Em entrevista exclusiva, Björn Strid fala sobre AOR, projetos, e é claro Summer Breeze Brasil

Em um Bate-papo alto astral com o colaborador Fernando Queiroz, Björn também mencionou a expectativa em se apresentar no Summer Breeze Brasil, que acontece nos dias 26, 27 e 28 deste mês

Texto: Fernando Queiroz

Fernando Queiroz: Bem, primeiramente, a única vez que você tocou no Brasil foi em 2016 com o Soilwork. Como você acha que as pessoas que estavam lá na primeira vez sentirão a diferença entre o Björn do Soilwork e o Björn do The Night Flight Orchestra, sendo duas bandas totalmente diferentes, uma é Death Metal e outra mais Rock N Roll?

Björn: É uma situação um pouco de Jekyll And Hyde (nota: personagens da história ‘O Médico e o Monstro’, de Robert Louis Stevenson). Acho que muitas pessoas na verdade apreciam bastante essa grande diferença e distância, e eu faço algo tão completamente diferente entre essas duas bandas. Acho que as pessoas não estão ainda tão acostumadas a músicos de metal fazendo algo tão fora do que normalmente fazem. Claro, eu comecei o Soilwork quando eu tinha ainda dezesseis anos de idade, e lançamos muitos álbuns. Então claro que sou mais conhecido como o vocalista do Soilwork, mas muita gente descobriu o The Night Flight Orchestra, e a maioria das pessoas realmente gostou também, pois acredito que perceberam o quanto eu gosto de fazer aquilo, e sentem a presença da música. Pode ser muito diferente, pode ser até chocante para algumas pessoas, mas elas sentem que é algo real. Não é um projeto de vaidade, é algo que sempre esteve lá dentro o tempo todo de mim, e eu precisava soltar. E agora eu sinto que tenho o melhor de ambos os mundos, sabe? E eu posso usar todas as minhas influências e emoções através dessas duas bandas, sinto que tenho tudo que preciso. E eu acho que muita gente aprecia essa situação Jekyll And Hyde.

Entrevistador: Entendi! E quando você apareceu pela primeira vez com o The Night Flight Orchestra, todos já estavam acostumados a ouvir você cantando gutural. Como você sente que as pessoas reagiram quando ouviram pela primeira vez você cantando vocais limpos, algo como um AOR (album oriented rock)?

Björn: Eu esperava que as pessoas criticassem mais. Do tipo ‘qual é, cara? O que é isso? Foque no Soilwork, por favor’. Mas na verdade eu não tive quase absolutamente nenhuma resposta negativa quanto a isso. Mas mesmo se tivesse, acho que não me importaria, pois era algo tão importante para mim fazer isso, e acho que as pessoas entenderam isso, elas respeitaram. Uma pessoa pode nem sempre gostar de tudo que você faz, mas elas respeitam.

Fernando Queiroz: Elas podem até não ser fã de um projeto, mas elas entendem que você também pode ter outros gostos, certo?

Björn: Sim, é exatamente isso! E acho que na verdade a maioria das pessoas acham até legal e ficam curiosas sobre isso. E eu acho que vivemos em tempos que pessoas ouvem vários tipos de músicas diversas, e não precisam sentir vergonha disso, como era nos anos 80 ou 90, quando era muito importante para todas colocar um rótulo, rotular, do tipo ‘você canta isso, e não pode cantar aquilo’, acho que as pessoas estão mais objetivas no que se trata de música, pois na verdade existeapenas música boa e música ruim. Pode até parecer clichê falar isso, mas é simplesmente verdade.

Fernando Queiroz: É verdade, acho que as pessoas são menos extremistas hoje em dia.

Björn: Isso. E o que quero dizer é que não importa qual música você toca, você precisa realmente sentir que realmente significa algo. Sentir aquela coisa de que fazer aquilo, aquela música, é uma questão de vida ou morte! Para mim, é o mais importante. Quando você sente a presença da música! Você pode tocar o death metal mais brutal e rápido, mas vai soar como nada se não houver a presença na música. Eu não me importo com qual música você toca, mas eu quero sentir aquela presença ali!

Fernando Queiroz: Bem, pessoalmente, a primeira vez que ouvi sobre você eu tinha acho que dezesseis anos, estava fazendo aulas de guitarra, e fui para a escola de música usando uma camiseta do ‘Rhapsody’, e então um professor ali falou ‘ei, você gosta de metal? Vem aqui, dá uma olhada nisso, ouve isso!”, e era Soilwork! Bem, você sente que é uma conquista para você quando pessoas aleatórias de lugares tão diferentes e distantes espalham seu trabalho, espalham sua música para outros?

Björn: Com certeza, absolutamente! Eu acho isso incrível, eu acho que na verdade é exatamente sobre isso que tudo se aplica! Aliás, eu adoro esse tipo de história, muito obrigado por contar! E que ótimo professor! Eu acho incrível, na verdade, como uma ideia, uma banda que você começa quando ainda está lá morando com seus pais, hoje as pessoas têm como um uma planta (nota: planta de projetos, ‘blueprint’), sabe? Algo que mostram para outras pessoas, como nesse caso, “Se você gosta disso, então dê uma ouvida nisso!”. É sempre muito incrível saber esse tipo de situação. Faz você perceber que tudo valeu a pena, ver que seu trabalho inspirou tantas pessoas.

Fernando Queiroz: Fora o Soilwork e o The Night Flight Orchestra, você também tem o Act Of Denial, certo?

Björn: Na verdade, essa não é exatamente uma banda que eu sou um membro permanente como nessas duas, é mais como um projeto de sessões mesmo, de estúdio. Na verdade eu faço bastante trabalhos só de estúdio, e esse é um que lançamos alguma coisa a cada três anos, quatro anos mais ou menos, e basicamente é o Steve Di Georgio tocando o baixo, eu cantando, mas não é realmente uma banda, é um projeto!

