Recentemente, o vocalista do Sonata Arctica, Tony Kakko lançou quase de surpresa seu primeiro projeto solo intitulado Himmelkraft.
Muito solícito e simpático, o icônico cantor finlandês nos concedeu entrevista exclusiva, onde fala um pouco sobre o projeto, sobre a diferença do que é o Himmelkraft e o Sonata Arctica, a cena finlandesa de metal, e como foi trabalhar neste projeto após anos apenas com sua banda principal.
Fernando Queiroz: Tony, já que o Himmelkraft é o primeiro projeto paralelo que você tem em muitos, muitos anos, como foi gravar com um time totalmente diferente do Sonata Arctica?
Tony Kakko: Bem, eu meio que mantive isso na família, como dizem. O Pasi (Kauppinen), do Sonata, no baixo, o irmão dele, Timo (Kauppinen), que é técnico de guitarra do Sonata, na guitarra, e o antigo técnico de bateria do Sonata, Jere (Lahti), na bateria. Mas sim, ainda assim foi… libertador de certa forma, eu acho. Principalmente porque eu não tinha o “Elefante do Sonata” nas minhas costas E eu nunca falei para ninguém sobre o processo de gravação, então não havia nenhuma agenda. Quando o álbum ficou pronto, comecei a contatar as pessoas.
Fernando: A ideia de um som mais sinfônico e diferente nesse projeto é algo que você sempre quis fazer, ou foi algo mais espontâneo?
Tony: As músicas basicamente ditam e me dizem o que elas querem ser. Algumas faixas querem e precisam de uma abordagem mais simples, outras de algo um pouco mais extravagante. Então, de certa forma, é muito espontâneo, sim.
Fernando: Sobre shows, há algum plano para turnês pelo mundo com o Himmelkraft?
Tony: Não. Neste ponto, absolutamente não. Talvez após o segundo álbum, mas SOMENTE se o Himmelkraft crescer para se tornar algo maior do que o Sonata Arctica. Eu não preciso de outra banda de turnê na minha vida, então a única maneira de eu ver isso acontecendo é se eu conseguir criar no palco algo que o Sonata Arctica não seja capaz de criar. Se acontecer, ótimo! Se não, ótimo! Fico feliz em manter isso mais underground.
Fernando: Como você compararia o Tony do Himmelkraft e o Tony do Sonata Arctica em termos de composição, criação e gravação?
Tony: O Tony do Himmelkraft está mais livre para jogar e brincar com paisagens sonoras e coisas estranhas do que o Tony do Sonata Arctica. Como compositor, por si só, eles são praticamente iguais. Existem faixas em ambas as bandas que seriam fáceis de realizar com a outra banda, com um pouco de rearranjo, pelo menos. Quero dizer… sou eu. Mas, de maneira geral, as duas bandas são bem diferentes uma da outra.
Fernando: Como você vê hoje a cena metal finlandesa comparada com o quando você começou?
Tony: Toda a cena e cultura musical mudaram tanto desde que começamos que é super difícil até comparar as coisas hoje em dia. Quero dizer, nem tínhamos downloads digitais, oficialmente, quando começamos. Naquela época, o metal era a maior coisa na Finlândia. Era uma loucura. Ficou tão grande que, de certa forma, acabou se virando contra si mesmo, porque o metal deveria ser sobre ser um rebelde, pelo menos um pouco, certo? Quando os políticos começam a usar bandas e músicas de metal como marketing também, você começa a ouvir metal em absolutamente todos os lugares, e toda a cena está prestes a colapsar sobre si mesma. E, de certa forma, isso aconteceu, quando a geração seguinte começou sua rebelião contra o que quer que os jovens se rebelassem, sociedade, pais… e a música metal virou uma espécie de “música de velho”, algo que mãe e pai escutam, então isso foi deixado de lado… eles partiram para o rap e outros estilos, porque seus pais não conseguiam entender e tolerar isso/odiavam. Ficou bem feio bem rápido, especialmente quando a maior parte da música foi para a internet. Começou a matar lentamente a cena como a conhecíamos. Quero dizer, as bandas estavam e ainda estão lá, mas toda a cena está bem diferente. Temos bandas novas, sim, os jovens ainda tocam, mas como a cena se tornou um pouco mais underground, é difícil lançar uma nova banda nessa trajetória. Mais difícil, de qualquer forma. Eu não sei como os jovens de hoje veem isso, mas para mim não é mais o mesmo. Nós tivemos a chance de surfar na grande onda do final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, e não houve mais ondas de metal desde então. Talvez esteja chegando a hora, quando o pessoal do rap tiver filhos e eles comecem a se rebelar, haha! Eu nem sei se respondi mesmo sua pergunta, haha!
Fernando: A sua experiência gravando com o Northern Kings e o Raskasta Joulua influenciou você na ideia de criar algo fora do Sonata Arctica?
Tony: Não. Não foi. O Himmelkraft, como ideia e nome, nasceu por volta de 1999-2000. Então, não.
Agradecimentos especiais aos amigos e parceiros da Shinigami Records!