No último sábado (07/08) a Audio Club em São Paulo foi o palco de comemoração aos
25 anos de lançamentos desse divisor de águas da música pesada mundial, o álbum
Roots do Sepultura.
Texto: Andrei Lopes
Agradecimentos: Honorsounds
Cheguei por volta das 17 horas, e já me deparei com o todo o clima instaurado, e que ainda estamos matando as saudades após cerca de dois anos shows devido a Pandemia. A fila dos camisas pretas esperando a abertura dos portões, os ambulantes
já com os isopores a postos para a venda dos goles de aquecimento, bem como uma vasta série de camisetas para opção de compra, desde Morbid Visions (Sepultura), passando por diversas outras, até as do Soulfly .
Ambiente propício para reencontro com os amigos, já me deparo com Luiz Alcamim (Caoticagem/Baile do Capiroto), Lucas (Cras – banda de Sludge/post metal de SP), e logo Igor Girotto (Baile do capiroto) chegava par uma breve resenha em mesa de
bar, sobre shows, inclusive as demais passagens do Max por aqui. Na entrada pros credenciados, Jean Rodrigo (Chuva Tv) e Bruno Teixeira (Desalmado, Agencia 1 a 1 já a postos para os trabalhos da noite.
A Audio como de costume, fornece uma ‘’parede’’, um grande banner com a temática do evento da data, para que o público possa tirar fotos. As fotos com os nomes dos irmãos Cavalera, e a imagem e dizeres em menção ao Roots estavam disponíveis para registros, que servirão como lembrança a uma grande noite. Bem como logo de entrada nos deparamos com diversos itens de merch de todas as bandas, que contavam inclusive com pôsteres autografados.
Para recepção ao Sinaya, a casa parecia já contar com 30% do que seria o publico total, que logo chegou aos 50% . Apresentadas por Marcelo Pompeu, que falou sobre o trabalho da Honorsounds além eventos, como ações sociais por exemplo, a banda
de Mylena Monaco que já conta com 13 anos de estrada, começa seu show com um solo da baterista Amanda Imamura. Elas estão passando por uma transição em seu som, anteriormente calcado em um death metal com passagens trash, agora
abraçando o peso e groove do deathcore, e apresentaram músicas de todas as fases, desde o seu EP ‘’Obscure Raids’’ (2013), até a intitulada ‘’Afterlife’’, que originalmente foi gravada com participação de CJ Macmahon do Thy Art is Murder, foi interpretada
com a participação de Mayara Puertas (Torture Squad).
Peço espaço, para uma breve opnião pessoal. Entendo que possa haver um certo poupar de energias do público, em shows de bandas de abertura, ou até mesmo o fato de talvez não conhecer o som e não conseguir chegar ao ápice em entusiasmo, mas a
apresentação da Sinaya foi digna de ter mais ‘’agito’’ do que o que foi presenciado, embora a excelente performance da Mylena como frontman, tenha conseguido levantar os mais ‘’tímidos’’.
- Pure Hate
- Legion of Demons
- Riddle of Death
- Buried by Terror
- Struck Out by You
- Obscure Raids
- Afterlife
- Psychopath
Sem mais delongas, em um excelente trabalho dos responsáveis pelos preparatórios para preparação e trocas no palco, o Krisiun aparentemente começa o show antes do horário previsto. Marcelo Pompeu (Korzus), segue no papel de mestre de cerimônias e
pede para que o público recepcione, segundo ele, a maior banda de death metal do mundo.
‘’São Paulo, o Krisiun está aqui’’, já se tornou a chamada clássica feita por Alex Camargo em shows por aqui, bem como o set começar com Kings of Killing, um dos maiores clássicos de sua carreira, trás um riff logo de começo que faz vir a tona nos
fãs a euforia do que a banda se propõe a fazer ao longo de 3 décadas de carreira: o death metal mais brutal, e com técnica de sua essência. O show é o primeiro da turnê para o recém lançado álbum ‘’Mortem Soils’’ e na execução de ‘’Swords into Flesh’’ , pude presenciar ao vivo, o que tem sido uma ótima crítica a esse novo trabalho.
Como não ir a loucura, ao ver aquele riff de mão trocada de Moyses Kolesne , na intro de ‘’Scourge of the Enthroned’’?
Embora, também tenha sido notado por Alex diversos momentos em que a platéia se encontrava um tanto comportada, e com agradecimentos dele a relevância de Max e Iggor, e até mesmo de Dino Cazares ao metal mundial, Krisiun entrega mais uma
excelente, dentre as diversas que faz por aqui, apresentação impecável.
