TIAMAT – REPERTÓRIO ESPECIAL PASSOU POR DIVERSAS FASES DA BANDA

Fotos por Raíssa Correa (@showww360)

Com quase 40 anos de história, o Tiamat passou por diversas metamorfoses dentro do metal – iniciando mo black/death metal sujo e profano, até se firmarem de vez no gothic metal atmosférico e psicodélico em meados dos anos 90. Cada uma dessas fases criou uma mistura que moldou e influenciou o gênero para diversas bandas nos anos 2000.

Após o lançamento do último álbum em 2013, a banda se manteve pouco ativa, mas ainda com alguma presença na mídia. Dezesseis anos depois, os suecos retornaram ao Brasil pela segunda vez para um show exclusivo em São Paulo.

RECEPTIVIDADE E CARINHO AOS FÃS

Uma segunda-feira (15) de dezembro não é exatamente o melhor dia para se fazer um show, por mais que sejam um período de recesso.

A casa abriu as portas às 19h com previsão do show começar as 20h, sem banda de abertura, e

pasmem, sem merchandise oficial! Os bootlegs acabaram sendo a única opção de adquirir quaisquer produtos como lembrança do show.

O público presente mal chegava a um quinto da capacidade da casa, mas certamente era de fãs dedicados que já estavam na frente do palco.

O relógio bateu 20h00, mas o som de blues ambiente não cessou e as cortinas do palco não abriram – sinal aparente de atraso. Cinco minutos depois, o vocalista Johan Edlund atravessa a cortina e era ovacionado pelos fãs que rapidamente se aproximam da beira do palco. Muito respeitosamente, ele cumprimenta os fãs e começa a autografar os materias que lhe eram pedidos. Atitude muito bacana, porém incomum.

Após cinco minutos de autógrafos pré-show, o frontman se retira, porém uma versão extendida de “Another Brick In A Wall”  de fundo não deu margem pra qualquer início de show imediato, pois de fato só começou as 20h16.

INÍCIO MORNO MAS COM BOA SELEÇÃO DE MÚSICAS

As cortinas se abrem e revelam a banda que iniciou o show tocando “Church Of Tiamat” do álbum Skeleton Skeletron, uma boa escolha para introduzir o que seria um show quase biográfico, que passou por grande parte da discografia da banda. Após uma breve apresentação do vocalista ao público, a banda já engatilhou uma trinca do álbum Clouds; “In a Dream” e “Clouds” em sequência, porém o som geral estava com pouca potência e sem muito peso da guitarra. Isso evidentemente incomodou o guitarrista Simon Johannson, que resolveu trocar de instrumento ao final da terceira música. Assim, quando iniciaram“The Sleeping Beauty”, o som veio mais presente e pesado como deveria ser, dando até uma animada no público.

OS HITS QUE NÃO PODERIAM FICARA DE FORA

O quinteto revisitou músicas clássicas do icônico Prey  (2004) – “Divided “ trouxe uma vibe mais atmosférica, com o baixista Gustaf Hielm fazendo os vocais mais singelos, originalmente gravados com uma vocalista feminina, mas que casaram bem ao vivo com os graves profundos de Edlund. O teclado estava mais presente nessa música, fazendo um papel importante que é característico da sonoridade do Tiamat. “Will They Come” do álbum Amanathes, foi uma surpresa boa, atendendo o pedido de vários fãs que clamavam.“Cain”, uma das mais queridas do público, estava com uma roupagem mais “leve”, o que destacou a falta de uma segunda guitarra, que costumava ser tocada pelo frontman anos atrás. O mesmo parecia ter dificuldade em cantar na intensidade e no tom preciso da canção. Tivemos a estreia inédita da canção“Phantasma de Luxe” do álbum A Deeper Kind Of Slumber, trazendo a vibe de cemitério para o Carioca. “Brighter Than The Sun”  foi um dos pontos altos de animação do público, com o refrão marcante e sequência de palmas coordenadas.

