Invasão pirata toma São Paulo no último sábado 

Após 4 anos, Visions of Atlantis volta para o Brasil para divulgar seu mais recente álbum “Pirates”

Texto: Tamira Ferreira

A banda de metal sinfônico Visions of Atlantis fez seu primeiro show no Brasil em 2019 e, após a próxima tour que apresentaria o álbum “Wanderers” ser cancelada por causa da pandemia, eles voltaram a América Latina com uma intensa turnê onde a banda acabou tocando todos os dias, em um país diferente, durante toda a semana. No Brasil, eles se apresentaram no sábado (07) e ainda tiveram que concorrer com outro show que reúne o mesmo público acontecendo no mesmo dia. Mesmo assim, uma significante plateia apareceu para preencher o pequeno Hangar 110. 

Dessa vez, a banda realmente assumiu o estilo pirata e lançou o disco “Pirates” em 2022. Nessa turnê era possível ver uma reformulação na banda quando se fala em performance, visual e até nas músicas. 

Visions of Atlantis faz show intimista para fãs brasileiros, mas com a energia de grandes festivais. 

Mesmo o show sendo em uma casa pequena e com um público de algumas centenas de pessoas, nada iria impedir a banda de entregar um show com a energia lá em cima e com uma performance impecável. O Sonoridades Underground estava lá e vamos te contar como foi. 

Logo no início da noite de sábado, uma forte chuva tomava São Paulo, o que não impediu os fãs de formarem uma fila do lado de fora do Hangar 110 para esperar a hora de entrar na casa. Já outros fãs estavam do outro lado, em um local coberto para não se molhar. 

Quando a casa abriu, a entrada foi tranquila e rápida. Prontamente os fãs assumiram seu lugar em frente ao palco e a ansiedade já começava a tomar o ambiente. Marcado para as 21h, o show teve 20 minutos de atraso, o que não foi algo ruim já que os fãs estavam satisfeitos de estar em um local coberto e longe da chuva. 

É quando todas as luzes se apagam e a marcante introdução de “Master the Hurricane” começa para o delírio de quem estava ali. Primeiro entram os músicos Thomas Caser (baterista), Christian “Dushi” Douscha (guitarrista) e Herbert “Herb” Glos (baixista) que se posicionam tocando uma prolongada introdução da canção dando a deixa para a entrada dos dois vocalistas Clémentine Delauney e Michele “Meek” Guaitoli.

Essa é, com certeza, a melhor canção para se iniciar o show, pois é animada, potente, que expressa muito bem o estilo da banda e já começa com o clima lá em cima mostrando que uma apresentação do Visions of Atlantis não é para locais calmos e tranquilos. Mantendo o ritmo, a banda começa “New Dawn” do álbum Delta de 2011. O público começa o show mais pacato e apenas assistindo a performance, mas atendem a todos os chamados de Clémentine e Meek para levantar os braços, gritar ou bater palmas. 

Os vocalistas constantemente agradecem e cada canção tem sua introdução que combina com a música que irá ser tocada como quando Clémentine anuncia que fomos invadidos por piratas e agora estamos em seu barco. Já Meek fala que o que resta agora é descobrir se somos piratas de verdade para nos unirmos a eles ou se iremos andar na prancha. A apresentação segue com “A Life of Our Own” do álbum “Wanderers” e consegue aquecer mais um pouco do público que canta junto e interage mais com os músicos. O que é perfeito para trazer a energia certa para a dançante “Clocks” do lançamento mais recente. 

O show acaba focando mais no disco “Pirates” e eles tocam quase todas as canções dele, como “Mercy”, música que bebe diretamente do power metal e tem um refrão que lembra bastante dos cânticos piratas. Uma das canções mais características da banda e que traz o mesmo nome do álbum é “The Deep and The Dark” que foi a última turnê que eles trouxeram para o Brasil antes da pandemia. Mesmo os versos mais rápidos não impediram o público de cantar junto.  O que era interessante ver durante o show é que celulares se erguiam para filmar partes da apresentação, mas não foi algo que aconteceu constantemente e os fãs aproveitaram bem o momento para curtir e interagir com a banda. Essa que entregou uma performance energética, esbanjando animação e carisma. O fato de ser um show menor não os barrou de entregar um show com qualidade e grandiosidade. 

Na hora de conversar com o público, Clémentine pede para todos acenderem a luz dos celulares e iluminarem o local, não com a luz da casa, mas a de cada um e seu dispositivo. Era o momento de tocar uma das canções mais bonitas da banda e foi impossível segurar a emoção ao ver todo mundo com uma luz ao som de “Freedom”. O show volta para sua energia inicial com uma canção que tem o refrão fácil de cantar e que gruda na cabeça de todos, o que foi excelente para fazer o público cantar junto “A Jorney to Remember”.

