ESCAPE THE FATE AGITA NOITE EM SÃO PAULO E REACENDE O CORAÇÃO EMO

Texto por Mateus Marcatto (@marcatoo_7) e Fotos por Gustavo Diavok (@xchicacox)

A banda de metalcore estadunidense fez sua única apresentação no Brasil na noite de quinta-feira (26 de setembro), no tradicional Hangar 110. O show exclusivo é uma das cinco datas marcadas da turnê latino-americana, na qual dedicam um setlist especial ao álbum This War Is Ours (2010), que inclui também músicas de lançamentos mais recentes. A última passagem da banda em terras brasileiras foi em 2022.

PÚBLICO MODESTO E FIEL ANSEIA PELO SHOW:

Shows em dias úteis sempre são um problema para o público brasileiro, pois muitos trabalham até tarde ou precisam acordar cedo, e os que moram em regiões mais distantes acabam optando por não ir. Mas, para os fãs de Escape The Fate, foi diferente. Quando as portas da casa abriram às 19h, já havia dezenas de fãs esperando na fila para entrar, além daqueles que aguardavam para entrar mais tarde. A chegada de fãs foi constante até às 20h. Nesse mesmo horário, a pista do Hangar já contava com cerca de 200 pessoas, menos da metade da capacidade máxima da casa, que comporta 640 pessoas.

DISCOTECAGEM NOSTÁLGICA NÃO ESCONDE ANSIEDADE DOS FÃS:

Uma cortina ligeiramente transparente cobria o palco oval da casa, enquanto a discotecagem trazia um revival dos anos 2000, indo de Simple Plan a Fall Out Boy. No entanto, o som não conseguia esconder a ansiedade de quem já estava presente. Faltando 20 minutos para o começo do show, marcado para ás 21h , era possível ver os roadies se movimentando atrás das cortinas, o que agitou o público e incentivou um tímido coro chamando pela banda. À medida que a hora se aproximava, a casa ia enchendo mais um pouco, talvez chegando a mais da metade da capacidade e ocupando bem o pequeno mezanino. Ainda assim, não era difícil circular pela pista.

A BANDA ENTRA EM AÇÃO SEM DAR TEMPO DOS FÃS RESPIRAREM:

Pontualmente às 21h, as cortinas se abriram, as luzes se apagaram e a trilha de introdução começou. O público entrou em euforia quando o baterista e fundador da banda, Robert Ortiz, apareceu, seguido por Matti Hoffman, Erik Jensen, Craig Mabbit e TJ Bell.

Craig disse: “Olá, São Paulo!” e, sem enrolação, começaram com a música We Won’t Back Down, a mesma que abre o álbum This War Is Ours. O público rapidamente cantou os primeiros versos em uníssono com a banda, iniciando de forma explosiva e contagiante. A energia permaneceu até o final de On To The Next One, quando Craig saudou os fãs: “A única razão de estarmos aqui é por causa de vocês!” Enquanto um dos roadies ajustava um dos pratos da bateria de Ortiz, Craig anunciou uma música sobre uma garota chamada Ashley, levando os fãs a cantar alto. Um fã vestido de Homem-Aranha subiu ao palco, incentivando vários outros a fazer o mesmo ao longo do show.

A PRIMEIRA PARTE DO SHOW É DEDICADA A “THIS WAR IS OURS”

Como já divulgado no flyer da turnê, a banda quase todo o álbum, sendo que não tocaram duas músicas, as “Bad Blood” e “Behind The Mask” de fora, mas isso não pareceu um problema, pois o público ficou totalmente entregue, e cantou em plenos pulmões os refrãos de “Something” e da descontraída “Let It Go”. Vale destacar os vocais de apoio do baixista Erik Jensen, que iam desde linhas melódicas até guturais, praticamente um segundo vocalista, assim como o guitarrista base TJ Bell, que cantava menos mas mostrava toda sua presença e dominância do lado direito do palco. A romântica e energética “You Are So Beautiful” deixou todos agitados e fez com que fãs subissem no palco para abraçar Craig e tirar foto, ou filmar.

Entrando nas músicas mais pesadas do set, Matti Hoffman se destaca fazendo o solo no começo de “This War Is Ours”, levando os fãs ao delírio, seguido pelo berro de Craig ,que exibia toda sua técnica de scream e fazia uma espécie de dueto com TJ, que berrava as frases mais graves; e Robert Ortiz mesmo atrás da bateria levantava fazendo malabarismos com as baquetas, tendo uma presença de palco contagiante. Depois de mais um solo veloz e explosivo que fazia um pequeno mosh, o Hangar ressoou numa só voz os fãs cantando o refrão perfeitamente, com certeza o ápice do show. Ao final da música, o vocalista pega uma bandeira do fã clube, que estava perto do palco e a estende para a plateia que aplaude e grita ovacionando, em seguida ele beija e devolve a bandeira, sem muita enrolação, começam “10 Miles Wide” que mantém a vibe alto-astral e festiva da galera. Seguindo o setlist, eles tocam a balada da noite: “Harder Than You Know”, que deixa todos balançando os braços e as lanternas dos celulares de um lado para o outro, e cria um momento especial pra muitos casais que estavam lá abraçados e cantando, as luzes da casa ajudavam a manter toda a atmosfera emo. A faixa a la swing-jazz “It’s Just Me” transiciona bem a vibe, num estalar de dedos com os cordes da guitarra e a bateria sorrateira de Ortiz, enquanto Craig pega uma câmera bastão e interage filmando os fãs do começo ao fim da música, sortudo foi o dono do aparelho e os fãs que puderam subir ao palco e abraçar o vocalista que os recebia carinhosamente. Ao fim da música, a banda se retira para uma pausa antes do bis e a plateia aplaude, chamando o nome da banda repetidas vezes.

