mevoi traz psicodelia pop, distorções e dilemas no álbum “O vice versa”

Disco remete à ideia de retorno, da reciprocidade e do duplo, mas também trata de, ironicamente, valorizar o vice

Foto: Caio Kenji

Desbravando uma multiplicidade de temas, o mevoi retorna em seu segundo disco “O vice Versa”, com sonoridades mais pop, porém sem abrir mão da psicodelia e da distorção, elementos fundamentais para a banda.

Ouça o disco aqui: https://tratore.ffm.to/oviceversa.

O título deste novo álbum, sucessor do debut “Seja lá o que isso Seja” (2022), remete à ideia de retorno, da reciprocidade e do duplo, mas também trata de, ironicamente, valorizar o vice, o segundo lugar, os derrotados que se enunciam pelo mote de que “a prata é bela e reluz mais que o ouro”.

Apesar de o título do disco destacar um duplo, os temas que atravessam as 9 faixas são bastante heterogêneos, como demonstram os três singles já lançados do disco (todos acompanhados por videoclipes): o questionamento sobre como lidamos com os afetos que nos atravessam (“Antes que me coma o verme”); o levante político de uma massa anônima elementar (“Do nada”); a imaturidade e o assombro das descobertas (“Certeira”).

Conduzindo esses variados temas, encontra-se a mistura sonora que continua a transitar por entre a psicodelia, o folk e o rock alternativo.

O álbum conta com diversas participações, como as de Rodrigo “Coelho” Ribeiro (Buena Onda Reggae Club), Jac Oshima e Henrique Rocha, entre outrxs.

Além das composições inéditas, destacam-se duas versões: uma para a música “Honeycomb” da banda estadunidense Wavves (“Adeus à deprê”) e uma da faixa “Não é?”, que contou com a participação de Daniel “Nié” Carezzato (“Downhill”).

Faixa a faixa

  1. “O vice versa”: na linha do que se costuma chamar de “introdução”, mais uma “música de abertura”, a faixa título do disco funciona como uma entrada praticamente instrumental que dá o tom de uma sonoridade pautada em guitarras marcantes e ambiências alteradas pela bateria, pelo baixo e por sintetizadores. Um certo eco pós-punk à la Sonic Youth.
  1. “Antes que me como o verme”: inspirada nos versos do poeta cearense Pedro Henrique Saraiva Leão (“comover-me/antes que me coma o verme”), a canção busca ecoar uma certa alegria na abordagem de temas aparentemente pesados, como a morte e a finitude humana, questionando como lidamos com os afetos que nos atravessam. Musicalmente, ela traz a mistura entre o rock alternativo e melodias mais pop, lúdicas e cantaroláveis.
  2. “Do nada”: uma sonoridade ligada à tradição do rock psicodélico brasileiro, em que as conexões diretas e indiretas vão desde artistas dos anos de 1960/1970 (Os Mutantes, Zé Ramalho e Lula Côrtes, Walter Franco) até contemporâneos (Bike, Ema Stoned, Rakta, Hierofante Púrpura). A letra trata de movimentos de levante de uma massa anônima, sem rosto, encarnada sobretudo por elementos da natureza que, mesmo diante de forças reativas de destruição, aparecem como agentes de sublimação e resistência.
  3. “Adeus à deprê (Honeycomb)”: versão para a música da banda estadunidense Wavves. O clima de autodepreciação – ao mesmo tempo em que buscando um caminho afirmativo de redenção para seguir adiante – impera, combinando com o clima da canção original.
  4. “Não é?”: música que presta homenagem a Daniel “Nié” Carezzato, primeiro baterista do mevoi. Com sons ao mesmo tempo intensos e expansivos, a canção reflete sobre a dificuldade de se enxergar o que está para além do visível e do que podemos de fato saber/conhecer.
  5. “7e52”: ode ao amor e ao encontro, esta canção é uma balada que conta com a participação de Jac Oshima no piano. Com um andamento lento, a harmonia e as melodias buscam uma profundidade espelhada pela letra.
  6. “Certeira”: um rock rápido e direto que fala da beleza das descobertas, apesar da imaturidade envolvida em muitas dessas situações. A canção conta com a participação de Rodrigo “Coelho” Ribeiro (Buena Onda Reggae Club) no trompete.
  7. “Durma com esse barulho”: o jogo, a brincadeira com o título é literal e ambígua – a criação de uma noise music instrumental que pretende que quem estiver escutando busque encontrar o sono, o onírico durante sua audição. A canção conta com a participação de cada umx dxs integrantes da banda que forma o mevoi nos shows.
  8. “Downhill”: versão prévia, com letra ainda em inglês, para “Não é?”. Gravada entre 2009 e 2011, muito antes da formação do mevoi, a canção conta com a participação de Daniel “Nié” Carezzato no piano e se mantinha até hoje inédita.

