ShamAngra: uma reunião do power metal nacional

Anunciado em agosto do ano passado, a terceira edição da Festa da Firma Mariutti Team prometia ser uma das maiores reuniões do power metal nacional, com a criação do Shamangra (reunindo ex-membros tanto do Angra quanto do Shaman para cantar os clássicos de ambas) e contando com shows de abertura das promissoras bandas AuroControl (Bahia), Vocifer (Tocantins) e FireWing (São Paulo). 

Fotos cedidas por Belmilson Santos (Roadie Crew)

Fora estes, haveria também uma feira da música, show de lançamento do “Unholy”, disco solo do próprio Luís Mariutti e a premiação dos Melhores do Ano Mariutti Team. Tinha tudo para ser uma grande festa.

As atividades já começaram logo cedo, com a abertura das portas às 17:00. Dentro da estrutura da audio era possível encontrar estandes de merchandise de todas as bandas, inclusive do próprio Shamangra, Luis Mariutti e Aquiles Priester.

Por volta das 18:00, subiram ao palco Mariutti e Rodrigo Oliveira (Baterista, Korzus, Oitão) para o show de lançamento do “Unholy”. Em aproximadamente 40 minutos do show, foram tocadas 7 músicas, todas do álbum solo do baixista. Mariutti teve também apoio dos vocalistas Thiago Bianchi (Noturnall, ex-Shaman) para “The Eye of Evil” e “Addicted”  e de Alessandro Bernard (Kill For Nothing) para a “God of War”. Mesmo o set sendo relativamente curto, o público certamente estava cativado com as habilidades do mandante da festa. 

Mariutti conseguiu mostrar a profundidade de seu repertório do Unholy, com músicas como “Journey”, descrita pelo mesmo como uma “tentativa de samba metal” e a já mencionada “God of War”, que traz uma sonoridade mais agressiva. Mesmo com esta mistura de músicas diferenciadas, o público seguiu vidrado no palco pelos 40 minutos de performance.

A próxima banda a assumir o palco da audio foi o quinteto baiano Auro Control. Mesmo ainda sendo um projeto mais ou menos jovem, com seu álbum de estreia tendo seu lançamento previsto para este ano, já causaram um estrondo e tanto desde a primeira música que tocaram, “Feel the Fire”. A poderosa voz de Lucas de Ouro com os riffs alucinantes de Lucas Barnery e Diogo Pires com a bateria vertiginosa de Thiago Drum’on com o impressionante baixo de Thiago Baumgarten (Hibria) por cima mostrou ser uma ótima combinação para um power metal de qualidade.

Uma das faixas que mais causou impacto entre os fãs foi “Rise of the Phoenix”, originalmente com participação de Aquiles Priester e que será lançada como single. Mesmo com este show sendo seu primeiro show, já esbanjaram presença de palco e uma ótima dinâmica entre integrantes. Lucas de Ouro mostrava ter um carisma nato, recebendo respostas calorosas à medida que ia interagindo com o público, os guitarristas mostravam sempre estar sintonizados e no geral a banda não passava a sensação de estar nervosa, conseguindo ter um bom domínio do público paulista.

A apresentação do grupo contou com 6 músicas e durou aproximadamente 35 minutos. Antes de tocarem sua última música (novamente “Feel the Fire”, para gravação de videoclipe) Lucas de Ouro motivou todos do público que tivessem bandas ou que quisessem ter bandas à colocar suas ideias no papel e “ralar para tirar elas do papel”, dizendo que há 2 anos atrás, quando inicialmente juntou alguns amigos para criar a Auro Control, não imaginava que em tão pouco tempo estariam fazendo um show de estreia nas condições de que fizeram. Quando acabaram sua performance, ficou realmente nítida a qualidade do trabalho deles e pode-se assumir que bastante antecipação para o debut deles foi criada.

Aproximadamente às 19:40, subiram ao palco os tocantinenses do Vocifer. Com o lançamento de seu segundo álbum Boiuna em julho do ano passado, a banda provou ser uma das revelações do metal brasileiro de 2023, tendo recebido altas avaliações mundo afora. Aris Ktng, redator do site grego Forgotten Scroll, se referiu ao LP como “uma surpresa inacreditável para os fãs de power/metal progressivo”. Já começaram forte com “The Voice of the Light”, faixa introdutória do supracitado Jurupary, mas infelizmente toparam com alguns problemas de som, com as guitarras estando notavelmente baixas e o baixo bem alto. Mesmo assim, não foram abalados e continuaram como se nada tivesse acontecido.

