Texto por Guilmer Silva / Fotos por Gabriel Ramos
Após mais de uma década marcada por álbuns aclamados e shows esgotados, o Blessthefall consolidou uma conexão sólida com fãs ao redor do mundo, principalmente no Brasil, onde a banda já passou quatro vezes. A responsável pela vinda à América Latina foi novamente a renomada produtora Liberation, com a qual eles têm uma parceria que dura mais de 15 anos.
Depois do hiato que a banda entrou em 2020, a esperança de que a banda voltasse ao Brasil era quase nula. Mas, em maio de 2023, a banda anunciou seu retorno e lançou seu primeiro material novo em cinco anos. O single, intitulado “Wake the Dead”, foi lançado em 23 de maio. A banda também anunciou uma turnê de aniversário de 10 anos do álbum “Hollow Bodies”. Nesse momento, a esperança dos fãs brasileiros foi renovada, e em fevereiro deste ano foi anunciada a turnê sul-americana, com dois shows no Brasil.
Novo vocalista e retorno aos palcos
Uma das bandas responsáveis pela abertura foi a já conhecida Broad And Sharp, de Metal/Hardcore, oriunda de São Paulo. Este foi o retorno aos palcos com o novo vocalista Roger Guinalia anunciado em abril deste ano como o novo frontman da banda. A banda, composta por Fernando Bricola (guitarra), Antônio Emerson (guitarra), Tiago Boni (baixo/backing vocal) e Levi Alves (bateria), entrou com 10 minutos de atraso. Com muito peso e técnica, mostraram que foram a escolha certa para a abertura. Com poucos riffs sendo executados, os moshs já estavam se formando, aquecendo a plateia para uma noite memorável.
Na terceira música, em um momento sério e emocionante, o vocalista Roger Guinalia, que é gaúcho, dedicou a música “Esperança” às vítimas da enchente que assolou o Rio Grande do Sul. Que momento! Com pouco menos de 40 minutos de show, na última música, um wall of death se formou, finalizando um show curto, mas bastante pesado e coeso.
Fim do hiato e novo single
Agora era a vez da banda December, natural de São Paulo e com 13 anos de carreira. Após anos de hiato, a December voltou às atividades com uma nova formação, destacando-se a saída do vocalista Coloral, que foi substituído pela ótima vocalista Kaler. Atualmente, a banda trabalha na divulgação do single “Oxigênio”, lançado em abril. A banda retornou ao cenário musical com energia renovada após um longo hiato.
Foi um show repleto de hits da banda, com isso os fãs cantaram todas as músicas e rodas de moshs se formavam em cada som, mostrando que a banda ainda tem bastante lenha para queimar.
Blessthefall e seu amor pelo Brasil
Às 21:30 em ponto e com a casa cheia, finalmente o Blessthefall entrou em ação. Sem tempo para pensar, já mandaram sem dó uma das mais pesadas da banda, a faixa “Exodus”, que abre o álbum “Hollow Bodies”, lançado há 10 anos. Em sequência, as músicas “Cutthroat” e a pesadíssima “Hollow Bodies” foram executadas, fazendo a roda pegar fogo. Era impressionante o fato de todos estarem pulando e cantando todos os sons, até os riffs. O fã do Blessthefall é realmente apaixonado e louco pela banda.
Sem pausa para respirar, a faixa “2.0” e as clássicas “What’s Left of Me” e “Youngbloods” foram tocadas em sequência. Nessa hora, o mosh estava brutal, mas ao mesmo tempo todos se respeitavam e curtiam. A cada pausa, o vocalista Beau Bokan agradecia a todos presentes e se mostrava grato pelo amor dos fãs. Era nítida a felicidade dele e dos demais membros da banda. Após uma pequena pausa para respirar e tomar água, Beau anunciou seu mais recente single “Wake the Dead”, lançada no ano passado, marcando o retorno da banda às atividades.
Após a pausa, a banda voltou ainda mais animada e tocou as faixas “Wishful Sinking”, presente no último álbum da banda, “Hard Feelings”, lançado em 2018. Em sequência, uma das minhas favoritas da banda, a música “Déjà vu”, foi executada com todos pulando e cantando como se não houvesse amanhã. Após uma avalanche sonora, o vocalista Beau fez uma pausa para agradecer a todos presentes, disse que é ótimo estar de volta ao Brasil e brincou dizendo que o público de Curitiba era mais animado do que nós, o que gerou vaias. Ele perguntou se isso era real, e todos disseram que não, e juntos começaram a entoar “Ei Curitiba vai tomar no cu”. Os membros da banda caíram na risada sem entender nada. Foi um momento hilário do show.
Em seguida, Beau anunciou uma das faixas mais lindas de toda a carreira, a música “Open Water”. Beau pediu para que todos acendessem as lanternas dos celulares, criando um momento emocionante e único da apresentação. Vários presentes choravam, se abraçavam, e diversos casais se beijavam. Um fato curioso é que a banda não toca essa música desde agosto de 2023, o que mostra que o público de São Paulo é especial para eles.
Seguindo com a pancadaria sonora, as faixas “40 Days…”, “Bottomfeeder” e o primeiro hit e clássico absoluto “Guys Like You Make Us Look Bad”, do primeiro álbum “His Last Walk”, de 2007, foram executadas, deixando o público presente ensandecido e emocionado. Essa é a única faixa do primeiro álbum que eles ainda tocam no setlist.
As músicas “Promised Ones” e “You Wear a Crown But You’re No King” são umas das mais pesadas da banda e das minhas favoritas. Nesse momento, o calor e o cansaço já tomavam conta de todo o meu corpo, mas nem por isso deixei de pular e cantar com todo o pulmão.
Para finalizar essa noite memorável, o hit “Hey Baby, Here’s That Song You Wanted”, presente no álbum “Witness”, de 2009, ficou para o encore, fechando assim uma noite espetacular que com certeza ficará na memória de todos nós.
Esse show mostrou que o gênero está mais forte do que nunca, enchendo casas sem muito esforço. Com isso, espero que as demais produtoras possam olhar com mais carinho para bandas do estilo.
Agradecimentos especiais à produtora Liberation e a Eric Tedesco pelo credenciamento.
