Svalbard – The Weight Of The Mask

Após seu álbum de 2020 – “When I Die, Will I Get Better?”, o Svalbard retorna com o “The Weight Of The Mask” que será lançado no próximo dia 06 de Outubro, vulgo sexta-feira que vêm, via Nuclear Blast Records. Contará com 09 faixas gravadas no The Ranch Production House no Reino Unido. O disco foi produzido e mixado por Lewis Johns, com assistência de Matt Janke e com edições adicionais de Kel Pinchin e Sebastien Sendon.

A intenção do Svalbard com sua música, é fazer as pessoas se sentirem menos sozinhas e estar ao lado das pessoas em seus momentos mais sombrios. “The Weight Of The Mask” expõe corajosamente experiências de doença mental e depressão, na esperança de ajudar a desestigmatizar esses tópicos.

01. Faking It // 02. Eternal Spirits // 03. Defiance // 04. November // 05. Lights Out // 06. How To Swim Down // 07. Be My Tomb // 08. Pillar In The Sand // 09. To Wilt Beneath The Weight

01. Faking It

Para aqueles que acompanham a banda um pouco mais de perto, irão se familiarizar com essa faixa. Lançada em 12 de Julho, a faixa fala do ponto de vista de uma pessoa que está claramente infeliz e deprimida e se questiona do porque ela finge estar bem, quando na verdade não está. “I don’t recognise that smile“ – Eu não reconheço aquele sorriso, cantam Serena e Liam.

A música se inicia com uma intro de arranjos melódicos pra então cair no D-Beat característico da banda. E assim segue alternando entre momentos rápidos e momentos mais cadenciados, onde trabalham muito bem as melodias ressaltando as partes mais emocionantes, trazendo a introspecção necessária para a faixa, condizendo com o caráter questionador da letra.

Essa faixa veio acompanhada de um clipe muito legal, deixando bem claro essa dicotomia de sentimentos, onde passeiam entre um ambiente totalmente “instagramável”, perfeito para as fotos e selfies para as redes sociais, mostrando Liam e Serena sorrindo e alegres, e um outro ambiente, onde mostram a banda executando a música num ambiente mais sombrio, onde vez e outra seus integrantes aparecem fazendo a sua contra parte tristes e apáticos em relação ao ambiente alegre e falso.

02. Eternal Spirits

Esse foi o primeiro single escolhido pela banda para dar início a campanha de divulgação do álbum. Lançado em 27 de Fevereiro, “Eternal Spirits” é uma espécie de ode aos músicos que se foram e deixaram seu legado em todos aqueles que foram tocados pela sua música e permanecem vivos em nós. Buscando mais informações a respeito da letra, descobri nas redes sociais da banda algo interessante pra compartilhar: “A nível pessoal, Joe Jordison foi a pessoa que me inspirou a pegar um instrumento. Eu comecei aprendendo bateria quando eu tinha 12 anos de idade, por causa da energia e paixão que ele exalava quando tocava. Quando eu ouvia ele tocando, cada hit me dava um surto de motivação. Sua centelha criativa acendeu uma chama em mim que jamais será extinta. Eu gostaria de dedicar “Eternal Spirits” em sua memória.”, disse a vocalista Serena Cherry.

Uma música mais curta quando comparada a anterior, “Eternal Spirits” já começa com tudo. Com um riff bem cadenciado logo de cara. Gostaria de destacar o quanto a linha da bateria de Mark Lilley me chamou a atenção nessa faixa. Bem cadenciada e trabalhada, alternando entre bumbos duplos no início e o D-Beat clássico, desacelerando um pouco depois até sermos pegos de surpresa com os vocais limpos de Serena, encaixando perfeitamente com o ápice da música e letra. Repetindo tudo novamente, com guitarras de riffs melódicos construindo toda a atmosfera, essa é uma música que quando acaba dá vontade de ouvir de novo e de novo, para celebrar a memória daqueles que se foram!