A canções mais animadas mostravam o lado engraçado da banda que interagia entre si fazendo gracinhas, fingindo que estavam lutando e toda hora alguém tirava o chapéu da cabeça de Meek e colocava em sua própria. Até que Clémentine o tira dele e joga para plateia e deixa o vocalista sem o adereço até quase o fim do show quando ele pede para o fã jogar de volta para o palco. 

Outra cena que foi bem engraçada se passou antes de “In My World” em que Meek tentava tocar uma flauta imaginária, primeiro com seu microfone, depois com o microfone de Clémentine e por último com a baqueta de Thomas. Todas as tentativas não deram certo e tiraram risadas do público. Até que o baterista pega uma de suas baquetas e começa a “tocar” a introdução da canção. A faixa “In My World” também é mais emotiva, traz uma bela letra que fala sobre passar por dificuldades na vida, mas ressalta que não irá desistir e que sempre encontrará segurança em seu mundo. 

Mantendo as canções emocionantes, a banda toca “Darkness Inside” que também faz parte do álbum “Pirates”. Já do “Deep and the Dark”, eles tocam “Return to Lemuria”, antes, Clémentine conta que a banda passou por diferentes estilos até se encontrarem como piratas, mas era sempre bom retornar à suas origens.  Uma coisa que vale muito ressaltar é a qualidade da banda na hora de tocar e as potências vocais dos dois vocalistas. Meek navega por diferentes sonoridades indo dos vocais limpos, aos líricos e drives trazendo uma textura diferente para cada música. Já Clémentine canta com facilidade até mesmo quando alcança notas mais altas e em nenhum momento aparenta ter dificuldade em usar sua voz.

O show estava chegando ao seu fim e mesmo com um setlist que contou com 16 canções, era possível ver que o público ainda não queria ir embora e estava aproveitando cada momento. Mesmo começando mais devagar, os fãs já estavam se mostrando propícios a fazer tudo que a banda pedia e aproveitar cada momento daquela noite. 

Então era hora da balada “Nothing Lasts Forever” que sobressai ainda mais a qualidade dos membros da banda em uma impecável apresentação. Para a próxima canção, Meek pede para todos ergueram as mãos e olhou para cada fã na expectativa de ver se todos tinham obedecido, não deixou ninguém abaixar naquele momento. Mesmo chegando ao fim, todos obedeciam às ordens e interagiam com a banda. Ao som das palmas, começava “Heroes of the Dawn”. 

E os pedidos não paravam por aí. Para “Melancholy Angel”, Meek pediu que todos que estavam no camarote descessem para a pista porque era uma canção ideal para pular e ele não queria que um acidente acontecesse com alguém ali em cima. A princípio, o público do camarote estava um pouco relutante, mas acabou cedendo e todos ficaram na pista para interagir junto. Foi uma animada festa com todo mundo pulando e dançando junto com a banda.

Depois de pular durante uma canção inteira, a banda sai do palco e se prepara para as duas últimas canções da noite. Clémentine anuncia que a banda já está se preparando para uma nova jornada com o lançamento do próximo álbum e que espera ver todos novamente. Mas ainda era hora de aproveitar mais uma canção do último álbum e “Pirates Will Return” se inicia. 

Quase no fim da canção, Meek pede para todos se sentarem ao chão e colocar as mãos no ombro da pessoa a sua frente para fingirem que estão remando em um barco. A banda faz o mesmo em cima do palco e um mar de pessoas se movimentam para frente e para trás ao mesmo tempo. Algo que não se vê sempre e foi bem legal ver como os fãs atenderam a todos os pedidos dos vocalistas desde o início do show. Era como se fosse uma grande apresentação interativa onde todos tinham um papel, até a plateia. 

Eles encerram a apresentação com “Legion of the Seas” entregando um show único e espetacular para quem estava ali naquela noite valendo a pena enfrentar a chuva para viver toda a experiência.

No fim, pode-se dizer que o público conseguiu provar para a banda que eles podem fazer parte de sua tripulação pirata e que ninguém irá andar na prancha no fim das contas. Agora é esperar a próxima aventura que a banda nos enviará com o próximo álbum e turnê.  

Visions of Atlantis – Hangar 110 – 07/10/2023

Master the Hurricane
New Dawn
A Life of Our Own
Clocks
Mercy
The Deep & the Dark
Freedom
A Journey to Remember
In My World
Darkness Inside
Return to Lemuria
Nothing Lasts Forever
Heroes of the Dawn
Melancholy Angel

Encore:
Pirates Will Return
Legion of the Seas

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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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