Apresentação da turnê “Joss Stone – 20 years of soul” na capital paulista contou com efeitos visuais modestos. No entanto, a cantora inglesa compensou a decoração simples com uma performance carismática e cativante, que deixou o público em êxtase.
Texto: Guilherme Goes
Joss Stone é uma cantora e compositora britânica que iniciou sua trajetória na música ainda na adolescência. Apesar de ter surgido em uma época em que o hip hop e a black music dominavam as paradas de sucesso com nomes como Usher, Akon e 50 Cent, a artista se destacou ao imprimir sua marca pessoal em seus primeiros álbuns, “The Soul Sessions” (2003) e “Mind, Body & Soul” (2004), que apresentavam fortes influências da soul music. Desde então, Joss lançou sete álbuns de estúdio e conquistou uma legião de fãs em todo o mundo. Além de cantar, ela também é engajada em diversas causas sociais, como a defesa dos direitos dos animais e o empoderamento feminino. Com sua voz única e talento incomparável, foi uma das artistas mais renomadas da década de 2000 e continua conquistando novos fãs.
Celebrando seus 20 anos de carreira, Joss está em uma turnê especial intitulada “20 Years of Soul”, onde apresenta um repertório que abrange as diferentes fases de seu legado marcante. Na última quinta-feira (20), os fãs paulistanos finalmente tiveram a chance de celebrar junto com a musa em uma apresentação única e emocionante.
Não houve banda de abertura no evento, e a tarefa de animar os fãs ficou por conta de uma discotecagem interna. A dinâmica da apresentação foi diferente do usual, com a instalação de mesas no salão, criando um ambiente semelhante a um clube de jazz e proporcionando a oportunidade para que pessoas com interesses em comum pudessem interagir enquanto aguardavam a grande estrela da noite.
Às 22h50, com um atraso de 20 minutos em relação ao horário oficial, cenas de videoclipes e entrevistas de Joss Stone em diferentes fases começaram a ser exibidas nos telões de LED da casa. Ao término da introdução, a cantora e seus músicos de apoio subiram ao palco vestidos inteiramente de branco e entregaram um medley incrível, incluindo as canções “You Had Me”, “Free Me”, “Bad Habit” e “You Got the Love”. Neste primeiro momento, a performance da equipe de backing vocal e metais, baixista e bateria se sobressaiu, pois os artistas acrescentaram um ritmo animado às canções, combinando perfeitamente para a abertura e gerando uma atmosfera de animação contagiante.Na sequência, Joss foi em frente ao palco e arriscou em português: “Olá, meus amores! Agradeço esses 20 anos e quero compartilhar mais 20 anos com vocês. Afinal, tudo isso só foi possível por cada um de vocês”, assim emendando o megahit “Super Duper Love”, levando o público a quebrar o protocolo da apresentação, com todos se levantando de suas mesas para dançar junto à artista. Depois, veio um cover inusitado de “Fell In Love With a Boy”. Em sua releitura, a música, que é considerada como uma das mais barulhentas do The White Stripes acabou recebendo uma roupagem “soft“, com guitarras compassadas e um extenso solo de guitarra ao final.
“O meu terceiro álbum, Introducing Joss Stone, recebeu esse nome porque foi o primeiro trabalho em que eu realmente consegui chegar à conclusão de que aquelas eram as melodias que eu queria, com as letras que eu queria escrever e com o ritmo que queria tocar. Foi o meu primeiro álbum de verdade, pois eu realmente sabia o que estava fazendo”, comentou Joss antes de iniciar “Proper Nice”, onde o baterista e o baixista tiveram a chance de brilhar novamente ao acrescentarem um ritmo explosivo na base principal. Em seguida, veio um medley com covers das músicas “Tell Me ‘Bout It” (Aretha Franklin), “Sweet Love” (Anita Baker) e “Killing Me Softly”. Aqui, a “dona da noite” deixou os backing vocals assumirem o protagonismo no palco, gerando um momento de conexão bem bacana com seus músicos de apoio.
Ainda contando sobre as histórias que inspiraram suas composições, Joss decidiu compartilhar mais uma anedota antes de apresentar “4 and 20”, do álbum “Colour Me Free!”. “Quando gravei esse disco, eu estava passando por um momento difícil, especialmente por causa de um cara que foi um verdadeiro babaca comigo”, revelou. Durante a execução dessa música, que apresentou um falsete marcante que simplesmente arrancou aplausos de todos no salão, as luzes ganharam destaque no palco, simulando ondas em movimento.
A partir deste ponto, o evento tomou um rumo interessante. Até então, o show apresentava uma decoração simples, com apenas uma cortina no fundo e canhões de iluminação, mas a energia contagiante transmitida por Joss, junto com seu carisma e simpatia, tornavam o espetáculo memorável. No entanto, de forma repentina, os efeitos visuais começaram a ter um papel mais proeminente.
Durante a performance de “The Love We Had (Stays on My Mind)”, um cover de The Dells, explosões de luzes roxas acompanharam o solo de guitarra, enquanto Joss mudava de figurino, trocando seu vestido branco por um modelo com adornos dourados. No medley seguinte, onde a cantora prestou homenagem à música reggae com as canções “Sonny’s Lettah (Anti-Sus Poem) / Harry’s Symphony / Wake Up / Clean Water / Love Me / Less Is More / Way Oh”, luzes amarelas, verdes e vermelhas dominaram o palco. Já em “When You’re in Love”, cenas de viagens que a artista fez durante trabalhos humanitários em vários países foram exibidas. Para finalizar, a jovem surpreendeu ao destacar um bloco com uma mistura covers de seus artistas favoritos como “Piece of My Heart” (Erma Franklin) e “Son of a Preacher Man” (Dusty Springfield) e as faixas autorais “Rain Song”, Put Your Hands On Me“, além dos hits “Karma” e “Right To Be Wrong“. Novamente, o público fez questão de se levantar para dançar, resultando em uma cena memorável.
Antes de sair do palco, próximo aos acordes finais de “Some Kind Of Wonderful” dos Soul Brothers Six, Joss fez uma declaração emocionante: “Eu quero encontrar vocês nos próximos vinte anos”. Com base na excelente qualidade do seu trabalho e na sua impressionante presença de palco, é indiscutível que a obra da moça será apreciada por décadas, atravessando gerações. Seja daqui a 20, 30 ou 40 anos, centenas de fãs brasileiros estarão ansiosos por sua volta, esperando uma brisa de paz proporcionada pela beleza encantadora de sua música soul.
Setlist
You Had Me / Free Me / Bad Habit / You Got The Love
Super Duper Love
Fell In Love With A Boy (The White Stripes)
Jet Lag
Proper Nice
Tell Me ‘Bout It (Aretha Franklin), Sweet Love (Anita Baker) e Killing Me Softly (Lori Lieberman)
4 And 20
The Love We Had (Stays On My Mind) (The Dells cover)
Sonny’s Lettah (Anti-Sus Poem) (Linton Kwesi Johnson cover) / Harry’s Symphony / Wake Up / Clean Water / Love Me / Less Is More / Way Oh
The Look Of Love (Burt Bacharach cover)
When You’re In Love
Rain Song
Put Your Hands Medley: Put Your Hands On Me / Son Of A Preacher Man (Dusty Springfield cover) / Piece Of My Heart (Erma Franklin cover)
Bis
Right To Be Wrong
Karma
Some Kind Of Wonderful (Soul Brothers Six cover)