E quanto ao clipe, bom, esse eu deixo pra vocês analisarem:

03. Defiance

Em “Defiance”, temos uma letra intensa falando do desafio de lutar contra as adversidades, daí o nome da música, defiance=desafio. Pode parecer uma letra pessimista, que apenas relata a dor de alguém que está num momento difícil com um coração quebrado, uma mente ansiosa e uma voz interior sem esperança, como está no primeiro verso. Porém, esse mesmo verso é encerrado com: Mas eu estou lutando!, dando um tom mais realista para a letra. E que com certeza pode ser algo legal de se ouvir, caso esteja passando por um momento difícil. Essa letra me parece relatar o desafio de alguém que está passando por uma depressão e está lutando contra isso.

Intensidade esta, muito bem representada com a melodia da música, que já começa com os primeiros versos sendo berrados a plenos pulmões. Uma atmosfera que complementa bem o teor da letra, hora mais rápida, hora mais cadenciada e lenta. Com alguns versos cantados de forma limpa pela Serena, agregando muito bem à melodia.

04. November

Aqui temos uma letra curiosa, é um relato de alguém que passou por uma decepção muito grande em um Novembro sombrio, como diz a letra. A deixando em pedaços, incapaz de sentir o frio do inverno. Onde ela promete a si mesma, nunca mais passar por isso de novo, “cabeça baixa, barreiras levantadas”, ela diz. E relata também o quanto ela está triste por estar congelando e virando pedra. A curiosidade que achei legal aqui, se dá pelo fato de Novembro ser o Outono no hemisfério Norte, ou seja, a transição do verão para o inverno. Pegaram a referência? Pois é, a letra faz essa brincadeira com o fato de estar se tornando frio após uma grande decepção, com a mudança da estação. Que geralmente é bem pesada pra galera do norte global dependendo do país, chegando a temperaturas negativas, muita neve e dias com pouco sol.

E não é só na letra que há essa dinâmica. Na música, começamos com guitarras dedilhadas e sem distorção, com Serena usando sua voz limpa, quase como uma espécie de relato, com os outros instrumentos entrando suavemente a acompanhando. A faixa segue nesse ritmo até a sua metade, quando somos surpreendidos pelos blast beats de Mark e as guitarras distorcidas e berros que já estamos acostumados. Justamente quando a letra relata o quão triste essa pessoa está por estar congelando e virando pedra. Ótimo sacada da banda! Trazendo um dinamismo interessante pra essa faixa, demonstrando bem essa sensação de frieza e ao mesmo tempo fúria.

05. Lights Out

Se em “Defiance” eles não disseram isso de maneira direta, aqui eles deixam muito claro: esta faixa fala de depressão. Também é de onde o título do disco vem: “The weight of the mask buries me into silence”, ou numa tradução direta, “o peso da máscara me enterra no silêncio”. E é mais ou menos por aí que a letra segue, relatando o quão difícil é estar em depressão, o quão doloroso é e o quanto isso te corrói por dentro como chamas. Te impossibilitando até mesmo de pedir ajuda, pois você grita mas está mudo e deprimido demais para dizer que está deprimido.

Quanto ao instrumental, apesar de parecer repetirem a fórmula de “Eternal Spirits” e “Defiance”, em “Lights Out” temos um andamento um pouco mais lento quando comparada as faixas citadas, o que dá uma carga um pouco mais emocional por se tratar de um assunto tão sério e delicado como a depressão. Mais ou menos no meio da faixa temos Serena com sua voz limpa e as guitarras sem distorção a acompanhando, para nos dar um pouco de conforto e acalento. E depois retornando aos berros e as guitarras distorcidas, de arranjos melódicos e atmosféricos, trazendo a melancolia que a faixa pede e passa tão bem.

06. How To Swim Down

A menor letra do disco, “How To Swin Down” fala de maneira poética sobre amor e proteção. Ou como a própria Serena diz: “Este som é sobre a dor extraordinária e a beleza triste do amor não correspondido. Acho que é a música mais triste e comovente que já escrevemos. Liricamente, o ponto de partida do verso é sobre a ocultação da adoração, antes que o refrão dê lugar à compreensão e aceitação do destino de amar alguém silenciosamente de longe.”.

