BANGERS OPEN AIR 2025: ÚLTIMO DIA NOS TROUXE DE CLÁSSICOS DO POWER METAL, A ESTREIA DE LENDA DO THRASH, E ÍCONES DO HARD ROCK OITENTISTA

Chegamos, finalmente, ao terceiro e último dia de festival. Já dá até saudades só de lembrar.

Foto de capa por @diegopadilha

Mais uma vez encabeçados pelo power metal, a variedade de som agradou a todos os presentes, que tiveram opções de sobra do que assistir, do que ouvir. Diversos gêneros tocando um após o outro, e em palcos concorrentes. Também foi o dia que trouxe as mais celebradas que criticadas substituições: pouca gente lamentou o cancelamento de Knocked Loose, We Came As Romans e I Prevail, com todo o respeito a essas bandas, e muito celebraram a inclusão do “repeteco” de Blind Guardian, Destruction e a segunda apresentação do Kamelot.

Era também dia de estreias! A primeira passagem da banda de metal sinfônico Beyond The Black no país, além da estreia, no Brasil, da banda solo do icônico e lendário Kerry King e seu thrash metal. Além, claro, da banda que fez a alegria da primeira edição, o Avantasia, que veio com um time de lendas do rock e heavy metal em um longo setlist, e os veteranos do W.A.S.P. com seu hard rock cheio de hits do passado. Impossível, também, não citar o muito esperado show do Lord Of The Lost, e a impecável apresentação dos góticos britânicos do Paradise Lost, que trouxeram consigo as nuvens negras, literalmente.

Confira conosco tudo que rolou neste último dia do maior festival de heavy metal e hard rock da América do Sul!

ESTREANDO NO BRASIL, O BEYOND THE BLACK REPRESENTA O METAL SINFÔNICO NO FESTIVAL EM ÓTIMO COMEÇO DE DIA:

Se no ano passado o metal sinfônico foi protagonista, neste, tivemos apenas um representante. Abrindo o dia do festival, os alemães do Beyond The Black, comandados pela carismática vocalista Jennifer Haben, levantaram a bandeira do gênero, em apresentação curta, mas focada em seus hits.

Embora menos conhecida no Brasil, a banda já tem cinco álbuns lançados, e vem fazendo constantes turnês pela europa em seus onze anos de estrada. A banda, nesse período, passou por uma mudança de formação completa, quando somente Jennifer continuou na banda, e a reformulou.

Ainda antes do meio-dia, entraram no palco ao som de seu primeiro álbum, Songs of Love and Death, a perfeita para abertura, “In The Shadows” – uma de suas canções mais conhecidas. Talentosa, e com visual claramente inspirado na cantora Amy Lee, do Evanescence, a vocalista mostrou porque foi vencedora de programas de talentos alemão, e entrou no grupo pop feminino Saphir, antes de sair do gênero e se dedicar ao metal. Canta bem, com potência na voz, e não se apega aos clichês do estilo, apostando não nos líricos, nem nos guturais, mas nos vocais limpos populares, dando um tom mais “power” ao sinfônico, algo que faz, de certa forma, lembrar a cantora Sharon Den Adel

O momento mais animado para o público, claro, foi já quase no fim, quando tocaram seu maior sucesso, “Lost in Forever”, música que os alçou ao mainstream do metal alemão, lá ainda em 2015. Missão cumprida para os alemães!

Fotos por @rogeriovonkruger

SETLIST:

In the Shadows

Hallelujah

When Angels Fall

Songs of Love and Death

Heart of the Hurricane

Is There Anybody Out There?

