Entrevista Tellus Terror: Aprofundando as emoções e desafios do novo álbum

Crédito: Foto por Diogo Yoshio (@diogoyoshio)

1. O conceito de “DEATHinitive Love AtmosFEAR” é extremamente profundo e cronológico, abordando várias fases da vida. Como surgiu a ideia de criar um álbum conceitual focado na evolução do amor e da dor ao longo da vida?

Marcelo Val – É parte da proposta da banda fugir ao lugar comum normalmente relacionado aos temas no Metal Extremo de forma geral, desde o primeiro álbum vemos o uso das temáticas líricas sendo aplicadas de uma forma mais abrangente no que diz respeito aos conceitos. Podemos falar de tópicos comuns no estilo, mas de forma que mostre uma conexão com o lado humano, de como esses temas nos afetam como indivíduos e também coletivamente. O Amor pode ser abordado pelo lado romântico, mas também de forma sombria, melancólica e até trágica, como de fato boa parte da literatura e artes cênicas já demonstraram ao longo da história cultural humana, o desafio foi trazer isso para o ambiente sonoro e imagético da banda.

2. Felipe, você escreveu todas as letras do álbum. O que inspirou você a explorar temas tão pessoais e complexos, como a sensação de ouvir a voz da mãe em “Amborella’s Child” e a perda final retratada em “Empty Nails”?

Felipe Borges – A minha inspiração veio justamente em buscar temas, sensações e situações que são comuns a todas as pessoas, independente de classe, condição social ou religião. Gosto de escrever sobre coisas que envolvem o ser humano em si, de uma forma geral. E basicamente como o tema principal é o amo, “Amborella’s Child” eu entendo como sendo a primeira sensação de amor que uma pessoa sente, quando a gente está na gestação e começamos a reconhecer a voz da nossa mãe. É uma alusão a Amborella, a primeira flor que colonizou o planeta, como se fosse um filho que continuará a espécie no planeta. Já “Empty Nails” é uma forma que pensei em representar uma dor extrema que você não tem basicamente tempo para reparar essa dor e que o acompanhará até a sua morte. É isso, nada relacionado a acontecimentos pessoais meus, nem nada, apenas pensamentos de fatos que podem ocorrer.

3.  A banda passou por uma mudança de identidade visual e musical após o lançamento de “EZ Life DV8”, adotando o estilo Death/Black Metal Sinfônico. O que motivou essa transição e como vocês veem a evolução do som da banda desde o primeiro álbum?

Marcelo Val – Falando por mim, foi justamente a época em que eu entrei; então o referencial que eu tinha da banda até a minha audição era o primeiro álbum, e na hora em que comecei a aprender o repertório para o teste já ficou clara essa mudança pelo menos no nível musical, achei espantosa a evolução musical e comecei realmente a me empolgar para criar no baixo arranjos que agregassem valor ao som da banda. Acredito, pelas influências do Felipe, que essa abordagem do Blackned Death Metal associada ao Sinfônico sempre foi uma aspiração e que as mudanças na formação ao longo do tempo tornaram possível essa mudança na abordagem sonora e visual, que ainda está amadurecendo, pois após o lançamento do álbum tivemos mais alterações na formação, e agora que estabilizamos já estamos começando a criar para o próximo lançamento; as ideias estão fervilhando, com o perdão do lugar comum (risos).

4.  A faixa “Brain Technology Pt.2” se conecta com “EZ Life DV8”, apesar de não seguir a cronologia do novo álbum. Como essa série de músicas se relaciona com o universo de Tellus Terror, e o que podemos esperar da Parte 3 e 4?

Marcelo Val – Brain Technology é uma saga por si só, e apesar de estar prevista a sequência até a parte 4, existem muitas possibilidades instigantes para ela. Pessoalmente posso imaginar um álbum conceitual ou um EP, por exemplo, mas esse é um pensamento meu, que não foi discutido ou traçado pelo grupo. Nada impede de que seja desenvolvida dessa forma, assim como nada obriga necessariamente essa continuação estar no próximo álbum, pois tudo depende da dinâmica de composição que a atual formação vai desenvolver e as prioridades que teremos em relação às temáticas nesse momento. 

5. Vocês mencionaram influências de bandas como Dimmu Borgir Cradle of Filth e Septic Flesh. Como essas influências se refletem no novo álbum e de que maneira Tellus Terror busca trazer uma identidade única dentro desse estilo sinfônico extremo?

Marcelo Val – Certamente essas bandas fazem parte do referencial da banda, mas algo interessante é o fato de que cada um de nós tem o seu próprio universo de influências e referenciais e isso é o que traz a identidade própria da banda. Enquanto muitas pessoas que nos escutam relacionam nossa sonoridade a esses grandes nomes do Black Metal, eu em diversos momentos consigo relacionar partes das músicas a nomes como Testament, Dio, até Pink Floyd. Há um leque de possibilidades enormes no som da banda, e o bom é que não há nenhum tipo de poda criativa, desde que não se fuja à proposta, é claro.

