez parecem mais desesperados,
é quase como viessem do fundo da alma, quase black metal, por incrível que pareça. O
estilo vocal de Marcelo Zady no geral é similar ao original, mas parece que cabe mais
nesta versão, talvez por conta da mixagem.

A última faixa do “Conexão Call Center” agora é a poderosa “Mais de 100 Chamadas”,
que não estava na versão original, e foi lançada originalmente apenas pelo YouTube,
como videoclipe. Tal videoclipe trazia imagens do show da banda na Audio Club, em
São Paulo, em que realizaram a abertura do show da maior banda do universo;
Massacration. A faixa já começa de maneira estrondosa, com um solo de natureza
absolutamente vertiginosa. Depois somos apresentados a um riff à base de chugs. O
vocal começa mais simples e direcionado, mas também tem seus momentos mais
melancólicos onde entram em destaque. Temos direito af mais um solo, e a música se acaba com uma lead que até lembra um pouco as fases de deserto do Super Mario Bros

No geral, a versão regravada do “Conexão Call Center” demonstra grande evolução de
uma banda que sempre esteve cheia de potencial. São perceptíveis as melhorias na
mixagem e produção geral e também na química e sinergia da banda em si;
conseguimos ver que a banda funciona melhor agora. Podemos perceber também a
melhoria técnica de cada membro, com Marcelo Zady estando mais disposto a
experimentar nos vocais, Daniel Miojo tendo solos mais técnicos, Robert Machado
tocando riffs mais complicados na guitarra base, Emerson de Oliveira tendo linhas de
baixo mais marcantes e pronunciadas e Mayron Duarte tendo mais liberdade na
bateria no geral. E você já ouviu este álbum?

Vale a pena ouvir, 8,2.

Faixas:
Intro – Ura, Opção 1 (0:58)
Falsos Clientes (3:11)
Compre Esse Seguro (3:07)
Legião de Operadores (3:11)
Forças Preditivas (2:31)
Guerreiros da Central (2:32)
Perdi o Fretado (4:33)
A Força da Minha Liberdade (2:42)
Supervisão (2:40)
Mais de 100 Chamadas (3:43)
Duração total: 29:11
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