A felicidade dos integrantes no palco era algo palpável, com todos exibindo sorrisos no rosto e utilizando o espaço do palco muito bem. Noleto e o baixista Lucas Lago mostravam isso bem, quase sempre correndo e dançando pelo palco, realmente eufóricos. Vale destacar também (fora as habilidades) o look escolhido por Lago, que certamente rendeu alguns olhares; um colete de botão e bandana de zebra, contrastando com seu baixo roxo. A dinâmica entre os integrantes era tão grande que realmente não parecia que este era o primeiro show ao vivo com o baterista Alex Christopher e um dos primeiros com o guitarrista Gustavo Oliveira. 

Em mais ou menos 35 minutos de show conseguiram animar bem o público, que mesmo não tão grande, demonstrou estar sempre ativo. Fecharam seu show com “Up on the Hills”, de seu primeiro LP, “Boiuna”. De acordo com o vocalista, esta música era para ser “a saideira, mas é só pedir bis depois”, mas inesperadamente, cortaram o bis da banda, e o quinteto teve que encerrar antes do que havia sido planejado. Mesmo com as falhas sonoras e público não sendo dos maiores, fizeram uma apresentação de qualidade e que mostrou ao público paulista a real força do power metal nacional e mostrou também que já estão prontos para o sucesso internacional.

Confira aqui minha resenha do “Jurupary”:

Pouco após o final do show do Vocifer, chegou a hora de começar o show do FireWing, banda que vem mostrando há algum tempo um trabalho de qualidade. Agora com a casa já consideravelmente mais cheia, a banda já começou impressionando o público com a enérgica “The Eye of Naga”. Quem já viu shows da FireWing irá notar que de algum tempo para cá, evoluíram consideravelmente, tanto em termos de sonoridade quanto em termos de dinâmica de palco. O som da banda (mesmo que comprometido por problemas técnicos) estava coeso e dinâmico.

A banda vem hà tempos sendo considerada uma grande parte desta nova geração de bandas de power metal nacionais, notavelmente chegando à receber uma avaliação de 8/10 da revista Blabbermouth para seu álbum, “Ressurrection”. Curiosamente, chamaram a atenção dos redatores da MetalSucks (site internacional) pela semelhança de seu nome com a veterana do power metal Firewind, causando um texto um tanto engraçado.

Contando também com participações especiais de Ryan Beevers (Unflesh) no show inteiro Bill Hudson em “Obscure Minds” serviram realmente para abrilhantar a já de qualidade respeitável apresentação do grupo. Seu show serviu como uma boa amostra das músicas em seu primeiro álbum, “Resurrection” de 2021 e serviu para também destacar sua mais nova single (que pouco tempo depois seria premiada pela Mariutti Team”, “Last Gasp”. Mesmo que com alguns problemas sonoros ainda persistindo, a apresentação da banda foi inegavelmente muito boa, sem reclamações a serem feitas.

Pontualmente às 21:15, foi iniciada a premiação dos Melhores do Ano Mariutti Team. Seguem os ganhadores:

Melhor Edição do Ano:

  • 1o lugar: Angra (#30)

Prêmio Luis Mariutti de Melhor Baixista do Ano:

  • 1o lugar: Chaene da Gama (Black Pantera)

Prêmio Coluna “The Maestro”:

  • 1o lugar: Santo Graal

Prêmio melhor banda do mês 2023:

  • 1o lugar: ocaradometal 

Prêmio Melhor Single:

  • 1o lugar: Dreadpool – Black Pantera

Prêmio Melhor Álbum/EP:

  • 1o lugar: Griô – Black Pantera

Prêmio Onde o Metal Acontece:

  • 1o lugar: Santo Rock Bar (Santo André)

Prêmio Girl Power:

  • 1o lugar: Lilith Pop

Pouco antes das 22:00, apagaram-se as luzes da audio e com “Ancient Winds” tocando pelo sistema de PA, começava o tão esperado show do ShamAngra. Agora com a casa bem mais cheia e o som novamente perfeito, subiram ao palco Aquiles Priester, Hugo Mariutti, Helena Nagagata, Hanna Paulino, Thiago Bianchi e Luís Mariutti. Começaram a noite com dois pés na porta, com a poderosíssima “Here I Am”, recebida com uma bela cantoria dos fãs. Todas as músicas, com raríssimas exceções, foram recebidas com aplausos (e subsequentemente mais cantoria do público durante).