6. “DEATHinitive Love AtmosFEAR” fala sobre diferentes fases da vida. Como vocês traduziram essas fases para a sonoridade das músicas? Há mudanças na estrutura, nos arranjos ou nos estilos para refletir as emoções e experiências de cada etapa

Marcelo Val – Certamente, há uma adequação musical para essa reflexão, bem notado de sua parte! Enquanto Amborella’s Child reflete o nascimento e temos a introdução da música com um som suave nos teclados (embora entremeados com a pancadaria que logo irá iniciar), Psyclone Darxide já mostra a fase inquieta da juventude, da agitação e das noites loucas, que certamente se reflete nas influências industriais que o teclado agrega e pode ser conferida também no vídeo da música; Empty Nails vê o personagem no fim de sua vida, cercado de grandes desilusões e tem uma abordagem gótica e introspectiva, embora também tenha peso e uma certa grandiosidade nos arranjos.  

7. A construção do Tellus Studio foi um grande marco para a banda. Como ter seu próprio estúdio influenciou o processo criativo e a produção do álbum?

Marcelo Val – Ter um estúdio próprio é um marco no crescimento de qualquer artista, uma libertação até em relação a limitações de horários e possibilidades do equipamento, pois esse estúdio próprio pode ser customizado em relação às necessidades do artista. Não importa se é um cômodo pequeno, com todos usando fones de ouvido e bateria eletrônica, ou algo grandioso como o Tellus Studio. É o lar da sua banda, da sua música, e isso te confere tempo, conforto, privacidade e foco, facilita demais o trabalho em grupo. Mas no nosso caso, ajuda muito o processo criativo pois podemos testar as possibilidades e ter uma noção rápida de como soa esse material gravado, de como fazer para obtermos os melhores resultados. O fato de nosso estúdio ser equipado para gravações profissionais além dos ensaios, e contar com um produtor do porte do Caio Mendonça para registrar e ajudar a atingir o perfil desejado é decisivo para termos atingido resultados profissionais no nosso novo álbum.

8. Quais foram os maiores desafios que vocês enfrentaram ao longo do processo de composição e gravação do álbum, especialmente durante os anos de 2018 a 2023, período marcado por uma pandemia global?

Marcelo Val – Quando entrei na banda a pandemia já havia recuado bastante e estávamos todos vacinados, em 2022. Podemos ver que quando o lockdown foi suspenso, a banda começou a gravar respeitando protocolos de segurança, nos nossos making off em vários momentos os integrantes estão de máscara, eu mesmo depois de vacinado ainda me preveni e usei máscara em ensaios por algum tempo pois tenho pessoas vulneráveis em casa. 

9. Vocês estão planejando diversos videoclipes e making of’s para promover o novo álbum. O que os fãs podem esperar em termos de conteúdo visual e de quais faixas veremos clipes primeiro?

Marcelo Val – Esse conteúdo está disponível já em nosso canal no Youtube, só buscar pelo nome da banda na pesquisa e aparece o canal, agradecemos a todos que puderem se inscrever, ativar as notificações e curtir e comentar os vídeos, pois isso nos incentiva a sempre produzir material de nível profissional para vocês, e para podermos junto a todas as outras grandes bandas de nosso estilo, representar o Metal Brasileiro com qualidade e conteúdo.

10. Com o lançamento de DEATHinitive Love AtmosFEAR, quais são os próximos passos para a banda? Há planos de uma turnê internacional ou de um terceiro álbum em um futuro próximo?

Marcelo Val – Nesse momento estamos excursionando pelo Brasil, levando o show a todos os lugares que pudermos pois é importante fazer essa conexão com o público de nosso país. Já tocamos no Rio, São Paulo, Curitiba, Blumenau, Goiânia, Brasília e Belo Horizonte e conhecemos diversas bandas fantásticas de nossa cena, público de todas as idades e tivemos uma resposta excelente dos formadores de opinião e produtores de conteúdo que compraram a ideia da banda e nos apoiaram. Valorizamos demais o apoio de todos vocês, obrigado! Em relação a shows internacionais estamos trabalhando firme para viabilizar isso o mais breve possível, e em 2025 podem aguardar novos lançamentos, a casa de ideias da banda funciona a todo vapor! Obrigado pela oportunidade e espaço concedido à banda!

  1. Amborella’s Child
  2. Absolute Zero
  3. Darkest Rubicon
  4. Psyclone Darxide
  5. Cry Me a River
  6. Shattered Murano Heart
  7. Abyssphere
  8. Brain Technology, Pt.2 (…and Humanity Have Feelings No More…)
  9. Sickroom Bed
  10. Deathinitive Love Atmosfear
  11. Lone Sky Universum
  12. Empty Nails
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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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