Cena Underground é celebrada em meio fim de semana movimentado na capital Paulista

Texto por Peu Bertasso

Que São Paulo é sempre movimentada, com eventos para todos os gostos, isso não é novidade para ninguém. Porém, o último sábado (22/06) apresentou um número maior do que o comum. Shows de Matanza e Massacration, Evergrey, The Obsessed e o festival “The Best of Blues and Rock” calharam de acontecer todos na mesma data em São Paulo. Mesmo com tantos eventos, a Bad Trip Produções levou para o La Iglesia, em Pinheiros, um encontro para celebrar o underground, reunindo as bandas Los Suffers, Coyote Bad Trip, Desalmado e Sangue de Bode. Com a casa cheia, quem esteve presente pode aproveitar excelentes apresentações cheias de vontade e a raça que o underground sempre nos apresenta. 

O movimentado trânsito que acontecia na região me impediu de chegar a tempo para assistir o Los Suffers. Porém, elogios não faltaram para os que estiveram presentes durante a apresentação do trio de Death Doom de São José dos Campos. Em seguida, o Coyote Bad Trip rapidamente organizou seus equipamentos no palco para apresentar seu setlist potente. Com músicas do seu único álbum, “Ascensão e Queda”, de 2020, e do seu novo EP “Raça (Des)Humana”, lançado neste ano, o quarteto de Jacareí subiu ao palco cheio de vontade de mostrar seu material. Rapidamente, o grupo conquistou os presentes, que batiam cabeça e incitavam pequenos moshs apoiados pela banda. Músicas como “Hostilmente Hostil”, “20 Conto to Hell”, “Qualquer Faísca é Fogo”, “Vou te Enterrar no Abismo” e “Bons Costumes”, dedicada cheia de ódio à bancada evangélica do governo, fizeram parte da excelente apresentação da banda. 

As primeiras notas tocadas quando o Desalmado começou sua apresentação já deixavam claro o porquê da banda ser um dos principais nomes do underground nacional. Na estrada há 20 anos, Caio Augusttus (vocal), Marcelo Liam (guitarra), Bruno Leandro (baixo) e João Limeira (bateria) uniram forças para uma apresentação visceral, como de costume. João Limeira, inclusive, foi uma excelente adição ao time, demonstrando uma técnica brutal. “Mass Mental Devolution”, “Preço da Liberdade”, “Esmague os Fascistas”, “Dead Propaganda”, “Unity” e “Across the Land” foram algumas faixas que estiveram presente na apresentação dos paulistanos. Caio, por vezes, assumia a frente em discursos antifascistas, inclusive se posicionando contra a “PL do aborto”, assunto muito discutido ultimamente no país, sempre muito aplaudido por todos. Em sua performance, o Desalmado demonstrou sua potente mistura de Death e Grindcore, conquistando novos fãs e aproximando ainda mais quem já os conhecia, sendo impecáveis no palco. 

Os cariocas do Sangue de Bode foram os responsáveis por encerrar a noite. A banda vem em uma intensa sequência de shows divulgando seu último álbum, “Eu sou a Derrota”, lançado no início deste ano. O grupo de metal extremo traz influências de várias vertentes do metal e essa mistura resulta em um show poderoso. A performance de todo o grupo é de encher os olhos, mas é impossível não dar destaque a forma como Verme (vocal) se apresenta com seus vocais rasgados e presença de palco. Na ativa desde 2017, o grupo vem cada vez mais conquistando um merecido espaço na cena underground do país. O grupo apresentou faixas como “A Grande Degola”, “Palavras São Só Barulho”, “Chafariz de Sangue”, “Necroprimata” e “Messias de Merda”, contando também com a participação de Guilherme Chaves para a performance de “A Celebração” e “O Mofo”.

O underground vive de uma luta intensa para buscar seu espaço e um evento como esse acende a chama da cena. Apesar da casa não comportar um grande número de pessoas, ter casa cheia em um sábado tão recheado de eventos apenas confirma a força que o underground brasileiro possui. O movimento acaba se unindo por paixão e grande vontade de lutar por seu espaço, com conscientização e ideias políticas alinhadas. Para encerrar, deixo aqui o apelo pelo apoio às bandas. Consuma material das bandas do underground. A luta também é do público. Que os eventos do underground continuem e a chama da cena não se apague. 

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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