Texto por Guilmer (@guilmer_metal) – Fotos por Gabriel Gonçalves (@dgfotografia.show)
40 anos de carreira não são para qualquer um, especialmente para uma banda de thrash metal. São quatro décadas percorrendo o mundo e espalhando a palavra do metal.
Schmier & Cia retornam à América Latina para cobrir territórios que ficaram de fora na primeira parte. Brasil, Colômbia, Uruguai e Panamá testemunharam um setlist especial, repleto de clássicos que tornaram o Destruction um dos pilares da cena mundial do metal. A lendária banda alemã influenciou não apenas bandas de Heavy e Thrash Metal, mas também de Black, Death e outros estilos extremos ao redor do planeta. Poucos dias antes, a banda anunciou que haveria gravação de videoclipe durante o show, marcando São Paulo para sempre na história do grupo.
A abertura do show estava prevista para a clássica banda mineira Sextrash, que prometeu executar na íntegra o álbum Sexual Carnage, um clássico do metal nacional lançado pela banda de Belo Horizonte em 1990, pela Cogumelo Records. Contudo, por motivos de força maior, a banda não se apresentou. A troca rápida foi feita, e apenas uma hora antes do evento soubemos que a banda Válvera abriria o show.
Thrash metal made in Brasil
Válvera é uma banda de Heavy/Thrash Metal paulista com quase 15 anos de estrada e já dividiu o palco com bandas como Sepultura, Angra, Prong, David Shankle, Ratos de Porão, Claustrofobia, Torture Squad, Krisiun, Korzus e Almah. A banda atualmente é formada por Glauber Barreto (vocal/guitarra), Rodrigo Torres (guitarra), Leandro Peixoto (bateria) e Gabriel Prado (baixo).
Às 18h30, pontualmente, o show começou. Com a casa quase cheia, a banda abriu com seu poderoso thrash metal, executando a faixa “The Skies Are Falling” do álbum Back to Hell de 2017, seu segundo full-length.
Com o público ainda tímido, Glauber pediu que se formassem rodas de mosh, e o pedido foi atendido durante as faixas “Bringer of Evil” e “The Damn Colony” do último álbum, o elogiado Cycle of Disaster, lançado em 2020.Embora o público estivesse contido no início, da metade para o fim, as rodas de mosh não pararam. Em seguida, tivemos a primeira execução em terras brasileiras do novo single da banda, “Reckoning Has Begun”, que até então só havia sido tocado na turnê europeia. Se esse for o estilo do novo trabalho, certamente será um thrash metal de primeira categoria.
Na parte final do show, foram executadas duas faixas pesadas: “Nothing Left to Burn”, do álbum Cycle of Disaster, e “Demons of War”, do álbum Back to Hell, que inclusive tem um videoclipe bem bacana.Foi um show curto, mas cumpriu o prometido: thrash metal brasileiro de alta qualidade, com a banda mostrando que está mais viva do que nunca. Estou ansioso pelo novo trabalho; que venha logo!
Há 40 anos dando aula de thrash metal
A formação atual do Destruction inclui o mestre dos riffs Damir Eskić, o experiente Randy Black (ex-Annihilator e Primal Fear), o talentoso novo guitarrista Martin Furia, e um dos maiores vocalistas/baixistas da história do thrash, Marcel “Schmier” Schirmer.
Com um atraso de cerca de 20 minutos e a casa lotada, os titãs do “teutonic thrash metal”, ou para os mais íntimos, o thrash metal germânico, finalmente subiram ao palco. Sem rodeios, começaram a noite com “Curse the Gods”, do clássico Eternal Devastation, considerado por muitos o melhor álbum de thrash alemão. Foi o prenúncio de uma noite maravilhosamente nostálgica e memorável.Seguindo o show, ouvimos as músicas “Invincible Force” e a explosiva “Nailed to the Cross”, do álbum The Antichrist, lançado em 2001, cantada a plenos pulmões pelo público: “NAILED FUCKING TO THE CROSS”.
O riff inicial do clássico “Mad Butcher” fez uma roda dominar todo o Carioca Club. Era impossível ficar parado e não tocar air guitar. O novo membro, o guitarrista Martin Furia, é um espetáculo; o rapaz toca com a alma e mostra que seu único “defeito” é ser argentino. Com o público em suas mãos, Schmier pediu punhos erguidos na pesada “Life Without Sense”. Sem deixar a energia cair, a rápida “Release from Agony” foi tocada no volume máximo.
Como informado no início, haveria gravação de um videoclipe, e a faixa escolhida foi “Armageddonizer”. Fiquei um pouco confuso, pois essa música faz parte do álbum Day of Reckoning, lançado em 2011. Schmier tem um carinho especial por São Paulo. Em uma breve pausa, declarou que o país e a cidade moram em seu coração, e que é sempre uma alegria tocar para os fãs brasileiros. Após a declaração, ele pediu que todos gritassem “We Destruction!” e anunciou a blasfema “Total Desaster”, do EP Sentence of Death de 1984, uma música que certamente influenciou toda uma geração do black metal escandinavo.
Não sou muito fã de solos em shows, pois acho que quebram o clima, mas é um bom momento para ir ao banheiro. Aqui, o guitarrista Damir Eskić se consagrou, mostrando o motivo de ter sido escolhido a dedo por Schmier. Felizmente, o solo durou menos de dois minutos, e então veio “Eternal Ban”, com uma sequência arrasadora que fez a alegria dos thrashers presentes. Schmier comentou que a nova música era sobre a situação política mundial, muito pertinente para o momento, especialmente no dia de eleição no Brasil. Em seguida, anunciou “No Kings No Masters”, novo single da banda, oferecendo um gostinho do próximo trabalho, seguido das faixas “Antichrist” (uma das minhas favoritas) e “Death Trap”, encerrando assim um show brutal.
Após cinco minutos, Schmier pergunta se queríamos mais. O que você acha? Mais thrash, claro!
A parte final do show foi devastadora, com as pesadas “Diabolical”, a instrumental “Thrash Attack” (um verdadeiro ataque thrash), a clássica “Bestial Invasion” – com o riff parecendo uma serra elétrica – e minha favorita da banda, “Thrash ‘Til Death”, fazendo o Carioca Club vir abaixo. O Destruction continua dando uma aula de thrash mesmo após 40 anos.