Reincarnation

Wounded Healer

Shine and Shade

Lost in Forever

FENÔMENO CULTURAL EUROPEU, LORD OF THE LOST VOLTA, APÓS DOIS ANOS, AO FESTIVAL, FORTALECIDOS POR SUA PARTICIPAÇÃO NO EUROVISION, E COM ÁLBUM NOVO PRESTES A SER LANÇADO:

Quando os alemães do Lord Of The Lost vieram ao Brasil para a primeira edição do festival, então chamado Summer Breeze Brasil, eram ilustres desconhecidos do público brasileiro. Fizeram seu show no palco menor, o Sun Stage, e partiram imediatamente em direção ao estrelato – quase literalmente, pois logo depois, participaram do maior concurso musical europeu, o Eurovision, representando a Alemanha, e dali para frente, só sucesso! Dois anos depois, aqui estavam eles novamente, dessa vez fortalecidos, maiores, e no palco principal do evento, para um público que já os conhece, e um forte fã clube no país. Fã clube esse, aliás, que encheu o palco Hot, apesar do show cedo!

Abriram sua apresentação com “The Courtain Falls”, do álbum de Blood & Glitter de 2022, e com seu “Metal Pop Gótico”, faziam seu público pular e dançar, ignorando o calor da uma da tarde. Um dos shows mais animados, com público mais focado, e mais fiel do festival, principalmente por se tratar de uma das bandas iniciais.

Carismático, o vocalista Chris Harms, com seu visual extravagante tem total domínio de seu público, e diferente da edição anterior, quando não sabiam o que esperar, e sem muitos fãs propriamente, a banda entendeu que tinha um público ali especialmente para eles, o que facilitou sua vida. Foi realmente o momento dançante do dia. É verdade, é um som que não agrada todos ali, e desagrada muitos, mas sua base de fãs própria fez com que estivessem no local certo, na hora certa, e fizeram bonito para eles.

Terminaram com a faixa-título do álbum anteriormente citado, “Blood & Glitter” em uma hora de um show tanto de música, quanto de visual – que teria sido ainda mais visual se fosse à noite. De Lost para Lost, como o vocalista falou antes de acabarem sua apresentação, demonstraram respeito às lendas que viriam a seguir.

Fotos por @rogeriovonkruger

SETLIST:

The Curtain Falls

The Future of a Past Life

Loreley

Destruction Manual

For They Know Not What They Do

Raining Stars

Six Feet Underground

Born With a Broken Heart

Live Today

Die Tomorrow

Drag Me to Hell

We’re All Created Evil

Blood & Glitter

OS PRECURSORES DO GOTHIC METAL, INGLESES DO PARADISE LOST TRAZEM AS NUVENS NEGRAS E FAZEM APRESENTAÇÃO PARA LÁ DE INCRÍVEL:

Alguns argumentarão que esse foi o melhor show do dia. Outros, dirão que foi o melhor do festival. Ambos podem estar certos. O que todos concordam, porém, é que foi uma apresentação genial, digna da carreira da banda britânica. Precursores do gothic metal, que já flertaram com o death e o doom, o Paradise Lost nunca decepciona! Sem virem ao país desde o já longínquo ano de 2018, as expectativas eram altas, e algumas pessoas com quem conversamos disseram que foi a principal banda, e principal fator, de terem comprado ingresso para o festival. E diga-se de passagem, é um ótimo motivo.

E se alguém tinha dúvidas que o show seria bom, já na primeira música provaram que seria. Abrir com “Enchantment”, faixa de seu álbum mais celebrado, Draconian Times, foi suficiente para o deleite de quem estava vendo. Não deixaram de tocar, claro, material de seu último álbum, Obsidian, com a segunda canção do dia, “Forsaken”.

Para melhorar ainda o clima do show, que começou sob sol, de forma até emblemática, dado o estilo da banda, logo no começo do show, nuvens negras começaram a pairar sobre o Memorial da América Latina. Isso, claro, melhorou para quem estava na plateia, tanto pelo menor calor, quanto pela sensação de clima soturno chegando – e deu até uma boa animada no pessoal, que começou, em coro, a gritar “Paradise Lost, Paradise Lost”. A banda percebeu que tinha o público na mão, e a partir daí, é só sucesso!