BIS COM HITS NOSTÁLGICOS MANTÊM A VIBE DO SHOW:

No bis, a banda ainda conseguiu reunir músicas dos álbuns “Escape The Fate” (2009) “Ungrateful” (2013) “I Am Human” (2018) e do mais recente “Out Of The Shadows” (2023).

Eles voltam com tudo tocando “H8 MY SELF“. Craig berra no microfone que estava desligado, da um risada e finge que o conserta e da o berro real que entra num ritmo bem cativante. Então num determinado momento, quando um fã sobe no palco e começa a se filmar junto ao vocalista. Ortiz parece se irritar e aponta para um dos Roadies, gesticulando que o tirasse de lá e ocasionamente impedisse outros fãs de fazerem o mesmo.

Depois de um pequeno discurso carismático do vocalista, é anunciado a próxima música “LOW”, que se inicia primeiro com um sample e depois explode em energia. TJ Bell faz uma acrobacia ousada com a guitarra, girando pela correia enquanto pula, o ritmo cravado dessa música é tão intenso que fez com que um dos pratos e um microfone da bateria de Ortiz caísse do praticável, enquanto um roadie recolocava no lugar, o outro puxava o fã vestido de homem-aranha para fora do palco. Craig Mabbit faz um sinal para o público se dividir e abrir a pista e diz: -Vocês sabem o que fazer. Regra número 1, vocês não estão pra machucar uns aos outros. Regra número 2, vocês não estão pra machucar uns aos outros, e vamos nos dividir.Logo quando veio o breakdown, os fãs se chocaram como queria Craig.

“Gorgeous Nightmare” fez todos pularem juntos e dançarem a nostálgica “Broken Heart” provocou um coro uníssono, e novamente um problema com um prato da bateria, dessa vez uma parte do chimbau teve que ser trocada, mas não provocou demais erros. “Cheers To Goodbye” do último álbum, é uma faixa mais melancólica e digna de hino emo, e ao final da música Craig pausa e anuncia: “Hoje é uma noite muito especial, pois é aniversário de alguém… Era o de Matti Hoffman, assim Craig chamou um “Happy Birthday” e todos cantaram bem alto e aplaudiram mais um ano de vida do guitarrista.

Craig então da seu último discurso, agradecendo todo o carinho do público: – Só vocês importam, nós somos apenas a trilha sonora e muito obrigado pos nos escolherem em ser. E não se esqueçam, vocês são fortes o suficiente por estarem aqui e merecem, e não há nada mais bonito para nós em poder receber a energia de vocês, então cantem bem alto com a gente pois essa é a última música.

Então encerram o show com a divertida “One For The Money”, que manteve os fãs com a mesma empolgação do começo do show. No final enquanto a banda reunia para tirar a foto final, os fãs gritava “one more song”, esperando com esperança que pudesse rolar mais uma música, mas não aconteceu. E depois que quase todos da banda sairam de cena ao camarim, Robert Ortiz foi o único que permaneceu lá, chegaando até a descer do palco pra tirar fotos com uma dezena de fãs que lá estavam.

UM SHOW MARCANTE FAZENDO JUS AOS FÃS MAIS FIEIS

O show foi bem executado e performado pela banda. A escolha do setlist combinada com a presença de palco e boa qualidade de som sem demais problemas técnicos, superou a expectativa de muitos fãs. Imagino que se o show tivesse rolado num fim de semana, teria lotado a casa. Mas quem estava presente com certeza se divertiu do começo ao fim, pois mesmo entre as pausas a banda não deixou o ritmo do show cair.

ESCAPE THE FATE

Craig Mabbitt – Vocal
Thomas “TJ” Bell – Guitarra base, backing vocal
Matti Hoffman – Guitarra solo
Robert Ortiz – Bateria
Erik Jensen – Baixo, backing vocal

SETLIST:

We Won’t Back Down
On to the Next One
Ashley
Something
The Flood
Let It Go
You Are So Beautiful
This War Is Ours (The Guillotine II)
10 Miles Wide
Harder Than You Know
It’s Just Me

Encore:

H8 MY SELF
Low
Gorgeous Nightmare
Broken Heart
Cheers to Goodbye
One for the Money

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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