Best of Blues and Rock marca São Paulo com shows impecáveis de Joe Bonamassa, Eric Gales e Zakk Wylde

Texto por Gabriel Gonçalves e Fotos por André Simoes

Uma das melhores edições do Best of Blues and Rock desde 2017, onde tivemos a passagem de Joe Satriani, a décima primeira edição trouxe um Line-up de respeito e marcou o público presente.

Com a volta do formato ‘’Tradicional’’, um dia de apresentações seguidas, o festival que cultua os estilos blues e rock trouxe um dia completamente memorável para o público paulistano, que apesar de muito menor que as outras edições se mostrou em peso e animado para as atrações do dia.

Os Headliners também se apresentaram em terras cariocas nos dois dias anteriores à apresentação no parque Ibirapuera, tivemos também a apresentação de Di Ferrero e CPM 22, apresentações que relembraram bem os anos 2000.

O evento em si manteve-se basicamente o mesmo dos últimos anos, que sempre se mantém bem em questões de qualidade sonora e visual, porém com a decisão de começar a cobrar os ingressos para um evento que antes era gratuito realmente o fez diminuir drasticamente o público presente, não sei dizer se houve um grande impacto em relações econômicas, mas da visão de público/Imprensa ficou ‘’fraco’’ e bem menos acessível do que era antes, acredito que o evento poderia servir de grande impacto cultural para o povo, porém como não tenho mais informações não consigo distinguir se a ação foi boa em vistas empresariais.

CPM 22 (Anos 2000 em peso)

Era inegável que a maioria do público presente nesse horário estaria preparado para um show cheio de nostalgia, e sem brincadeira o que parecia era ser uma seção da tarde.

Um Show feito nas medidas certas, um setlist bem completo trazendo o máximo de CPM 22 que poderíamos esperar.

Inegavelmente o público esperava por esse show e curtiu com fervor, pois em coro o público cantava quase que todas as músicas apresentadas.


Eric Gales (vulgo o melhor show do dia)

Subindo ao palco no horário marcado, Gales entrou confiante, e não era para menos, ao simplesmente abrir o knob de sua guitarra e afinar sua guitarra já sentimos a massa sonora em peso que precedeu o melhor show do dia.

Com o Backdrop digital estampando a capa do álbum: ‘’Crown’’ de 2022 produzido por Joe Bonamassa, que acredito estar propositalmente por conta de ambos dividirem o palco além de, obviamente, divulgação, Eric Gales é um dos gigantes do Blues e a capa não poderia deixar de mostrar isso.

Uma das características mais legais de Eric é sua guitarra invertida, literalmente, assim como Hendrix sua stratocaster é usada ao inverso por ele ser canhoto e não utiliza nenhuma adaptação conhecida e simplesmente toca com tanta maestria que faz parecer fácil essa inversão.

Começamos o show com uma versão instrumental de ‘’Smokestack Lightning (Howlin’Wolf)’’ e ‘’Carmina Burana’’ onde já vimos Gales ganhando o público com sua carisma e domínio do instrumento.

‘’Vamos ver se o Brasil conhece o Blues’’ foi assim que demos início a ‘’You Don’t Know The Blues’’, swingada e com o gostinho do Blues tradicional americano, pôs todos ali para dançarem e ‘’Sentir’’ na alma a música, Eric, sempre carismático, ainda termina com: ‘’Acho que todos aqui no Brasil conhecem o blues’’.

Um dos pontos mais interessantes do músico também é a potência vocal do músico, que trás um tom acolhedor e imponente, uma das características vocais que mais me chamam atenção num vocal de blues, onde se trata de um estilo que retrata sofrência e dor.

Gales, no entrosamento com o público sugeriu que nós, o público, fizéssemos gestos com a mão em ‘’Put that Back’’ e fizemos como pedido, porém não na hora certa, levando o músico a parar a música e rindo, disse: ‘’Não, ainda não, eu aviso vocês, ahaha isso foi engraçado pra caralho’’.

Tivemos ainda um improviso em cima de um riff criado ao ritmo da capoeira e introduziu sua próxima música que fora criada com participação de Zakk Wylde, pena que o músico não subiu ao palco neste momento.

Gales ainda comentou que no rio aprendeu uma palavra nova e queria tentar novamente: ‘’No Rio aprendi esta palavra e queria tentar novamente, ‘Du caralho’ ‘’ seguido o público ovacionando o músico começou a gritar junto: ‘’Du caralho’’ 

Finalizamos com um mashup que se iniciou com ‘’Voodoo Child’’ e passou por trechos de ‘’Kashmir (Led Zeppelin)’’ e ‘’Back in Black (ACDC)’’ essa música mostrou mais uma vez o domínio do músico em improviso e no instrumento.

Setlist:

– Carmina Burana + Smokestack Lightning (Howlin’ Wolf)
– You Don’t Know the Blues
– Put That Back
– Jam de capoeira + Steep Climb
– Too Close to the Fire
– Voodoo Child (Slight Return) (Jimi Hendrix Experience)

        Joe Bonamassa (Quieto, porém falante)

Uma característica muito presente em músicos de blues é falar com seus instrumentos, e o americano Joe Bonamassa tem fluência nessa linguagem.

