Em entrevista exclusiva a nós do Sonoridade Underground, o simpático e lendário vocalista Udo Dirkschneider fala sobre a turnê na América Latina tocando Balls To The Wall na íntegra, conta histórias da época do álbum, diz como é tocar novamente com Peter Baltes, a relação com seu filho enquanto membro da banda, e responde acusações de ex-membro.
Fernando Queiroz: Udo, em primeiro lugar, obrigado pelo seu tempo e atenção a nós do Sonoridade Underground!
Udo Dirkschneider: O prazer é meu falar com vocês.
Fernando: Bem, essa é a primeira vez que tocarão o clássico Balls To The Wall na íntegra aqui, correto?
Udo: Sim, isso! Então, nós começaremos agora essa turnê de quarenta anos do Balls To The Wall na América do Sul. Faremos um show em São Paulo, aí no Brasil, e daí faremos Argentina, Chile, Colômbia e México.
Fernando: Então teremos músicas que nunca foram tocadas por aqui antes.
Udo: Sim, definitivamente haverá músicas que vocês nunca ouviram ao vivo. Por exemplo, Guardians Of The Night e Fight It Back. Duas que consigo me lembrar que acho que nunca tocamos antes ao vivo.
Fernando: E como você vê a expectativa das pessoas para isso? Sente que estão animadas para ter a chance de ouvir músicas incríveis como essas pela primeira vez?
Udo: Sem dúvidas! Muitas e muitas vezes no Facebook e outras redes sociais as pessoas falam ‘nossa, gostaríamos muito de ouvir Losing More Than You Ever Had e Guardians Of The Night. Mas, claro, como é uma turnê comemorativa do álbum, tocaremos ele na íntegra, e por aí ser um show completo nossa, serão cerca de noventa minutos de show, e o álbum tem cerca de quarenta e cinco minutos, tocaremos outras músicas do Accept durante o show. E garanto, serão todas músicas do Accept!
Fernando: Tem uma coisa que vejo sempre vários músicos falando. Que o público brasileiro é muito animado nos shows! Você também vê isso em relação aos brasileiros e do público latino-americano no geral?
Udo: Sim, isso é verdade. Como posso dizer isso? Acho que o público na América do Sul realmente entra na coisa. Cantam extremamente alto, com muita paixão e animação. Eu realmente adoro tocar aí por isso. Agora nós estamos em tour (Nota: com o U.D.O., outra banda de Udo Dirkschneider) nos Estados Unidos e Canadá, e é um pouco diferente mesmo. Digo, as pessoas por aqui também cantam junto, mas não é com o mesmo entusiasmo, a mesma energia. Por aí é algo completamente diferente!
Fernando: Acho que essa é uma pergunta um pouco estranha de se fazer, mas você sentiu alguma dificuldade em traçar uma linha de ‘esse é Sven [Dirkschneider, baterista da banda], meu filho’ e ‘esse é Sven, meu colega de banda’? Foi difícil separar as coisas no começo?
Udo: Não, não. Foi fácil isso. Quero dizer, a relação entre Sven e eu hoje em dia é muito mais de amizade, sabe? Não é como ‘ah, papai’. Então na banda, ele é um membro da banda, e se tivermos que conversar algo entre nós (como pai e filho), então conversaremos em particular. Mas ele está realmente integrado igual a todos os outros caras da banda, e ninguém lá fica ‘ah, esse é o filho do Udo, tenho que tomar cuidado!’. Não, é realmente bem simples a coisa aqui. E no próximo ano ele já vai fazer dez anos na banda, o que é bastante tempo.
Fernando: Então quando na banda, é uma relação completamente profissional.
Udo: Sim, definitivamente.
Fernando: E você acha que ele sentiu um pouco de pressão quando entrou na banda, no começo?
Udo: Eu acho que sim, no começo. Antes dele dizer ‘sim’ para se juntar ao U.D.O., ele ficou ensaiando durante semanas para ter total certeza de que conseguiria mesmo tocar todas as músicas. E nos primeiros shows ele realmente estava bem nervoso, pensando tudo para sair do jeito certo. Mas agora ele já está bem desenvolto, já sabe como fazer isso e aquilo, já automaticamente direcionando as coisas naturalmente. E é realmente muito bom ver como ele está se desenvolvendo. Eu realmente estou muito feliz de ter ele tocando comigo.
Fernando: Uma coisa que andei pensando. Lá atrás, em 1983, quando o Balls To The Walls foi lançado, a capa do álbum era… quero dizer, eu não era nascido naquela época… mas hoje em dia eu vejo algumas pessoas dizendo ‘ah, isso é gay’, e coisas assim. Lá atrás, em 1983, também foi dessa forma?
Udo: (risos, muitos risos) É, eu entendo bem o que você diz! (risos). Então, a ideia (da capa) na verdade veio da gerência, da gravadora e tal. E havia um conceito de as pessoas ficarem tipo ‘Nossa! O que é isso?’, sabe? E eu acho que foi um grande conceito dos caras lá de cima. E quando saiu London Leatherboys, muitos ficaram ‘wow, isso é uma música gay?’. Mas não, é uma música sobre gangues de roqueiros, sabe? Também teve algo assim com a música Love Child. Sabe, tem uma história engraçada. Eu lembro que quando viemos para os Estados Unidos pela primeira vez com o Balls [To The Walls], já em 1984, nós tocamos em San Francisco, e acredite, isso era ‘algo’ (risos).