No geral, as doze músicas muito bem escolhidas, uma performance vocal irretocável de Nick Holmes, que fala pouco com o público, mas quando o faz, consegue levantar coros, deram a sensação de que, se acabasse ali, o festival já teria valido a pena! O Paradise Lost a cada show mostra porque é a maior referência gótica dentro do metal, e porque do Doom ao Death, todos têm eles como um norte, em algum ponto. O cover de “Smalltown Boy”, do Bronski Beat foi outra ótima escolha, e terminar com um clássico como “Just Say Words” deixou todos com sensação de satisfação, e com vontade de mais! Esperamos ansiosamente a volta dos britânicos para um show mais longo, mas o que tivemos neste domingo foi algo irretocável!

Fotos por @rogeriovonkruger

SETLIST:

Enchantment

Forsaken

Pity the Sadness

Faith Divides Us – Death Unites Us

Eternal

One Second

The Enemy

As I Die

Smalltown Boy

The Last Line

No Hopes in Sight

Just Say Words

COM SHOW MORNO, ESCOLHAS ERRADAS E VOCALISTA APARENTEMENTE CANSADO, KAMELOT É A DECEPÇÃO DO DIA:

Quando o I Prevail cancelou sua apresentação no festival, praticamente em cima da hora, os escolhidos para “tapar o buraco” foram os americanos do Kamelot. Como já iriam tocar no dia anterior, prometeram, para o domingo, um setlist diferenciado do anterior – embora, claro, algumas músicas sabíamos que não poderiam faltar em ambos. Se juntarmos os dois dias de apresentação, na prática, deu um show “solo” inteiro deles, o que pode parecer bom, mas as expectativas não foram atendidas.

Diferentemente do dia anterior, quando atrasaram alguns minutos, no domingo a banda entrou pontualmente, às 15h15 no Hot Stage. Com uma hora de show contada, a banda abriu sua apresentação com “Phantom Divine (Shadow Empire)”, música que não havia sido tocada no dia anterior, e com uma novidade: a vocalista Adrienne Cowan nos guturais. Embora muito talentosa, a cantora parecia um bocado perdida no palco, e claramente não sabia as letras. O vocalista da banda, Tommy Karevik, estava claramente cansado, e por mais que tentasse mostrar alguma interação com o público, não ganhou a plateia, que em momento nenhum gritou seu nome, e apenas em momentos muito tímidos e pontuais esboçou algum grito do nome da banda. Ainda tentou repetir algumas frases de efeito, como fizera no dia anterior, mas sem sucesso. Um ótimo cantor, mas, pelo menos no festival, não demonstrou carisma, e nem tem química com os fãs.

“Rule The World”, primeira música da fase antiga da banda, também não convenceu, talvez por se tratar de uma música de um disco não tão querido dos fãs, o polêmico Ghost Opera. Melhor a sequência, “Opus of the Night (Ghost Requiem)”, agora com a ótima Melissa Bony nos vocais limpos e guturais que, por já participar há algum tempo da banda, tinha mais familiaridade com as músicas. Outro ponto bom do show, mas falho, foi “Sacrimony (Angel of Afterlife), primeiro single do atual vocalista com a banda, que novamente Adrienne, que fez os guturais, não conseguiu se encaixar, e se perdeu em sua parte – diferente de Melissa, que do começo ao fim, em suas partes, esteve firme.

As músicas que realmente animaram o público foram as mais antigas. A clássica do álbum Epica, “Center of the Universe” finalmente conseguiu tirar gritos do público, assim como a ótima “Forever”, do álbum Karma, que não tem mais de cinco minutos, mas que tomou quase dez minutos de show, com aquela coisa de mandar a plateia cantar o riff em “oooooh”. Uma coisa muito legal, mas para um show de uma hora apenas, isso se torna desnecessário, e nesse tempo poderiam ter incluído mais, ao menos, uma música.

Finalizaram seu show Tommy e Melissa nos vocais no palco para sua música mais clássica, “March of Mephisto”, do álbum The Black Halo, até hoje o mais celebrado da banda, e que embora muito bem executada, por algum motivo tiraram o solo de teclado, um dos momentos mais legais da canção – o que é difícil entender, já que eles contam com um excelente tecladista no palco, Oliver Polotai, que teria reproduzido muito bem o solo gravado por Jens Johansson.

