Em noite com pouco público e banda sem baixista, israelenses não se intimidam e mostram um espetáculo digno de ser lembrado para sempre por todos presentes.
Texto por Fernando Queiroz e fotos por Gustavo Palma
O Orphaned Land é uma banda que tem um público fiel. Isso foi comprovado no show de domingo (07/04), um domingo, e com pouquíssima divulgação — algo que vinha sendo comentado entre todo o público presente na fila. Um show para pouca gente, nem sequer metade do Carioca Club estava ocupado, mas quem estava, fez parecer um estádio.
É verdade, sim, que o próprio tipo de som feito pelos israelenses é algo de nicho, e some isso à polêmica Israel vs. Palestina, muito em alta na mídia hoje em dia, então talvez a escolha de uma casa relativamente grande para o show não tenha sido a melhor. De qualquer forma, a própria proposta da banda não é de separação, e sim de união dos povos, e isso é ouvido na própria sonoridade deles, com um folk israelita, músicas claramente árabes, e um power/prog metal extremamente bem tocado. O público presente, quase sem exceção, era formado por verdadeiros fãs da banda, pessoas que conheciam de cabo a rabo o trabalho deles.
As portas da casa, que estavam previstas para abrir às 17h, demoraram mais meia hora, e às 17h30, o público entrou. Cerca de uma hora e meia após as pessoas terem entrado, as luzes se apagaram, e a banda entrou no palco. Todos já sabiam que o baixista Uri Zelcha não estaria presente — sofreu uma lesão nas costas recentemente e está afastado —, o que levou a questionamentos se a banda iria usar playback do instrumento ou não. Não usaram. Tocaram o show todo apenas com duas guitarras, bateria e voz. Mesmo com a ausência do contrabaixo, os músicos mostraram porque são tão conceituados, e conseguiram, através de timbragens, contornar a situação, e com ótima qualidade de som no local, o que se viu, logo nas primeiras músicas era uma banda que merecia muito um lugar entre os maiores do metal!
Como a banda não lança um álbum novo desde 2018, não havia realmente uma divulgação de trabalho novo, e o set list foi composto por músicas amadas por todos presentes, e era especialmente nítido quando tocavam canções do álbum All Is One, com certeza o mais popular da banda.
Vale destacar o vocalista Kobi Farhi, com visual ‘à caráter’ típico do oriente médio antigo, e fazendo vocalises de canções árabes e judaicas, que você já se impressiona nos álbuns, mas ao vivo consegue quase idêntico, e deixou o público extasiado! A cada música, o público gritava mais e mais alto “Orphaned Land, Orphaned Land!”, que mostrava perfeitamente que o show era exatamente o que estavam esperando. Sem mais delongas e sem imprevisto, com um set list muito competente para agradar todos ali, a banda terminou seu show de cerca de duas horas sob aplausos e sendo ovacionado.
Importante também ressaltar o zelo com a produção de palco que a banda apresenta! Um telão atrás mostrando não só o logo da banda, como em muitos casos, mas passava imagens feitas para a turnê, e também clipes de várias músicas da banda enquanto eram tocadas sincronizadas.
Após o término, a banda ainda atendeu cada fã que permaneceu no local tirando fotos e assinando encartes e capas de CDs e vinis, tudo sem cobrar mais nada, sempre com simpatia e educação.
No fim das contas, a espera de onze anos para rever o show dos israelenses valeu a pena. O modesto público que compareceu ao Carioca Clube saiu com ótimas memórias e um sorriso no rosto naquela noite de domingo.
Setlist:
- The Cave
- The Simple Man
- All Is One
- The Kiss of Babylon (The Sins)
- Ocean Land (The Revelation)
- Brother
- Like Orpheus
- Canto solo de Kobi Fahri
- Let the Truce Be Known
- Birth of the Three (The Unification)
- In Propaganda
- All Knowing Eye
- Sapari
- In Thy Never Ending Way (Epilogue)
- The Beloved’s Cry
- Norra el Norra (Entering the Ark) / Ornaments of Gold