Fernando: Ah, sim, lá era o ‘point’ na época, não?
Udo: Exatamente! E o local que colocaram a gente para tocar… cara, foi muito estranho, pois era uma boate gay! E todos nós e o público estávamos tipo ‘certo, ok… estamos no lugar certo mesmo? O que diabo é isso aqui?’ (risos). Mas acho que esse é o álbum ‘menos Accept’ nosso. Mas eu acho que foi um ótimo conceito da diretoria. Quero dizer, é assim que muitos vêem aqui nos Estados Unidos e um pouco na Europa, eu acho. Era um álbum bem mais pesado, mais rápido. Talvez tenha sido o primeiro álbum de ‘Speed Metal’ de todos! Todos ficaram tipo ‘nossa, o que é isso?’. E eu estou realmente muito animado para tocar o álbum inteiro, e acho que o pessoal vai curtir.
Fernando: Certo, acho que essa é uma pergunta um pouco polêmica, e não precisa responder se não quiser, e já peço desculpas antecipadamente. Há alguns anos um ex-membro da sua banda, um brasileiro, disse algo do tipo em uma entrevista para o Brasil: “Nós viajávamos, e ele (Udo) ia de primeira classe, enquanto todos da banda, até mesmo o filho dele, íamos de classe econômica. Ele trata todos como lixo.”. Bem, você gostaria de comentar sobre isso, ou responder isso?
Udo: Ah, certo. Bem, não. Não tem nada disso! Digo, essa é minha banda, não é? Quero dizer, nós viajamos muito. Muito mesmo! Se contarmos todas as milhas que fazemos com, por exemplo, a Lufthansa (companhia aérea alemã), eu consigo fazer um upgrade na classe. E sem gastar. Mas isso é para mim, com as minhas milhas. Meu filho também vai de [classe] executiva (nota: em momento nenhum ele cita a Primeira Classe, como o ex-membro falou, e sim a executiva), pois ele também tem muitas milhas, e faz o upgrade. E outros membros também fazem isso, alguns até acabam indo de primeira classe (pelo tanto de milhas que têm). Então não, isso é totalmente estúpido, não é verdade (o que o ex-membro disse)! Sabe, todos no U.D.O. é um membro na turnê. Não é como se eu fosse o chefe e falasse o que todos têm que fazer! Não, definitivamente não funciona assim.
Fernando: Entendo. Bem, desculpe tocar nesse assunto.
Udo: Não, imagina! Sem problema nenhum!
Fernando: Só uma última pergunta. Bem, tendo o Peter Baltes tocando novamente com você agora, imagino que muitas pessoas pensem que o Dirkschneider e o U.D.O. é ‘mais Accept que o Accept’. Você tem percebido isso por parte do público?
Udo: Nossa, todos com quem falei até agora estão bem felizes com isso. E sabe, isso não foi planejado! Estávamos no meio da nossa turnê do Game Over(2021/2022), inclusive aí mesmo na América do Sul, acredito que em São Paulo mesmo, no aeroporto, e eu recebi um e-mail do nosso então baixista (nota: Tilen Hudrap) dizendo ‘ah, estou fora do U.D.O., blá blá blá blá(sic)’, uma coisa meio estranha. E então sentei no jantar e fiquei ali ‘putz, preciso achar de novo um baixista.’, e então o Peter me contatou e disse ‘ei, eu adoraria me juntar ao U.D.O.’, e eu disse ‘Peter, você tem certeza?’. Ele disse que sim, e no fim deu tudo certo. E eu realmente estou muito feliz de tocar de novo com o Peter! E, bom, vamos dizer assim… (risos)… agora temos dois membros originais do Accept no palco, enquanto o Accept mesmo só tem um. E tem gente que fala ‘ah, mas o Wolf [Hoffmann] isso, aquilo’, sim, ele tem o nome e tudo. E, bom, vamos dizer que está tudo bem. O cantor atual [Mark Tornilo] é realmente bom e tudo. E está tudo bem, sem problema nenhum. Eles fazem o deles, nós fazemos o nosso. E quero dizer, eu posso fazer o U.D.O., que já tenho dezenove álbuns, e quando eu quiser, posso tocar com o Dirkschneider, onde toco apenas músicas do Accept. Então eu estou feliz, posso fazer duas coisas, enquanto ele só pode fazer o Accept.
Fernando: Bom, muitíssimo obrigado pelo seu tempo e atenção, Udo.
Udo: Disponha! Eu quem agradeço. E te vejo aí em São Paulo.
Udo Dirkschneider tocará em São Paulo no dia 11 de Novembro.
Serviço:
Data: 11 de Novembro de 2024 – segunda-feira
Abertura: 19h
Local: Carioca Club Pinheiros
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros – São Paulo, SP
Classificação: +16
Ingressos:
1º Lote – Pista – Meia-entrada: R$ 190,00
1º Lote – Pista – Solidário (doe 1 Kg de alimento não perecível): R$ 190,00
1º Lote – Pista – Inteira: R$ 380,00
1º Lote – Camarote – Meia-entrada: R$ 260,00
1º Lote – Camarote – Solidário (doe 1 Kg de alimento não perecível): R$ 260,00
1º Lote – Camarote – Inteira: R$ 520,00
Venda: https://www.clubedoingresso.com/evento/dirkschneider

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