No final das contas, a banda saiu sob alguns tímidos aplausos de um público que respeitou sua apresentação, mas não demonstrou entusiasmo algum, e não deu química as partes. Uma pena, pois a banda poderia ter feito algo melhor.

Fotos por @raphagarcia

SETLIST:

Phantom Divine (Shadow Empire)

Rule the World

Opus of the Night (Ghost Requiem)

Insomnia

Sacrimony (Angel of Afterlife)

The Human Stain

Center of the Universe

New Babylon

Forever

March of Mephisto

O HOMEM, A LENDA, O MITO! KERRY KING, O GUITARRISTA DO SLAYER, EM SUA BANDA SOLO, GERA OS MAIORES MOSH PITS DO FESTIVAL, E CONTOU COM UMA BANDA AFIADÍSSIMA, E UM VOCALISTA FENOMENAL:

Vamos deixar uma coisa clara: eu não gosto de thrash metal. Tampouco gosto de Slayer. Mas como sempre digo, méritos a quem merece! A banda solo do guitarrista Kerry King é um panteão do estilo, e a apresentação mostrou por A+B, que existe vida pós-Slayer, e em muitos pontos, existe algo melhor, ao menos ao vivo.

O guitarrista esteve no Brasil para várias entrevistas, e em todas deixou claro a animação que estava por estrear no país com sua banda solo, e disse que sempre gostou de tocar por aqui com sua banda, agora praticamente parada, e sempre prestigiou muito os músicos que chamou para carreira solo. Não para menos, o time escolhido por Kerry é o que temos de melhor dentro do thrash metal americano. Aliás, há de se dizer, um músico ali já sabia o que esperar do festival – o vocalista Mark Osegueda foi uma das atrações do ano passado com sua banda, o Death Angel. Por isso, quem o viu na ocasião, já sabia também que, ao menos, qualidade de voz teríamos. E tivémos!

Em primeiro momento, o guitarrista apostou em músicas de seu álbum solo, o recém-lançado From Hell I Rise, que ele vem divulgando na atual turnê, e que, como ele mesmo disse em entrevistas, é o álbum que ele queria ter feito com o Slayer, caso a banda tivesse continuado ativa como antes. De qualquer forma, o disco é o que se espera de músicos desse calibre do thrash metal, e as músicas funcionam ao vivo como se espera. A todo momento podíamos ver rodas e mais rodas de bate cabeça entre o público, as maiores do festival todo. Com sol já baixo, quase anoitecendo, é claro que isso era menos desgastante que se fosse mais cedo, o que animou a galera.

Foi apenas na sétima música de seu setlist que tivemos a primeira pedrada do Slayer, “Disciple”, com seu icônico refrão god hates us all, que dá nome ao álbum God Hates Us All, de 2001. Em seguida, um cover: como o guitarrista disse em entrevista ao Sonoridade Underground, e confirmado no palco por Osegueda, em homenagem ao recém-falecido Paul Di’Anno e a Clive Burr, tocaram “Killers” do Iron Maiden.

Como não podia faltar, clássicos de sua banda “principal” não faltaram, e logo estavam tocando a música mais famosa do gênero, “Raining Blood”, onde, com todo respeito ao ídolo Tom Araya, mas Mark Osegueda deu uma aula de vocal agressivo. Tudo em tom original, sem perder o rasgado, e até encorpando mais a música ao vivo. Que baita escolha de cantor! Ainda tocaram outra da banda “Black Magic”, e terminaram o show com a faixa-título do novo álbum, “From Hell I Rise”, em um ótimo show para fãs de thrash, que saíram de alma lavada vendo como está boa essa formação escolhida pelo guitarrista, mantendo a alma do gênero viva.

Fotos por @diegopadilha

SETLIST:

Where I Reign

Rage

Trophies of the Tyrant

Residue

Two Fists

Idle Hands

Disciple

Killers

Shrapnel

Raining Blood

Black Magic

From Hell I Rise

CONFIRMADO RECENTEMENTE COMO UM DOS SUBSTITUTOS DO KNOCKED LOOSE E I CAME AS ROMANS, O BLIND GUARDIAN FEZ O QUE SE ESPERAVA. OU SEJA, UM GRANDE SHOW, RECHEADO DE CLÁSSICOS CANTADOS EM CORO:

Essa é uma das bandas mais clássicas e com mais fãs de power metal no mundo – e no Brasil. Se fossemos contar as camisetas por banda nesse dia de festival, possivelmente as do Blind Guardian seriam as mais numerosas. A banda alemã, ao longo dos anos, influenciou diversas outras do mesmo gênero, e de gêneros diferentes, incluindo mais modernos (por exemplo, o vocalista M. Shadows do Avenged Sevenfold já se declarou fã deles), e tem o status de, ao lado do Helloween, maiores lendas do estilo. Estariam, naquele dia, em sua segunda participação no festival, tendo sido um dos headliners na primeira edição, de 2023.

Aliás, é bom comentar: quando o festival confirmou que as bandas de metalcore citadas tinham sido canceladas, a notícia de que o Blind Guardian seria um dos substitutos ajudou o festival, com muitos comentários de pessoas nas redes sociais falando que, por conta disso, comprariam ingressos para o dia. Como se comentava por todo o canto do festival, foi o “melhor cancelamento possível”. Realmente, caiu como uma luva, pois o show deles jamais decepciona.

Sabe quando uma banda entra com os dois pés na porta? Pois é, foi assim, com seu grande sucesso, “Imaginations from the Other Side” que os alemães subiram ao palco. Como não podia ser diferente, Hansi Kursch, entrou com uma voz que parece vinho, e está cada dia melhor. Drives perfeitos, interpretação impecável, e pelo visto as férias não os tirou o entrosamento – era o primeiro show da banda no ano!

Momentos marcantes não faltaram. As adoradas “Into the Storm”, e “Time Stand Still (At the Iron Hill)”, do álbum Nightfall on Middle-Earth, foram cantadas em coro, como era de se esperar. Também tivemos surpresas, como “Tanelorn (Into the Void)”, que não era tocada ao vivo desde 2016, e “Mordred’s Song”, primeira vez desde 2017! 

É claro que haviam as partes que todos sabíamos que teria em um show da banda, mas mesmo assim sempre emocionam. A primeira, e maior de todas, é a música “The Bard’s Song – In the Forest”, a balada mais famosa do gênero power metal, e que em qualquer ocasião, se Hansi joga para a galera, ele nem precisa cantar, pois todos cantam por ele em coro. E assim foi, nas estrofes e no refrão que o vocalista simplesmente deixava as milhares de pessoas ecoar suas vozes. A outra foi “Mirror Mirror”, a música pesada mais famosa da banda, que serve muito bem para fechar shows. Mas não fechou! Ainda houve tempo para a pesadíssima “Valhalla”, que fechou o curto, porém intenso show da banda, em sua segunda passagem no festival. É incrível como essa banda é popular no Brasil!

Fotos por @raphagarcia

SETLIST:

Imaginations From the Other Side

Blood of the Elves

Mordred’s Song

Violent Shadows

Into the Storm

Tanelorn (Into the Void)

Bright Eyes

Time Stands Still (At the Iron Hill)

As the Story Ends

The Bard’s Song – In the Forest

Mirror Mirror

Valhalla

VETERANOS DO W.A.S.P., QUE CONTAM COM O BATERISTA BRASILEIRO, APOSTAM EM SEU PRIMEIRO ÁLBUM NA ÍNTEGRA, MAS ABUSAM DOS OVERDUBS EM SHOW DIVERTIDO E NOSTÁLGICO:

O “hardão das antigas” esteve sempre muito bem representado em todas as edições do festival! Primeiro com o Skid Row, em uma de suas últimas apresentações com o vocalista Erik Grönwall, e depois por grandes nomes como Sebastian Bach, vocalista clássico da própria banda citada anteriormente, e o “todo poderoso” Gene Simmons, baixista e vocalista do Kiss. Todos shows memoráveis! Esse ano, então, não poderia ser diferente. A “hardeira” estava presente, e quem representou o gênero foram os veteranos do W.A.S.P., liderados pelo polêmico vocalista e guitarrista Blackie Lawless, e com presença do baterista brasileiro Aquiles Priester (ex-Angra), membro há quase dez anos da banda americana.

