PUNK ROCK É CELEBRADO EM GRANDE ESTILO COM GAROTOS PODRES E BLACK FLAG

A tarde chuvosa da última sexta-feira (27) deu espaço a uma noite nublada com direito a uma verdadeira celebração do punk e hardcore no Carioca Club em São Paulo.

Texto: Peu Bertasso / Fotos: Gustavo Palma

Com abertura dos veteranos Garotos Podres, clássica banda punk de Mauá, o lendário Black Flag trouxe a comemoração de trinta anos do disco “My War” para a capital paulista. A extensa turnê na América Latina passou por México, Costa Rica e Argentina antes de seis datas pelo Brasil, com shows em Ribeirão Preto, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e, depois da terra da garoa, ainda passa pelo Rio de Janeiro. Independente do tempo, o público compareceu em peso em um evento muito bem organizado que contou até com barraca de comida vegana. 

OS GAROTOS PODRES DÃO AULA ANTI FASCISTA COM PUNK AFIADO

A casa tocava clássicos do punk enquanto os fãs entravam para o show de abertura. Desde 1982 na estrada, o Garotos Podres é um dos grandes nomes da cena punk nacional. Nesse show, todas as letras das músicas escolhidas traziam mensagens anticapitalistas e anti fascistas, mostrando a realidade sofrida do trabalhador brasileiro. Essas letras se juntavam ao peso da banda no palco e ao carisma que Mao apresenta junto de sua voz rouca, tornando tudo uma excelente apresentação. De forma interessante, o vocalista contava as histórias que serviam como inspiração para as músicas, interagindo com os presentes a todo momento.

Pontualmente às 20h, a banda deu início com “Garoto Podre” para um Carioca Club já praticamente cheio, tendo a excelente “Oi! Tudo bem?” na sequência, faixa que viralizou em alguns nichos das redes sociais recentemente. Do primeiro álbum, “Johnny” teve “Rock de Subúrbio” em seguida, música que contou com a participação dos presentes. Essa última já foi emendada com “Suburbio Operário”, contando sobre o dia a dia de um trabalhador. “Avante Camarada”, faixa composta por lideranças do partido comunista português na luta contra o fascismo do país, também foi cantada com todos. No refrão, repetido em forma de marcha, a maioria dos que estavam lá levantava o punho junto com Mao. Depois do vocalista falar sobre a importância da luta contra o fascismo (e do público entoar o conhecido “Ei Bolsonaro, vai tomar no cu”), fizeram cover da banda italiana Los Fastidios, “Antifa Hooligans”, que animou os presentes. “A Internacional” veio depois, música baseada em um antigo poema escrito por um trabalhador francês que se tornou um hino comunista. Homenageando os mortos na greve de 1988 na Companhia Siderúrgica Nacional, mas também toda a classe operária, “Aos fuzilados da C.S.N”, teve “Anarquia Oi” em sequência, voltando ao primeiro disco do grupo, mais uma faixa que contou com a participação do público. De gorro na cabeça, Mao entoou a clássica “Papai Noel Velho Batuta”, fazendo o mosh nascer no meio da galera.

Contando uma historinha sobre bebês revolucionários que lutaram contra um ditador que as proibia de fazer cocô todos os dias, o que arrancou boas risadas dos presentes, “Vou fazer cocô” encerrou a incrível apresentação e mostrou porque o Garotos Podres faz um dos shows nacionais mais interessantes de se assistir hoje em dia. 