- Kings of Killing
- Ravager
- Swords into Flesh
- Combustion Inferno
- Serpent Messiah
- Scourge of the Enthroned
- Sworn Enemies
- Ace of Spades (cover de Motörhead)
- Hatred Inherit
Entre um intervalo de show e outro, o povo se dissipava pela Audio que conta com uma excelente estrutura, tanto no aspecto de ter bares em ambos os lados de pista e mais um do camarote, até o lounge/deck que também conta com bares, área de fumantes, e um espaço legal para interação do público, além do sistema de comandas pré pagas, o que evita filas, e agiliza o
atendimento. Em minha andanças por lá, notei a presença de outros grandes músicos do cenário nacional, que foram a esta noite de grande celebração, como Renato Gimenez (Vazio), Belzebuth (Mistyfier), Fernando Schaefer e Monstrinho (Worst) dentre outros.
Enfim, o momento mais esperado da noite, ´´São Paulo, puta que pariu, vamo destruir tudo, caralho!’’, foi assim que Max Cavalera, entrou ao palco, ao lado de seu irmão Iggor, Dino Cazares e Mike Leon, abrindo o show com Roots Bloody Roots e agora sim, já com clímax logo de cara e levando a Audio abaixo, enquanto todos pulavam e cantavam, até mais alto que o Max, e mantendo o entusiasmo para execução na sequencia de Attitude, e como uma batalha de rap, o publico agitava e intercalava os vocais, fazendo o apoio para Ratamahatta.
Em um medley que saiu um tanto bem criado, Lookaway (que originalmente conta com vocais de Mike Patton e Jonathan Davis), teve passagens de Territory, e até do clássico absoluto ‘’War Pigs’’ do Black Sabbath.
Embora, com algumas críticas ao longo dos anos, dos mais ‘’estudiosos’’ sobre sua forma de tocar, Max inegavelmente ainda é um rifflord, Mike caiu como uma luva como baixista, tendo um ótimo timbre, além de uma performance de grande interação com a platéia, e Dino Cazares, dispensa apresentações, as afinações baixas usadas nesse álbum, não são nada fora da ‘’zona de
conforto’’ e extremo talento em peso, groove e feeling que formam o pacote que é Dino Cazares como guitarrista. E algo que sempre noto, e chega a emocionar, é como Iggor Cavalera é tão único na bateria. Me recordo de uma participação dele tocando Roots um show com o Soulfly em 2016, e mesmo que não tivesse sido obviamente apresentado pelo irmão, a primeira nota tocada na bateria, vc sabe que é o homem que ta ali.
O que se destacou na execução da faixa Itsari, que tem todo o clima tribal de sua temática (sendo gravada originalmente junto a tribo Xavantes). O transe causado pela entonação da música, foi a intro para a recepção de Cacique Cipassé, da tribo Xavantes, que 25 anos atrás recepcionara o Sepultura em sua aldeia, e esteve presente para falar sobre isso, e sobre a importância da
conservação de nosso meio ambiente. Histórico!
Max avisa a hora, para que o povo mostre sua indignação com a atual administração do país, ´´Essa é pra mandar o Bolsonaro tomar no c* hein’’, Dictatorshit é tocada de forma extremamente rápida, e essa hora, eu já me entrego ao mosh. Mal sabia eu que ainda viria a sequência de Troops of Doom (puxada por um trecho de Raining Blood do Slayer, com participação de Alex
do Krisiun cantando e Ìcaro no baixo, filho de Iggor), La Migra do Brujeria (uma espécie de homenagem a participação de Dino),
Em Refuse/Resist, Max convoca uma Wall of Death (paredão da morte) e pede para que um ‘’suicida’’ fique no meio, e lá me prontifiquei (não me arrependo, rs)
Orgasmatron (onde Max cita o emblemático show da Praça Charles Muller nos anos 90), Polícia (cover dos Titãs), e Roots Bloody Roots que contou com uma mescla de uma versão mais thrash metal, e um arrastado sludge Em mais uma noite, os irmãos Cavalera mostraram que se mantém fiéis e dignos do legado construído em suas carreiras.
- Roots Bloody Roots
- Attitude
- Cut-Throat
- Ratamahatta
- Breed Apart
- Straighthate
- Spit
- Dusted
- Lookaway (com trechos de “War Pigs”, do Black Sabbath, e “Territory”)
- Itsári (Cipassé Xavante sobe ao palco no fim)
- Ambush
- Dictatorshit (Hey Bolsonaro, vai toma no c*)
Bis: - Troops of Doom (com participações de Alex Camargo, do Krisiun, e Iccaro
Bass Cavalera, filho de Iggor Cavalera; antecedida por trecho de “Raining
Blood”, do Slayer) - La Migra (cover do Brujeria)
- Refuse/Resist (com trecho de “Territory”)
- Orgasmatron (cover do Motörhead)
- Polícia (cover do Titãs)
- Roots Bloody Roots (versão rápida)
Show fantástico em uma noite memorável! Pra mim que tive a oportunidade de ver Max e Igor no Hollywood Rock de 94, foi uma ‘lavada de alma’…
Ótimo texto Andrei!