Com poucas palavras saindo de sua boca e inúmeras saindo de sua Gibson Les Paul, Bonamassa subiu ao palco com uma grande carga nas costas pois, Gales deu um belo show anteriormente, mas é claro que nosso querido Joe não nos decepcionaria nem um pouco.

Um setlist completo e realmente fino foi apresentado na volta do artista depois de tanto tempo sem se apresentar no Brasil, acompanhado por Josh Smith (guitarra), Calvin Turner (baixo), Lemar Carter (bateria), Reese Wynans (órgão e teclados), Jade MacRae e Danielle De Andrea (ambas backing vocals), e apesar do setlist ser composto por músicas autorais e covers, ninguém do público pode reclamar pois a execução de todas foram impecáveis e memoráveis.

Começamos com ‘’Hope you realize it (Goodbye Again), caracterizada por momentos bem únicos em seus solos, bem trabalhados e únicos, com destaque nos vocais.

Joe, não poupou esforços em momento algum em seus solos e ‘’conversas’’ com o público, a guitarra suava nas mãos do músico em cada ‘nota derramada’.

Sem conversar muito com o público, Joe adota uma estratégia muito mais precisa em relação ao ‘’Subir no palco e Tocar’’, o que nos traz pouco espaço para ‘enrolação’ e mais espaço para música.

Com direito a vários solos dos outros instrumentos, sem sobra de dúvidas o que mais nos chama atenção, mesmo com os do próprio Bonamassa, são os de Reese Wynans, uma verdadeira lenda das teclas, trazendo uma verdadeira gama de cores em suas participações solo durante as músicas, o músico já dividiu o palco com Steve Ray Vaughan e que em lembrança do falecido guitarrista tocaram ‘’Double Trouble’’ e Joe aproveitou justamente esse momento para trazer a sua honra em tocar com o tecladista.

Sempre que vou ao Best of Blues and Rock imagino certas personalidades em casas de blues conceituadas, como por exemplo o Blue Note, e dessa vez não foi diferente, a vibe do show do guitarrista nos faz remeter muito a esse pensamento e também a imaginação de como deve ser um show mais ‘’Intimista’’ com ele, ou Eric Gales, Buddy Guy entre outros, quem sabe um dia teremos a oportunidade de presenciar algo do tipo.

Setlist:

Hope You Realize It (Goodbye Again)
24 Hour Blues (original de Bobby “Blue” Bland)
Well, I Done Got Over It (original de Guitar Slim)
Love Ain’t a Love Song
Self Inflicted Wounds
I Want to Shout About It (original de Ronnie Earl and the Broadcasters)
Double Trouble (original de Big Bill Broonzy)
I Feel Like Breakin’ Up Someone’s Home Tonight (original de Ann Peebles)
The Heart That Never Waits
Just Got Paid (original do ZZ Top)

         Zakk Sabbath (Fritação e loucura)

Como um grande fã de Black Label Society, Ozzy Osbourne, Pride na Glory e outros projetos em que o nome de Zakk Wylde faz parte, confesso que sempre fico feliz em ver músico mais uma vez nos palcos do Brasil, nunca é demais, porém sempre fico com um certo receio da fritação ser exagerada e fora de contexto, mas mesmo com esse medo nosso querido ‘Zeca’ não nos decepciona nunca.

Abrindo o seu show e trajando o seu famoso ‘kilt’, Zakk já começa o show com ‘Supertzar + Supernaut’ (sendo a intro gravada e a música tocada, respectivamente), percebemos que o trio formado por: John DeServio (baixo) e Joey Castillo (bateria), opta por um som bem pesado e ligeiramente mais rápido que os originários do Black Sabbath, porém que funciona bem para o público, um contraste para os chatos de plantão, mas que vale a experiência.

Optaram bem pelo ‘Side B’ do Sabbath, mas na plateia se ouvia muito sobre faixas que eram esperadas, algumas atendidas outras não.

Acredito que a maior escolha do guitarrista nas músicas para compor o setlist, são as que tem menos vocal para dar mais espaço para que ele possa solar, pois vemos sua fascinação e entusiasmo na hora em que esses momentos chegam.

Fairies Wear Boots’ é uma das queridinhas do público, sempre muito bem recepcionada pelos mesmos em diversas apresentações, com interação do público e um bem fiel a original, claro que os solos gigantes não contam.

Children of the Grave’, uma das minhas favoritas, e pelo visto da maioria ali presente também, fora cantada em coro uníssono pela plateia trazendo uma imersão tão grande quanto o próprio show do Black Sabbath, contando até mesmo com bolas gigantes jogadas ao público.

N.I.B e ‘War Pigs’ transformaram o público num verdadeiro bate cabeça de respeito, chegando até mesmo a soltarem uma das grades de contenção que estava em nossa frente, o coro de vozes com certeza era ouvido com clareza até mesmo do alto do obelisco, e quem passava ao lado de fora do evento deve até mesmo ter se espantado pois o público cantada a plenos pulmões como se fosse o último show da terra.

Setlist:

Supertzar + Supernaut
Snowblind
Orchid + Under the Sun
Tomorrow’s Dream
Wicked World
Fairies Wear Boots
Into the Void
Children of the Grave
Lord of this World
Hand of Doom
Behind the Wall of Sleep
N.I.B.
War Pigs

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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