Garotos Podres – 27/10/2023 – Carioca Club

Garoto Podre
Oi! Tudo bem?
Johnny
Rock de Subúrbio
Avante Camarada
Antifa Hooligans (cover de Los Fastidios)
A Internacional
Aos Fuzilados da C.S.N.
Anarquia Oi!
Papai Noel Velho Batuta
Vou Fazer Cocô

BLACK FLAG COMEMORA ANIVERSÁRIO DE “MY WAR” JUNTO COM GRANDES CLÁSSICOS PARA OS FÃS

Às 21:07, as cortinas do Carioca Club abriram para o Black Flag. Com a primeira parte do seu setlist executando o “My War” na íntegra, a faixa título do álbum iniciou a apresentação, contando com a interessante “Can’t Decide” logo depois, com sua longa (para uma música de punk) introdução e solos. Já nessa música, um fã subiu ao palco para abraçar o vocalista (e skatista profissional) Mike Vallely. Em “Beat My Head Against the Wall”, as primeiras tentativas de stage diving se iniciaram. Emendando uma música na outra, “I Love You” deu sequência a apresentação, contando até com um tropeço de um fã na caixa de retorno de som enquanto tentava pular do palco. “Forever Time” e “The Swinging Man” vieram antes da cadenciada “Nothing Left Inside”. “Three Nights” e “Scream” foram as responsáveis por encerrar o primeiro set. Em sua primeira interação com o público, Vallely agradeceu a todos e disse que a banda daria uma pausa de dez minutos e que voltariam em seguida para o segundo set. 

A banda retornou ao palco com “Nervous Breakdown”, mas logo foi interrompida para ajudar um fã que, aparentemente, estava passando mal na frente do palco. Depois, reiniciaram a música para a alegria dos presentes, porém, no fim da música, um dos fãs (aparentemente, o mesmo que havia tropeçado na caixa de som), estava no palco se preparando para fazer um stage diving. Porém, sua demora para pular irritou o vocalista, que o agarrou pela manga da camisa e o derrubou. Quando o fã finalmente pulou, Mike parecia ordená-lo a sair da casa de show. Depois da pequena confusão, o show seguiu com “Fix Me”, “I’ve Had It”, “Wasted”, “Jealous Again” e “No Values”. Em “Black Coffee”, dois fãs voltaram a subir no palco, mas logo uma pessoa da produção correu para empurrá-los. Convidando o público para cantar junto, “Gimme Gimme Gimme” animou a galera, abrindo o mosh no centro do Carioca Club, tirando o clima tenso causado pela situação anterior. Seguranças, agora no palco, impediam que os fãs subissem, logo os derrubando quando conseguiam. Nas palmas, o público acompanhava a introdução do baixo de “Six Pack”, assim como também cantava o título da faixa no refrão. Depois de uma longa microfonia feita pela banda que obrigou alguns da plateia a taparem os ouvidos, “Depression” deu continuidade ao show, seguido por “In My Head”, “Room 13” e “Revenge”. Depois de Mike Valley apresentar os colegas de banda Charles Wiley (bateria), Harley Duggan (baixo) e Greg Ginn (guitarra), único membro original da banda, “TV Party” fez a alegria dos presentes. “Rise Above” e “Louie, Louie” foram as responsáveis por encerrar a apresentação, essa última contando com um solo de guitarra estendido, retornando ao refrão e finalizando de vez o show. 

Black Flag trouxe aos fãs uma verdadeira celebração de sua música. O segundo set, particularmente, parecia ter deixado os fãs mais empolgados que a execução na íntegra de “My War”. Porém, independente, era possível ver, na saída do show, as camisetas suadas dos mais animados que fizeram moshs e agitaram durante todo o evento. Garotos Podres não ficou para trás. Além de fazer um excelente show, foi uma das primeiras vezes que vi o Carioca Club já cheio para uma banda de abertura, o que mostra a força dos paulistas. Difícil encontrar um fã que foi embora insatisfeito para casa. 

Black Flag – 27/10/2023 – Carioca Club

Set: My War

My War
Can’t Decide
Beat my Head Against the Wall
I Love You
Forever Time
The Swinging Man
Nothing Left Inside
Three Nights
Scream

Set: Greatest Hits

Nervous Breakdown
Fix Me
I’ve Had It
Wasted
Jealous Again
No Values
Black Coffee
Gimme Gimme Gimme
Six Pack
Depression
In My Head
Room 13
Revenge
TV Party
Rise Above
Louie Louie (cover de Richard Berry)

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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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