SEGUNDA PARTE DO SHOW QUASE TOTALMENTE DEDICADA AO ÁLBUM WILDHONEY

A vibe fúnebre e dançante mudou completamente quando a trilha instrumental de “Wildhoney”,  dando início a “Whatever That Hurts”, com atmosfera de bosque místico e uma pitada a lá Pink Floyd, tomou conta da casa, com guitarras limpas e vocais mais etéreos.“The Ar” trouxe uma continuidade na história de maneira mais pesada e agressiva: “Do You Dream Of Me” destacou um pouco mais do guitarrista Simon Johannson, com acordes limpos e perfeitamente tocados.“Visionaire” fechou a sequência de Wildhoney, que retornaria mais tarde no set.

“Cold Seed”  retornou mais dançante e instigou pulos e palmas dos fãs a pedido do vocalista. O teclado voltou a ter mais destaque. “Wings of Heaven” voltou pesando o clima característicoda banda – Essa em específico poderia ter sido subistituida facilmente por “Carry Your Cross And I’ll Carry Mine”  do mesmo álbum.

MUITA COMPETENCIA TÉCNICA MAS POUCO ÂNIMO

A banda em si contou com exímios músicos, como o veterano Lars Sköld, que assume as baquetas da banda desde 1994, e mostra um compasso preciso da sessão rítmica da banda, e até chegava fazer alguns backing vocals. Mas de longe quem carregou o peso do arranjo nas costas, foram os músicos Simon Johannson (guitarra) e Gustaf Hielm (baixo), que davam o máximo de si para deixar o instrumental mais perfeito possível, em contrapartida dos vocais sorumbáticos do vocalista. Per Wilberg, foi o tecladista escalado da vez, e que apesar de toda sua proficiência conhecida dos tempos que fazia parte do Opeth, estava com pouco destaque geral, escondido ao lado da bateria em meio as sombras de luzes e fumaça, e muitas vezes com o teclado sendo engolido pelo resto dos instrumentos em partes que seriam cruciais ouví-lo.

“Vote For Love” do álbum Judas Christ (2002) retornou a pegada mais “gótico clássico”, enquanto a sequência da faixa de“25th Floor”  para “Gaia”, encerrou o show na vibe progressiva “Pink Floydiana” com um belíssimo solo de guitarra de 60km de duração.

APRESENTAÇÃO DECENTE PORÉM ANÊMICA

Uma banda com a história do Tiamat certamente merecia muito mais atenção do que se tem ultimamente. O setlist apresentou muito da variação sonora que a banda teve em quase 40 anos de existência, quando ainda se chamavam Treblinka no final dos anos 80. Porém, é nítido um certo cansaço por parte do vocalista Johan Edlund. Sabe-se que desde 2014 a saúde do cantor não foi a das melhores, tendo sido hospitalizado na época por conta de convulsões e delírios frutos de um suposto AVC.

Isso não o impediu de continuar com a banda, mas afetou diretamente as atividades e performances. Não foi um show ruim, mas para muitos que possivelmente estavam vendo a banda pela primeira vez ao vivo, talvez não tenha sido a apresentação que esperavam.

SETLIST TIAMAT LATAM TOUR 2025

Church of Tiamat

In a Dream

Clouds

The Sleeping Beauty

Divided

Will They Come?

Cain

Love in Chains

Phantasma De Luxe

Brighter Than the Sun

Wildhoney

Whatever That Hurts

The Ar

Do You Dream of Me?

Visionaire

Wings of Heaven

Vote for Love

25th Floor

Gaia

FORMAÇÃO: 

Johan Edlund – Vocal

Simon Johannson – Guitarra

Gustaf Hielm – Baixo

Lars Sköld  – Bateria

Per Wilberg – Teclado

Nos sigam e deêm um like na gente \m/
error
fb-share-icon

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *