Em 17 de abril de 1995, o Deicide lançava Once Upon the Cross, terceiro álbum de estúdio de uma das bandas mais controversas e anti-cristãs da cena extrema. Três décadas depois, o disco segue sendo referência absoluta do death metal e é celebrado por fãs e crítica como parte da “santíssima trindade” da carreira do grupo, ao lado dos dois primeiros trabalhos.
Após a repercussão dos discos anteriores, Deicide (1990) e Legion (1992), o quarteto retornou ao lendário Morrisound Recording, em Tampa, Flórida, durante 1994, com produção de Scott Burns. A masterização ficou a cargo do Sterling Sound, em Nova Iorque. Musicalmente, a proposta foi clara: manter a brutalidade e a técnica que já haviam colocado a banda como um dos pilares da cena death metal de Tampa.
Sonoridade e produção
Com apenas 26 minutos de duração distribuídos em nove faixas, Once Upon the Cross é curto, mas letal. O baterista Steve Asheim revelou, em entrevista, que as músicas eram ainda mais rápidas em sua concepção inicial, chegando a render apenas 22 minutos de gravação. A decisão de desacelerar o andamento resultou em um álbum mais “controlado” e técnico, mas sem perder a intensidade característica do grupo.
As guitarras afiadas dos irmãos Hoffmann, a bateria implacável de Asheim e o vocal visceral de Glen Benton compõem uma obra de impacto imediato, reforçada por uma produção limpa e poderosa, que se tornou referência do estilo.
Polêmica e censura
A capa original do álbum trazia uma representação gráfica de Cristo dilacerado, mas, prevendo censura, a gravadora optou por uma versão alternativa: um tecido branco manchado de sangue, sugerindo o corpo encoberto. A imagem mais explícita foi incluída apenas no encarte, aumentando a aura de polêmica que sempre acompanhou a banda.
Faixas marcantes
Entre os destaques estão a faixa-título, além de “When Satan Rules His World” e “They Are the Children of the Underworld”, que seguem presentes nos repertórios ao vivo. O disco ainda traz trechos do filme A Última Tentação de Cristo (1988) em “Once Upon the Cross” e “Trick or Betrayed”, ampliando o clima de tensão antes do ataque sonoro.
Legado
Recebido com entusiasmo tanto pela crítica quanto pelos fãs, Once Upon the Cross consolidou o Deicide como um dos nomes centrais do death metal nos anos 1990. Hoje, 30 anos após seu lançamento, o álbum continua sendo reverenciado como clássico absoluto do gênero.
Atualmente, mesmo sem os irmãos Hoffmann, Glen Benton e Steve Asheim mantêm o Deicide ativo e relevante. O grupo lançou em 2024 o álbum Banished by Sin, mostrando que a chama da brutalidade segue acesa — ainda que Benton, ao contrário do que prometera em entrevistas nos anos 1990, não tenha cumprido o plano de encerrar a própria vida aos 33 anos, mesma idade em que, segundo a Bíblia, Cristo foi crucificado.

Faixas:
01 – Once upon the Cross
02 – Christ Denied
03 – When Satan Rules His World
04 – Kill the Christian
05 – Trick or Betrayed
06 – They Are the Children of the Underworld
07 – Behind the Light Thou Shall Rise
08 – To Be Dead
09 – Confessional Rape
Formação:
Glen Benton – baixo/ vocal
Eric Hoffmann – guitarra
Brian Hoffmann – guitarra
Steve Asheim – bateria