Primal Fear – Reto, Direto, Competente e Burocrático, show com casa cheia das lendas alemãs do Power Metal

Mostram que os 26 anos da banda sempre em alta é justificável, contornando ausência de seu membro fundador

Por: Fernando Queiroz / Fotos: Matheus Machado

É um fato que os dois nomes que fazem o Primal Fear são Ralf Scheepers, dono dos agudos incríveis e icônicos, e Matt Sinner, baixista, produtor e compositor na banda. A falta de Sinner com certeza deixava em dúvidas do como seria o show, especialmente como estaria o clima da banda. Não se pode, porém, negar a importância e principalmente a competência dos outros membros, em especial o veterano Tom Naumann, que participou de quase todos os clássicos da banda até hoje, sendo também um membro fundador, apesar de ter passado anos fora. O guitarrista Alex Beyrodt e o baterista Michael Éhre também já têm seu nome na história da banda, e a eles se juntou Alex Jansen, baixista holandês que está cobrindo enquanto Sinner recupera sua saúde.

Domingo chuvoso e concorrência de shows não espantou o público

Foi essa formação, então, que nos agraciou com esse show em um domingo chuvoso, que até poucos minutos antes da abertura das portas do Fabrique Club dava a entender que teria pouquíssima gente. Engano meu! Por motivos internos, a casa abriu com meia hora de atraso – estava marcado para as 18h, mas só foi abrir por volta das 18h30 –, e logo que foi abrir, a fila já ia aumentando um pouco de quantidade de gente. Compreensível, diga-se de passagem, as pessoas chegarem tão em cima da hora, pelo temporal que caía em São Paulo.

Algumas pessoas na pequena fila antes de abrir também culpavam os shows de Machine Head e Marduk no mesmo dia pelo baixo número de presentes.

No fim das contas, pouco antes do show começar, já próximo das 19h30 a casa já se encontrava com um público muito bom para a ocasião e circunstâncias, deixando a casa relativamente cheia.

Pontualidade alemã no início do show

Alemães são conhecidos, em geral, por sua pontualidade, e isso se refletiu no início da apresentação. Às 19h30 pontualmente, a introdução começou a tocar, e a animação do público presente era nítida.

O show abriu com dois clássicos, Chainbreaker e Rollercoaster, dos álbuns Primal Fear e Seven Seals, respectivamente, um início bastante apelativo para animar os presentes. Ralf, então, apresentou-se, e arriscou algumas brincadeiras rápidas e descontraídas em português – aliás, via-se claramente o esforço do vocalista em agradar o público local com frases e palavras, além de brincadeiras, em idioma local. O público gritava “Primal Fear” incansavelmente, e o baterista Michael Éhre puxou o icônico “tum tum tá” para acompanhar o coro, e Ralf puxou rapidamente We Will Rock You, do Queen, aproveitando a deixa. Tocaram, então The World Is On Fire e Deep In The Night do lançamento mais recente da banda, Code Red, que aparentemente caiu nas graças dos fãs, que sabiam cantar os refrães e letras.

Competente e sem surpresas

O show prosseguiu sem surpresas no setlist, refletindo quase que na íntegra o que vinham tocando nos últimos shows da turnê. Uma escolha acertada, visto que essa formação não contava com o grande nome fundador da banda, Matt Sinner, e arriscar poderia não ser sábio.

Há de se dizer que, além da banda extremamente afiada e entrosada, Ralf Scheepers nunca cansa de impressionar. Um sujeito de 58 anos de idade, e cerca de 30 de carreira, mandando agudos extremamente potentes como se tivesse 20 anos de idade é louvável, mostrando que é alguém que cuida muito bem de sua saúde e nunca deixou de estudar e treinar.

Ao longo do show, clássicos eram tocados intercalando com sons do último álbum, e o destaque fica, sem dúvidas, pelo hit Nuclear Fire que levou o lugar abaixo! O público cantava não só a letra quando Ralf jogava para eles, mas também cantarolava os próprios riffs da música, que inegavelmente grudam na cabeça.

Vale fazer a observação da qualidade do som no local. Embora o Fabrique Club não tenha a melhor acústica possível, ouvia-se cada instrumento perfeitamente, da bateria, às cordas, ao VS das poucas partes de teclados, e a voz. Tudo muito claro e nítido em qualquer ponto da casa, mais à frente ou mais atrás.

Ao que parecia ser o final do show, tocaram dois de seus sons mais icônicos, o grande hit Metal Is Forever, e a ótima de fechamento Final Embrace, músicas que Ralf usa e abusa de sua apuradíssima técnica vocal, e seus agudos extremamente altos. Claro, não podia faltar o bis, e quando voltaram, mais dois ótimos sons, Running In The Dust, do primeiro álbum, e Angel In Black do álbum Nuclear Fire.

Acabava ali o show, mas a banda continuou no palco, e colocou de fundo em playback, enquanto se despedia, a música Forever, que o público colocou as mãos para cima e as balançava.

Um show excelente, apesar de burocraticamente sem surpresas com setlist conservador, que mostrou a competência da banda, e o porquê de terem uma longevidade tão grande sem pontos baixos na carreira. O verdadeiro Power Metal alemão traduzido em show para nenhum fã pôr defeito. Esperamos mais apresentações deles no futuro, quem sabe com Matt Sinner de volta aos baixos. Torcemos por sua recuperação completa!

Setlist:

1 – Chainbreaker

2 – Rollercoaster

3 – The World Is On Fire

4 – Deep In The Night

5 – Face The Emptiness

6 – Another Hero

7 – Nuclear Fire

8 – Hear Me Calling

9 – Fighting The Darkness

10 – King Of Madness

11 – The End Is Near

12 – When Death Comes Knocking

13 – Metal Is Forever

14 – Final Embrace

Bis:

15 – Angel In Black

16 – Running In The Dust

Nos sigam e deêm um like na gente \m/
error
fb-share-icon

About André Fagundes

Designer de formação e músico por paixão e teimosia, cresci indo na Galeria do Rock atrás de zines para ler, além de flyers de shows e namorar as guitarras das lojas da Santa Ifigênia no Centro de São Paulo.

View all posts by André Fagundes →

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *