Foto: Jason Galea
Decisão da banda australiana afeta grande parte da discografia e levanta questionamentos sobre investimentos da empresa em tecnologia militar
A banda australiana King Gizzard & The Lizard Wizard retirou uma parte significativa de sua discografia do Spotify, em protesto contra o CEO da plataforma, Daniel Ek. A decisão foi anunciada por meio das redes sociais e afeta principalmente os álbuns lançados a partir de 2020, editados pelo selo independente da banda, o KGLW.
Em um comunicado publicado no Instagram, o grupo justificou sua saída com críticas ao direcionamento dos lucros obtidos pela plataforma de streaming. Segundo a banda, Ek estaria investindo parte do capital da empresa em companhias envolvidas com o desenvolvimento de tecnologia e armamentos militares. A mensagem foi acompanhada de uma imagem provocativa da banda fictícia Velvet Sundown, criada por inteligência artificial, que viralizou no Spotify recentemente.
A atitude dos músicos reflete um posicionamento político e ético cada vez mais comum entre artistas preocupados com a transparência e a responsabilidade social das plataformas digitais. Com uma das discografias mais prolíficas da música contemporânea, o grupo lançou neste ano o álbum “Phantom Island”, que já não está mais disponível no serviço. Dos 12 discos de estúdio lançados mais recentemente, 11 foram removidos da plataforma, restando apenas “Made in Timeland”, um álbum experimental composto por duas faixas de 15 minutos cada.
Mesmo parte dos álbuns lançados anteriormente, sob o selo australiano Flightless, também foram atingidos. Clássicos como “Nonagon Infinity” (2016) e “Murder of the Universe” (2017), considerados marcos na discografia da banda, já não estão mais disponíveis para streaming no Spotify.
A decisão dos King Gizzard & The Lizard Wizard acontece meses após a banda realizar três shows lotados no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e levanta um debate mais amplo sobre os caminhos do mercado de música digital e os compromissos éticos das grandes plataformas.