30 anos de punk/hardcore – Celebrando com Ignite e No Fun At All

A noite de sábado seria especial para os fãs de hardcore melódico de altíssima qualidade. A VIP Station foi o palco de uma noite memorável e tive a oportunidade de presenciar um dos eventos mais divertidos do ano.

Com a banda Ignite celebrando os 30 anos de banda, e dessa vez com o novo vocalista Eli Santana que entrou na banda em 2021, e os suecos do No Fun at All retornando ao país mais uma vez. Pode-se de dizer que a Solid organizou um mini festival, com 4 bandas de aberturas e 2 headliners. E eles acertaram em cheio, vamos destrinchar isso ao decorrer da resenha abaixo.

Punk rock do cotidiano

O início da noite era de responsabilidade da banda Angvstia. A banda é um quarteto de punk formado durante a pandemia em 2020 por Lucas, Dave, Emiliano Borges e Júnior Braga. Com influências da sonoridade dos anos 90/2000, a banda formada em São Paulo aposta em letras em português com teor político de experiências do cotidiano.

A banda apresentou as músicas do primeiro álbum lançado em Maio desse ano. Foram executadas os sons desse álbum, como as faixas “Esgamado”, “I.D.W.T”, “Monumentos” e “Fachada”. Foi um show curto, mas honesto e muito bom. A banda tem um futuro promissor, espero ver outras apresentações.

A casa ainda estava vazia, com algumas pessoas circulando, outras prestando atenção nos shows, mas em compensação na parte de fora da VIP Station, tinha muita gente esperando os shows principais. Nesse momento me pergunto se vale a pena ter tantas bandas de abertura assim. É sempre ter bandas nacionais abrindo shows desse porte, mas por outro lado é um pouco cansativo olhando o lado do fã.

Hardcore direto da praia

A segunda apresentação da noite é da banda praiagrandense Mar Morto. Eles possuem 3 trabalhos lançados: o single “Mar Morto”, de 2014, e os álbuns “Vendar Seus Olhos” e “Metrópolis”, de 2015 e 2018, respectivamente. O grupo foi formado em 2013 na Praia Grande, litoral sul de São Paulo, com influência de bandas como Bad Religion, Ignite e Lagwagon. Hardcore com vocal feminino melódico com momentos de agressividade. Som direto e reto, sem frescura. A banda tocou as faixas do EP “Metropolis” foram executadas, como a “Ordem e Regresso”, “Siga” e “Sonho Irreal” e o single “Correr Atrás”.

As apresentações começavam com o som estourado, mas ao decorrer das apresentações o som ia melhorando e deixa tudo muito audível.

Hardcore melódico em seu mais alto nível

A terceira apresentação da noite foi dos santistas do Cannon Of Hate, a banda foi criada em novembro de 2013, e eles fazem um punk rock hardcore melódico excelentes, a banda comemorava 10 anos de estrada. A banda estava divulgando seu mais recente álbum “Democracia de Plástico” lançado em 2022. A banda conta Sandro Turco (vocal), Marcos Alves (bateria), Mac Gomes (baixo), Marcio Parducci (guitarra) e André Félis (guitarra),

Com a divulgação do álbum “Democracia de Plástico”, a banda é explosiva, que tem uma mistura equilibrada de hard rock com hardcore e pitadas de um punk rock que muito lembra a sonoridade do Rise Against.

A banda executou faixas do último álbum, como as faixas “Câncer Urbano”, “Profanos” e “A Vida é Resistência”. Um momento muito foda durante o show, foi a participação de alguns fãs e o vocalista cantando na grade com os fãs.

O vocalista Sandro tem uma ótima presença de palco, a todo momento pedia aplausos, chamava o público para cantar junto, e em vários momentos era correspondido. A casa ainda não estava tão cheia, então acredito que se tivesse mais pessoas o show seria ainda melhor. Não conhecia a banda, mas adorei a apresentação e energia que a banda exala.

Hardcore nacional a todo vapor

Com a VIP Stations começando a encher, e em pouco mais de vinte minutos de pausa, tudo estava pronto para a entrada triunfante dos veteranos da cena do Statues on Fire. A banda, composta por André Alves (vocal e guitarra, ex-Musica Diablo e Nitrominds), Regis Ferri (guitarra), Lalo (baixo, ex-Nitrominds) e Alex (bateria, Kacttus), sendo que o Regis infelizmente não pode tocar evido a um problema familiar e eles fizeram o show em trio, porém, a banda não poupou energia e deram o sangue na apresentação. A banda continua solidificando sua reputação no cenário Hardcore nacional. A divulgação de seu quarto e último álbum, “IV”, lançado em Setembro desse ano, atraiu um público ainda maior para prestigiar seu show.

Assim como a atração anterior, a banda desfrutou de um som bem equilibrado, proporcionando uma apresentação afiada e respeitável. O setlist abrangeu seus quatro álbuns, destacando faixas como “No Tomorrow”, “Statues on Fire”, “Marielle” e “Phoenix”, “Love will drive us” e “Left all behind”. No palco, reinava uma atmosfera de completa harmonia. O trio parecia extremamente à vontade e radiantes com o momento, expressando sua gratidão aos amigos e fãs por meio de acenos e sorrisos.

30 anos de celebrações

Finalmente chegava o momento tão esperando. A banda Ignite era a próxima, a banda celebra os 30 anos de atividades e promovem seu disco homônimo, também disponibilizado em 2022. O trabalho marcou a estreia do vocalista Eli Santana mais conhecido como guitarrista do Holy Grail e Incite – além de ter passado pelo Huntress.

A casa já estava lotada, em sua capacidade máxima. Com um pequeno atraso eles iniciam o show com a faixa “Ash Return”, que faz parte do primeiro play “Scarred For Life” . Uma roda se forma já na primeira música. O vocalista Eli pede gritos pra platéia e na mesma hora respondem, já vimos ali que a banda estava com vontade de tocar.

Sem muito papo já emendam as faixas, que foram a excelente “Who Sold Out Now?” e uma do novo álbum “Anti‐Complicity Anthem”, essa última funcionou muito bem ao vivo, e todos cantavam juntos. A roda não para na pista. Casa lotada! O guitarrista Kevin Kilkenny agradece ao público, e diz que ama o Brasil, um momento muito especial, é sempre bom ver os artistas que tanto gostamos falando que amam tocar aqui.

Agora é a vez de dois sons classícos, sa faixas “Veteran” e “Poverty for All”, essa última faz parte do álbum “Our Darkest Days” lançado em 2006 e ele foi responsável pelo boom da banda nos 2000, ambas as faixas foram cantandas por todos presentes. A roda cada vez maior. Essas os fã da antiga com certeza se emocionaram. Mal dá pra ouvir a voz do vocal de tão alto que o público canta.

Troca de vocal é algo complicado, mas o novo vocalista Eli mostrou que esta a altura de substituir o adorado pelos fãs, o Zoli, que saiu da banda em 2020 para se dedicar ao resgate de animais e projetos cinematográficos. O vocalista Eli Santana não tenta imitar ou emular o Zoli, ele canta do seu jeito e deixa algumas faixas ainda melhores ao vivo, ponto pra ele.

O baixista Brett Rasmussen pergunta se todos estão se divertindo e geral confirma que sim, claramente ele a banda estão felizes e se divertindo com a empolgação do público. Em seguida a banda executa um dos sons do últim, a ótima “The Butcher in Me”, aqui todos se empurram e a roda fica insana. O vocalista Eli vai pra grade e todos cantam com ele. Que momento lindo!

O guitarrista Brian Balchack nitidamente em êxtase, ele disse que o show de hoje renova a esperança dele no punk hardcore, essa pegou no coração.
Aqui chegamos na metade do show e já parecia que só tinham se passados 10 minutos, até agora o show estava excelente, mas ia melhorar ainda mais.

Na seguinte faixa, eles tocaram a clássica “Let It Burn” do álbum mais conhecido, o “Our Darkest Days”, aqui todos cantavam juntos. A troca de energia entre banda e público estava linda. Na próxima faixa o baixista Brett, pede para todos cantarem juntos esse som, e anuncia a música “Bleeding” do mesmo álbum citado anteriormente. Nessa todos presentes cantavam o refrão como se não houvessem amanhã, fazia um tempo que não presenciava um público tão vivo e apaixonado.

O guitarrista Kevin Kilkenny durante uma pausa diz que esta amando e pede mais e mais, e o público responde na mesma hora. O vocal Eli anuncia que a próxima faixa faz parte do último álbum auto-intitulado, o som “Call Off the Dogs”. Essa música tem uma energia incrível, ela ao vivo funcionou perfeitamente bem.

Agora é vez do momento do cover da banda U2, a clássica “Sunday Bloody Sunday”. Esse cover faz parte da versão européia do álbum “A Place Called Home” lançado em 2000. Esse hit absoluto do U2 é daquelas músicas que funcionam em qualquer lugar e momento. Eu adoro essa versão. Essa geral cantou juntos, momento especial no show. Ver uma roda insana com cover do U2 é algo único na vida. Está proibido fala toque U2 não é hardcore. Preciso dar destaque para o vocalista Eli Santana, ele é energia pura, não para, era nítido a alegria de estar ali.

Indo para a parte final do show, é a vez da “On the Ropes”, uma das minhas faixas favoritas do último álbum, aqui todos cantando junto. Em seguidas são executadas as faixas “Know Your History” e “Embrace”, que é clássico da banda, ninguém parece estar cansado, a roda não para e o público pede por mais. Da gosto de ver banda que toca com vontade e se diverte no palco, no caso deles isso é claro como água. Vamos chegando a parte final do show. O baixista perguntaa se tem alguém cansado e desce do palco e vai toca e no meio da galera. Que momento espetacular. Geral respeitando, pulando e curtindo. Coisas que apenas o hardcore punk proporciona

Na penultima música do show, é tocada a clássica “Run”, a energia aqui só aumenta, e pra encerrar, a semi balada da banda, “Live For Better Days”, que encaixou de forma excelente o encerramento desse show sensacional. Como diz essa música da banda “Agora eu vivo por dias melhores” e hoje com certeza foi um desses dias.

Depois de um show arrasa quarteirão do Ignite, era a vez de renovar as forças para os veteranos do punk rock da Suécia. Fundado em 1991 na cidade sueca de Skinnskatteberg, o No Fun at All divulga seu sétimo álbum, “Seventh Wave”, lançado ano passado. É o segundo desde a retomada de atividades da banda, ocorrida há uma década.

Punk rock from Suécia

Os horários estavam sendo respeitados até esse momento, mas teve um atraso de mais de 20 minutos, mas isso não tirou a animação dos presentes. A pista estava lotada, mal dava pra andar, e a ansiedade para o ínicio do show começava a aumentar. Esta foi a primeira vez que fui assistir a um show da banda No Fun At All, conhecia o som da banda bem por cima, curtia alguns sons, mas não era fã, então estava curioso para conferir a apresentação dos suecos.

Depois de um longo atrasado, então começava o espetáculo do No Fun At All, com a execução da “Tear Me Down”, presente no mais recente álbum da banda, o ‘”Seventh Wave”. Os comentários pós-show destacavam que, mesmo uma década mais velhos, os integrantes mantinham a mesma energia e disposição dos shows de dez anos atrás. Nas primeiras músicas, O vocalista Ingemar Jansson ficava pedindo várias vezes pra aumentar a voz dele, após alguns sons foi aumentado e tudo ficou certo.

Apesar da intenção inicial de promover o álbum “Seventh Wave”, a banda optou por um repertório com músicas mais antigas. A interação entre o público e a banda era intensa, proporcionando à banda uma sensação de estar em casa, e o vocalista Ingemar agradecia a todos e dizia que era incrível o qie estava acontecendo ali. Em muitos momentos, Ingemar permitiu que o público assumisse o papel principal, gerando uma energia incrível.

Durante “Your Feeble Mind” e “Growing Old, Growing Cold”, era possível ouvir mais o público cantando do que a própria banda. Quando tocaram “Perfection”, o ponto alto da apresentação, a banda parou de tocar e o público continuou cantando em coro.

A sequência de “Mine My Mind”, “In a Rhyme” e “Should Have Known” representou outro ponto alto do show, pois foram tocadas sem intervalos, mantendo a intensidade para aqueles no mosh pit, ao todo tocaram 24 músicas (!). Os suecos encerraram o espetáculo incrível e cheio de energia com “Catch Me Running Round”, seguido pelo clássico “Catch Me Running Round”.

O No Fun At All proporcionou um excelente espetáculo, em grande parte devido à participação entusiástica do público. A banda demonstrou humildade ao agradecer as bandas de abertura, uma atitude rara de se presenciar.

O público ali presente era mais velho, diferente de outros shows do gênero, o os presentes sabiam de cor as músicas tocadas pelos suecos. Como num bom show de hardcore, o mosh pit estava à toda, em nenhum momento a plateia parou de cantar e rodar.

Minha conclusão foi que o No Fun At All cumpriu sua parte do acordo, e assim como o público, fez parte de um grande show, essa era a quinta vez deles no país. Gostei de conhecer o som da banda, que interagiu de forma simpática com a platéia. Um show impecável, que ao final do evento dava gosto de ver a felicidades dos que presenciaram um sábado divertido e memorável.

Agradecimento especial ao Sonoridade Underground pelo espaço, e a produtora Solid Music pelo convite.

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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