Blackie é uma figura polêmica: nunca teve papas na língua, se envolveu em muitas brigas e trocas de farpas com ex-membros da banda, outros músicos da cena hard n’ heavy, e tido como um “tirano” dentro da banda – mais recentemente, gerou polêmica por prestigiar, em suas apresentações nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump. Bem, por sorte ele não fez isso aqui.

Era impressionante o número de camisetas da banda em pessoas circulando pelo evento. O  W.A.S.P. nunca foi um sucesso estrondoso no país, mas aparentemente, tem sua fase fiel de fãs no país, e por isso era uma das bandas mais esperadas daquela noite. O que esses fãs tiveram? Bom, vamos dizer que é um misto de qualidades e defeitos – ao mesmo tempo que, diferente do que havia sido dito, a banda não apostou em repertório variado, mas sim em tocar, na íntegra, seu primeiro álbum homônimo, de 1984, que foi um acerto. Por outro lado, era nítido que a banda usava e abusava de playbacks e overdubs não apenas dos teclados, mas de diversos instrumentos, inclusive da voz, em algumas poucas partes.

Já de cara ficou claro que iriam fazer seu debut na íntegra quando, ao subirem ao palco, começaram com seu grande hit “I Wanna Be Somebody”, que basicamente é aquela música que todos conhecem, mas uma boa parte nem faz ideia de que seja da banda.

De fato, esse álbum simplesmente não tem música ruim! É um prato cheio para fãs de hard, e o puro suco de anos oitenta. Ao longo do show, porém, via-se claramente que a guitarra de Blackie soltava notas que não estavam sendo tocadas, e ele fazia acordes “avulsos” que simplesmente não condizem com o que era ouvido. Vamos dizer que… “estranho”, assim como um claro overdub nas vozes – mas ele estava, sim, cantando, vale dizer. De toda forma, é sempre divertido ouvir essas músicas, a exemplo da fantástica “Hellion”, e a banda é extremamente performática, como é de se esperar.

Após terminada a saideira do álbum, “The Torture Never Stops”, veio realmente uma tortura, quando Blackie passou o microfone para Aquiles falar algumas palavras com o público brasileiro, em português. O que era para ser um discurso rápido, como o próprio baterista falou, se tornou uma fala de mais de quase cinco minutos desnecessariamente longos. Bem, normal o baterista brasileiro falar algo, e até bacana isso, mas não precisava se estender tanto! 

Tocaram, então, um cover do The Who, “The Real Me”, presente no álbum The Headless Children, e um medley de “Forever Free” com “The Headless Children”, para então tocarem seu maior clássico, “Wild Child” e finalizando com “Blind in Texas”. No fim das contas, um show gostoso de assistir, animado, performático, e apesar dos overdubs, é o W.A.S.P.! Vale muito para quem nunca viu a banda. Para quem já viu em ocasiões anteriores, um show divertido, mas que não se compara a outras apresentações, em outras épocas.

Fotos por ThiagoHenriqueFotografia

SETLIST:

I Wanna Be Somebody

L.O.V.E. Machine

The Flame

B.A.D.