É impossível falar do elenco que assumiu este projeto sem mencionar presença de palco. O Thiago Bianchi com certeza é um dos vocalistas mais carismáticos da cena nacional moderna; sempre correndo pelo palco, feliz e interagindo com os fãs à beça, sempre recebendo respostas calorosas. Bianchi fez parecer com que após a extensa turnê mundial que fez com a Noturnall abrindo para o Paul Di’Anno estava mais energético ainda, por incrível que pareça. Aquiles Priester e sua bateria comicamente grande e exagerada tem se tornado queridinhos do metal nacional desde sua entrada no Angra em 2000. Como sempre, alucinou o público presente  com suas habilidades. 

O repertório do coletivo foi um passeio pelos repertórios tanto do Angra quanto do Shaman, inegavelmente duas das maiores e mais importantes bandas nacionais. Foram incluídas no repertório desde clássicas de ambas as bandas, como “Carolina IV” e a já mencionada “Here I Am”. Mesmo assim, também foram incluídas faixas menos tocadas, como “Never Understand” e “Over Your Head”.

Um dos momentos mais impactantes do show certamente foi a icônica versão do Angra de Wuthering Heights, de Kate Bush, agora na voz de Hanna Paulino. Mesmo com a música sendo definitivamente desafiadora, Paulino conseguiu assumir a responsabilidade e cantá-la muito bem. Instrumentalmente falando, estava perfeita também, com uma semelhança incrível à versão de estúdio, com Helena Nagagata solando.

Para a “Make Believe”, chamaram a Juliana Rossi, vocalista da veterana banda Silent Cry, para cantar juntamente com Thiago Bianchi este clássico do “Holy Land”. A resposta do público (que provava ser incansável, depois de estar tão ativo à tanto tempo) foi novamente um tanto calorosa. Após “Make Believe”, subiu ao palco Kaka Campolongo para cantar “Speed”, outra faixa adorada pelos fãs que novamente foi recebida de maneira calorosa. Seguindo com os convidados, foi chamada a Vanessa Lockhart para cantar Mystery Machine, reforçando mais ainda o clima de reunião do metal nacional. 

Foi chamado ao palco também Victor Emeka, vocalista da gigante banda de power metal nacional Hibria, para cantar “Pride”. Emeka foi recebido com gritaria e aplausos, e em menos de 5 minutos conseguiu demonstrar sua frenética presença de palco. Outro destaque da noite foi a performance de Mayara Puertas (Torture Squad) em “Over Your Head”, que mostrou sua real versatilidade ao lado de Hanna Paulino e o resto do ShamAngra.

Esta linda reunião do metal nacional foi fechada com uma trinca de clássicos do Shaman e do Angra respectivamente, “Carry On” e após pouco tempo da banda fora do palco, “Fairy Tale” e “Angels Cry”.

Setlist Luis Mariutti:

  1. Unholy
  2. The Eye of Evil (c/ Thiago Bianchi)
  3. Addicted (c/ Thiago Bianchi)
  4. Journey
  5. Dangerous Life
  6. Fema
  7. God of War (c/ Alessandro Bernard)
  8. Illustrious Nobody*

Setlist Auro Control:

  1. Aurum Regium*
  2. Feel the Fire
  3. Not Alone
  4. Rise of the Phoenix
  5. Conception
  6. Runner
  7. Feel the Fire

Setlist Vocifer:

  1. The Voice of the Light
  2. The Curse of the River’s Lord Pt. 1
  3. Bridge to the Stars
  4. Pleasure Paradise
  5. Hummingbird
  6. Up on the Hills

Setlist Firewing:

  1. The Eye of Naga
  2. Obscure Minds (c/ Bill Hudson)
  3. Demons of Society
  4. Far in Time
  5. Time Machine
  6. Tales of Ember & Vishap: How Deep is Your Heart?
  7. Tales of Ember & Vishap: The Meaning of Life
  8. Last Gasp

Setlist ShamAngra:

  1. Ancient Winds*
  2. Here I Am
  3. Time Will Come
  4. The Shaman
  5. Carolina IV
  6. Never Understand
  7. Wuthering Heights
  8. Streets of Tomorrow
  9. For Tomorrow
  10. Make Believe (c/ Juliana Rossi)
  11. Speed (c/ Kaka Campolongo)
  12. Mystery Machine (c/ Vanessa Lockhart)
  13. Pride (c/ Victor Emeka)
  14. Over Your Head (c/ Mayara Puertas)
  15. Unfinished Allegro*
  16. Carry On
  17. Fairy Tale
  18. Angels Cry

* tocado pelo sistema de PA

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