Fernando Queiroz: Então vocês não pretendem fazer shows com esse projeto?

Björn: Não, infelizmente não.

Fernando Queiroz: Entendo. É uma pena, eu gostei bastante!

Björn: Ah, sinto muito por isso! São muitas bandas, muitas turnês! (risos)

Fernando Queiroz: Eu entendo! Bem, há algum tempo, eu vi no seu Instagram que você é fã da falecida Tina Turner. Eu também adoro Tina Turner, então gostaria de saber, quais outros cantores pop você pode citar que te influenciaram como cantor? Michael Jackson, talvez?

Björn: Cara, eu adoro Michael Jackson! Assim, eu adoro várias cantoras também! Annie Lennox é uma das minhas preferidas, a Stevie Nicks também! Elas têm tanta personalidade! E quanto a cantores, tem tantos! É sempre fácil, claro, falar de Rob Halford e Ronnie James Dio, ambos tiveram um grande impacto em mim. E tiveram outros cantores no mundo pop, como Daryl Hall, um cantor fantástico! Sou muito fã dos grandes cantores da Motown (nota: antiga gravadora focada em música afro-americana), como o Dennis Edwards do The Temptations!

Fernando Queiroz: Abba também, talvez?

Björn: Abba! Com certeza! São todos grandes cantores também! Tem tantos! Nossa, eu sempre esqueço quais citar até, eu deveria anotar.

Fernando Queiroz: Ah, desculpe por isso.

Björn: Não, sem problemas! É sempre uma ótima pergunta!

Fernando Queiroz: Entre todas as suas colaborações com outros artistas, outras bandas, tem muitos grandes nomes, como o Epica, Tarja, Powerwolf e Kamelot. Tem alguma dessas participações com outros artistas que você gostou mais, que você tem mais boas lembranças?

Björn: Sim, essas que você citou são definitivamente bem especiais, muito boas! Mas tem uma que eu gostaria de trazer aqui, que fiz bem recentemente. Uma canção em português, com uma cantora chamada Paula Teles (ex-Lilith’s Revenge). Nós fizemos uma música juntos, chama-se Jogo de Silêncio, não sei bem como se pronuncia (Nota: Björn pronunciou “iojo”, com o ‘j’ em som de ‘i’, como é em sueco.)

Fernando Queiroz: Jogo. (Nota: pronúncia em português, com o ‘j’ como conhecemos)

Björn: Isso! Jogo! Jogo de Silêncio. Se vocês pudessem, gostaria até que postassem essa música, deveriam conhecer. Eu nunca tinha cantado em português antes, e foi realmente um dos maiores desafios da minha vida como cantor, e eu acho que ficou incrível! É basicamente Favo misturado com Metal.

Fernando Queiroz: Ela é uma cantora de Portugal, então?

Björn: Sim, isso, ela é portuguesa, uma ótima cantora. E na verdade, estou indo agora mesmo para ir ao aeroporto e voar para o Porto (Nota: segunda maior cidade de Portugal) onde vai ser a festa de lançamento do álbum dela, e nós vamos cantar essa música juntos ao vivo na sexta-feira.

( Link da música sugerida por ele)

Fernando Queiroz: Muito legal! Certo, essa é uma questão pessoal, mas que acho que muita gente é curiosa em saber. Quando e como você recebeu o apelido ‘Speed’?

Björn: Ah, sim. Foi no começo do ensino médio, e já digo que não tem nada a ver com drogas (risos), algumas pessoas às vezes acham isso (risos). Eu tinha mais ou menos treze anos, e comecei a ouvir mais metal extremo, e meus colegas tinham várias fitas k7, com compilações de várias músicas. Eu peguei emprestado algumas daquelas fitas, e depois me perguntavam ‘ei, quais bandas você mais gostou daí?’, e eu falava ‘dessa banda, daquela banda’, e um dia falaram, ‘caramba, você só curte as coisas rápidas!’. Eu ouvia só bandas como Terrorizer, Morbid Angel, e outras que eram bem rápidas, sabe? Eu gostava bastante. E aí me falaram ‘ok, vamos te chamar de “Speed”. “Speed” Strid, já que é assim que se pronuncia meu último nome, “Strid” (Nota: pronuncia-se como se lê mesmo em português, “strid”.), e soa como “Speed”. Começaram a me chamar de “Speed” Strid, e eu resolvi ficar com esse apelido. Às vezes é legal ter um apelido!

Fernando Queiroz: Só uma última pergunta. É a primeira vez que o The Night Flight Orchestra vem ao Brasil, e já vai ser em um grande festival, o Summer Breeze Brasil. Você sente muita diferença entre tocar em shows mais intimistas e tocar em festivais, em termos de palco, de performance?

Björn: É bem diferente, sim. Normalmente, quando você toca em locais menores, como clubes, as pessoas estão lá para ver você, e quando toca em um festival, é uma plateia muito misturada, eu sinto que tem um pouco mais de pressão. Mas você também não pode deixar seus próprios fãs desapontados, você sempre quer dar tudo de si, só que com essa multidão toda, muitas pessoas ali podem nem sequer saber quem é a sua banda, ou nunca ouviu sua música e está apenas curioso, e você quer conquistá-los, então é um esquema diferente, mas ambos os casos podem ser igualmente mágicos, tudo depende da ‘vibe’, tem muitos fatores que pesam.

Entrevistador: Ok, muito obrigado pelo seu tempo, pela sua atenção!

Björn: Igualmente! Mal posso esperar para estar por aí

Nos sigam e deêm um like na gente \m/
error
fb-share-icon

About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

View all posts by Guilmer da Costa Silva →

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *