Presidente Judas: Álbum homônimo mostra versatilidade do stoner doom

Presidente Judas é uma banda paulista de stoner doom que se destaca pelos seus vocais femininos, algo pouco visto no underground nacional.

Nota: 8,75

Formado apenas em 2019 na pequena cidade de Cerquilho, interior de São Paulo, o Presidente Judas tem se destacado bastante no cenário underground doom brasileiro. Nos últimos anos, temos visto uma onda de bandas adjacentes de stoner doom lideradas por mulheres, como Lucifer, Ruby the Hatchet (mais rock psicodélico), Windhand, SubRosa e, claro, Acid King. Presidente Judas leva tudo isso a outro nível, já que são comandados por Nathalia e Sara, tornando-os uma banda de stoner com uma dupla de vocal feminino. Desde a sua formação, eles foram capazes de criar uma identidade única e conquistar um nicho na cena do stoner doom brasileiro.

Lançado no final de setembro deste ano, seu álbum de estreia autointitulado acabou sendo uma boa exibição para um primeiro lançamento. Além do vocal duplo feminino, destaca-se pela abordagem simples, mas eficaz, bom equilíbrio entre faixas em português e em inglês e um tom de guitarra distorcido e “frito”, como qualquer boa banda de stoner deveria ter.

A faixa de abertura “Velho Jack” inicia o álbum com um pé na porta, trazendo riffs hipnóticos, vocais impactantes, um bom solo e uma boa dose de groove desde o início. Mesmo que o metal cantado em português não seja a norma nem no Brasil, Presidente Judas consegue executar isso muito bem, trazendo um toque de elegância à composição. O resto do álbum segue uma linha semelhante, mas não completamente igual, com “Evil Woman” apresentando uma linha de base mais proeminente e uma boa dinâmica entre vocais gritados e cantados, “Labirinto da Morte” sendo um pouco mais agressivo e “Bruxax” especificamente, sendo capaz de realmente transmitir uma atmosfera sinistra, completa com um refrão muito cativante.

Algo que é frequentemente encontrado nos discos do stoner doom é que eles se tornam apenas uma bagunça distorcida depois de um tempo de audição, mas surpreendentemente, este não é o caso. Acontece que é bem curto também, chegando a pouco menos de 30 minutos, mas essa brevidade não prejudica muito o álbum. Nesse intervalo de quase meia hora a banda consegue demonstrar muita versatilidade e variedade, realmente impondo seu estilo, mas sem exagerar nas boas-vindas. Nos dias de hoje em que o streaming é líder, onde a maioria das pessoas ouve apenas algumas músicas em trânsito, a experiência deste LP não é prejudicada por ouvir as músicas de maneira livre, mas sua ordem e sequenciamento também são muito bem pensadas, trazendo um bom equilíbrio de faixas portuguesas e inglesas.

Em suma, o álbum homônimo do Presidente Judas definitivamente merece ser ouvido, especialmente por aqueles que buscam alguma variedade na esfera do stoner doom. Sua curta duração o beneficia, mas também deixa o ouvinte curioso para saber o que vem por aí com a banda. Definitivamente vale a pena ouvir.

Ouça o álbum pelo Spotify:

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