School Daze

Hellion

Sleeping (In the Fire)

On Your Knees

Tormentor

The Torture Never Stops

The Real Me

Forever Free/The Headless Child

Wild Child

Blind in Texas

A “SELEÇÃO” DO POWER METAL E SYMPHONIC METAL CHAMADA AVANTASIA VOLTA COMO HEADLINER DO FESTIVAL:

Quando se tem Tobias Sammet como técnico, qualquer seleção sabe que vai ter grandes convocações. A depender do gosto pessoal de cada um, já passaram alguns dos melhores nomes do metal pela banda – de Michael Kiske e Kai Hansen, ao saudoso Andre Matos, além de Jorn Lande e Ralf Scheepers, o que nunca faltou lá foram estrelas. É bem verdade que o peso dos nomes da banda caiu um pouco, mas jamais a qualidade. Os presentes no festival, em shows anteriores, e que compõem o time feroz de vocalistas, inclui o excelente Ronnie Atkins, do Pretty Maids, Tommy Karevik, do Kamelot, e Adrienne Cowan. Além deles, Jeff Scott Soto, Eric Martin, Chiara Tricarico, e Herbie Langhans estiveram presentes para nos agraciar com suas vozes.

Dessa vez headliners do dia no festival, tamanho foi o sucesso de seu show em 2023, o Avantasia fez, nesta noite, um setlist completo, de quase duas horas, com um setlist que embora não perfeito, contemplou alguns dos grandes clássicos da banda – outros, confessemos, faltaram, e poderiam ter entrado no lugar de algumas músicas recentes.

A banda do maestro Sammet entrou pontual, com música de seu último álbum, Here Be Dragons, sua primeira faixa, “Creepshow”. Sob tímidos gritos de “Tobi, Tobi”, a segunda música empolgou mais! Com Adrienne Cowan em dueto com o líder, para a clássica “Reach Out for the Light”, de seu primeiro álbum The Metal Opera. Em seguida, após interagir – como sempre muito bem – com o público, foi a vez de Tommy Karevik subir ao palco para cantar “The Witch”, e Herbie Langhans, depois, para a faixa de The Scarecrow, “Devil in the Belfry”.

Foi a vez, depois do vocalista do Mr. Big, Eric Martin subir para cantar “Dying for an Angel”. Ele permaneceu no palco, e com a presença de Ronnie Atkins, a fantástica “Twisted Mind” foi tocada. Todas muito bem executadas, mas há de se dizer que sentimos falta das vozes que as gravaram originalmente, como Roy Khan e Klaus Meine.

Facilmente, porém, o ponto mais alto da apresentação foi a longa “The Scarecrow”, que é uma das mais adoradas pelos fãs, e provavelmente uma das melhores que Tobias já compôs. Outro momento legal foi quando o cantor Jeff Scott Soto cantou “Shelter from the Rain”.

O encore, porém, foi previsível. Com Tobias sozinho, junto às backing vocals, a balada “Lost in Space” caiu como uma luva para o momento. Depois, quando todos subiram ao palco juntos, era o momento final, sabíamos. Antes, porém, o cantor prometeu a todos que, enquanto o Avantasia existir, virá ao Brasil sempre. Assim esperamos! A saideira, claro, foi com o medley de “Sign of the Cross” e “The Seven Angels”.

É verdade que faltaram músicas, como a própria faixa-título da banda, “Avantasia”, que é um crime ficar de fora do repertório, mas mesmo assim, uma apresentação digna de um fechamento de noite, e de festival – um festival com muitos pontos altos, alguns momentos até perfeitos, e poucos revezes, pouquíssimos momentos decepcionantes, e o show dessa verdadeira seleção do metal coroou a goleada de bons momentos que foram esses três dias incríveis!

Fotos por @diegopadilha

SETLIST:

Creepshow

Reach Out for the Light

The Witch

Devil in the Belfry

Dying for an Angel

Twisted Mind

Avalon

The Scarecrow

The Toy Master

Shelter from the Rain

Farewell

Let The Storm Descend Upon You

Death is Just a Feeling

Lost in Space

Sign of the Cross/Seven Angels

Acaba aqui, a cobertura deste mega evento, que já está confirmado para sua quarta edição em 2026. Agora, ficam as memórias excelentes, e que venham mais, ano após ano!

E nós também prometemos: NOS VEMOS EM 2026!

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