Ficha técnica

  1. O vice versa
  2. Antes que me coma o verme
  3. Do nada
  4. Adeus à deprê
  5. Não é?
  6. 7e52
  7. Certeira
  8. Durma com esse barulho
  9. Downhill

produzido por Ciro Lubliner e Rafa Well
gravado e mixado por Rafa Well no Abbey Roça e no Estúdio RBS – Socorro/SP exceto 9 gravado por
Hiro Ishikawa em São Paulo
masterizado por Diego Fadul
arte Victor Gaspari Canela
foto Caio Kenji e Fernando Perecin
assessoria de imprensa Tedesco Mídia

todas as letras por Ciro Lubliner exceto 4 por Ciro Lubliner e Hiro Ishikawa
todas as músicas por Ciro Lubliner e Rafa Well exceto 8 por Rafa Well e 9 por Ciro Lubliner

Ciro Lubliner: voz, guitarra e violão
Rafa Well: baixo, guitarra, violão e programação

com as participações de
Hiro Ishikawa: bateria em 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7
Henrique Rocha: percussão em 3 e 5
João Paulo Paixão: voz e palmas em 3, voz em 4 e 7
Lucas Braga: voz em 4 e 6
Jac Oshima: piano em 5
Rodrigo “Coelho” Ribeiro: trompete em 7
Alexandre Lopes: bandolim em 8
Fabio Machado: baixo em 8
Elke Lamers: sintetizador em 8
Paulo Alves: bandolica em 8
Daniel “Nié” Carezzato: piano em 9

dedicado a Daniel “Nié” Carezzato

Capa do álbum | Victor Gaspari Canela (@narizcoletivo)

Sobre Ciro Lubliner

Ciro Lubliner é músico, pesquisador e tradutor e tem trabalhos no campo do cinema, onde participou da realização de curtas-metragens de ficção e documentários.

Na música, a jornada começou em 2006 com a banda Canções para um mundo sem Humanos, formada na cidade de São Carlos (interior de São Paulo) e que durou até 2008. Era um power trio, com Ciro (guitarra/voz), Hiro Ishikawa (bateria/teclado/voz) e Marcos Pio (baixo/voz). A banda lançou dois singles, “Let’s Take a Walk” e “The Clown’s Howl”, além do EP “canções”, com cinco faixas.

Em seguida, a partir de 2010, Ciro formou e entrou como guitarrista e vocalista na banda de rock alternativo Ladies & Gentleman, um quarteto que era completado por Gabriel Nanbu (guitarra e vocal), Caio Kenji (baixo) e João Paulo Paixão (bateria e vocais).

A Ladies, com letras em inglês, trazia na sonoridade os ecos do punk e de bandas alternativas dos 90, além de garageiras sessentistas. Nos arranjos, riffs pesados, solos grudentos, vocais estranhos, baixo-distorção, guitarras gentis.

O primeiro EP do Ladies & Gentleman, “Here They Are…”, foi gravado ao vivo no Z7Studio, de Tadeu Martinez, e lançado na internet em 2011. No início de 2013 foi lançado o segundo EP, intitulado “Silence, and Scents, and Sins”.

Já em 2015, com Hiro Ishikawa na bateria, o mesmo Hiro que está ao lado de Ciro no mevoi, o Ladies & Gentleman lançou seu último EP, “lost is all we are”, gravado no Estúdio Lamparina, produzido por Guto Gonzalez e que conta com a participação de Luciana Crepaldi (vocal).

Com o mevoi, lançou “Seja lá o que isso Seja” pelo selo Abbey Roça em 2022, confira aqui: https://tratore.ffm.to/sejala.

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https://www.instagram.com/ciro.mevoi

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About Guilmer da Costa Silva

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