Esta faixa é interessante também, pois contém apenas os vocais limpos de Serena, sem os berros usuais da banda e o Liam Phelam, guitarrista e vocalista da banda, usa um violino para dar um toque ainda mais especial à música. Servindo como uma espécie de “interlúdio” praticamente no meio do disco. Essa é uma faceta que o Svalbard já vinha experimentando nas faixas anteriores, porém agora exploraram em uma faixa inteira, para quem gosta da influência shoegaze deles, é um prato cheio combinando com a vibe poética da letra.

Sendo também o terceiro e último single da banda, lançado no dia 15 de Agosto. Confira abaixo o clipe feito por Boy Tillkens. A animação comovente é um retrato delicado da humanidade, detalhando a ternura e a força encontradas na existência.

07. Be My Tomb

A sétima faixa do disco fala de isolamento, do quanto isso nos deixa anestesiados e insensíveis a troco da nada. E faz uma analogia na letra, pedindo as paredes para não deixar que ali seja a sua tumba. Com isso, num mundo pós-pandemia não há como não pensarmos nos momentos mais difíceis que todos nós enfrentamos, como também podemos expandir além do confinamento que sofremos por causa da Covid. Podemos aplicar as nossas bolhas sociais cotidianas e até mesmo ao isolamento que podemos nos submeter, quando por experiências ruins, não queremos passar por uma determinada situação novamente.

Começando num crescendo, “Be My Tomb” surge com riffs melódicos marcantes e bem trabalhados, com passagens bem cadenciadas de bateria e caídas bem trabalhadas dando o clima angustiante que a música pede. Frases como “In a house of empty rooms” cantada por Liam e “Please don’t let this be my tomb” pela Serena, ficaram na minha cabeça enquanto ouvia a sétima faixa do disco.

08. Pillar In The Sand

Chegamos então a oitava e penúltima música do disco, aqui a linguagem é mais poética e um pouco abstrata dessa vez. “Pillar in the sand” me parece falar de pertencimento, de quando se retorna a um lugar onde nos sentimos em casa. Onde lembranças invadem nossa mente. Talvez por isso da escolha da analogia do pilar na areia, por mais que as coisas mudem, o pilar ainda estará lá quando quisermos voltar.

Com um começo dedilhado, “Pillar in the sand” lembra a quarta faixa “November” pela sua estrutura. Porém, Serena não canta com tom confessional, mas sim de forma doce e suave. E mantém assim até por volta dos 3 minutos de música, quando entram as distorções e os habituais vocais berrados, como se quisessem gritar aos quatro ventos o quão importante esse suposto lugar é para eles. E apesar dessa dinâmica onde metade da música é mais calma e a outra metade é gritada que temos em “November”, aqui o sentimento é outro, muito distante da tristeza e fúria da quarta faixa. E mais próximo do sentimento que temos quando lembramos de um lugar querido por nós.

09. To Wilt Beneath The Weight

Na faixa que encerra o disco, temos uma letra que fala daquele sentimento de quando nos esforçamos demais para algo, trabalhamos duro para que desce certo, mas estamos sendo esmagados pelo peso de algo tão frágil. Algo que no fim não valeu a pena todo o esforço. Como eles dizem na letra: “Uma flor murchando sob o peso deste navio afundando. Eu não posso continuar me afogando por isso”.

“To wilt beneath the weight” encerra muito bem o “The weight of the mask”. Uma faixa com um peso emocional interessante, combinando bem com a faixa anterior para fechar o disco. Contendo os elementos trabalhados nas faixas anteriores como dinamismo, melodia, cadência, caídas marcantes, os vocais berrados de ambos os vocalistas e o nosso querido D-Beat. Ótima combinação que o Svalbard vem nos trazendo com seus lançamentos, junto com letras poderosas tratando de temas importantes, que devem ser discutidos e ouvidos por todas as pessoas.

Gostaria de agradecer a Nuclear Blast Records e ao Svalbard pela oportunidade de ouvir e poder falar um pouco das minhas impressões sobre o novo disco. Ansioso pelo lançamento oficial no dia 06 de Outubro. Espero que tenham gostado da leitura até aqui e um grande abraço!

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About André Fagundes

Designer de formação e músico por paixão e teimosia, cresci indo na Galeria do Rock atrás de zines para ler, além de flyers de shows e namorar as guitarras das lojas da Santa Ifigênia no Centro de São Paulo.

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