Mudness: Stoner/Doom metal sujo e lamacento, do melhor jeito possível

Mudness, o grupo catarinense de stoner/doom, formado em 2019, lançaram em julho de 2023 seu primeiro álbum, o apropriadamente intitulado “Mudness”.

Texto: Daniel Agapito

Influenciados por “expoentes da vertente, como as bandas Electric Wizard, Monolord
e Windhand, além de clássicos como Black Sabbath”, o trio consegue entregar 35 minutos de um stoner metal tradicional, mas com uma abordagem e produção modernas. Formados pelo guitarrista Renan Casarin (WeeDevil), o baixista Fernando Lima Dal Bó (Umbral) e o baterista Pedro Silvano, os catarinenses entregam um som incrível do começo ao fim.

O álbum epônimo de estreia da banda já começa de maneira forte com “R.I.P.”. Marcada pelo seu timbre de guitarra que soa como se alguém houvesse fritado tal guitarra, e timbre de baixo avassalador, esta faixa inicial (que já havia sido previamente lançada como single) demonstra um começo ótimo para o LP de 7 faixas. A supracitada faixa conta com elementos característicos do doom e stoner metal, notavelmente vocais levemente distorcidos e banhados em reverb, uma percussão simples, porém um tanto eficaz e riffs envolventes.

Após os 5 minutos de duração da “R.I.P.”, vem a “Gone”, um dos destaques do álbum. Já começando com um tradicional riff com bends, e um tom de baixo igualmente bárbaro, esta segunda faixa consegue demonstrar com maestria a capacidade vocal do vocalista da banda, o Renan Casarin. Contando com várias camadas de guitarra e baixo, e ainda por cima um solo recheado de diversos efeitos, e até algo bastante similar a um breakdown. “Gone” apresenta novamente o som tradicional da banda, mas mostra que o Mudness não tem medo de experimentar um pouco, e oferecer um som único.

“Evil Roots”, já se inicia diferentemente das faixas prévias do trabalho epônimo do grupo, com uma guitarra menos agressivamente distorcida, com mais reverb e delay, que acaba trazendo variação ao LP. Este timbre inerentemente mais calmo não permanece por muito tempo, pois a tonalidade mais “frita”, mais agressivamente distorcida retorna, trazendo com si uma presença mais forte do baixo (cortesia de Fernando Lima Dal Bó). “Evil Roots” conta com um som mais tradicional do doom e stoner, mais devagar. Mesmo com este som mais tradicional e devagar, a banda não segura nos solos, trazendo novamente solos pequenos, mas com efeitos um tanto desnorteantes (de um jeito incrível).

“Evil Roots” é sucedida pela “Disembody” uma faixa em que o jeito mais rápido e simples de resumir seria: cinco minutos de pura pancadaria tradicionalmente doom metal. Contando desta vez com um trabalho vocal que em alguns momentos aparenta ser mais gritados, ao invés dos vocais mais melódicos, cantados, que acostumamos com as outras faixas do álbum, “Disembody” traz mais uma vez, riffs tradicionalmente stoner, e um trabalho na bateria (vindo de Pedro Silvano) com diversas viradas e pequenas acentuações. 

“Yellow Imp” acaba sendo outro destaque deste álbum, trazendo outra linha de baixo mais marcada desde seu princípio. Desta vez, a faixa supracitada conta com um riff certamente mais groovado, swingado, e novamente uma percussão simples, porém bastante eficaz, acentuada por pequenas viradas. A quinta música apresenta também vocais que aparentam estar mais distortos do que antes, e um pequeno riser de sintetizador que dá para um breakdown. Após este breakdown, os riffs resumem.

Após a pedrada absoluta que é a “Yellow Imp”, temos a inusitada “Lamúria”, que é uma faixa instrumental, acústica, contando com violão, tambores, efeitos, e pequenas acentuações nos pratos. Esta faixa com certeza não estaria fora do lugar em um álbum de power metal, como um do Angra, ou até no “Quadra” do Sepultura, mas com certeza é bem-vinda no contexto da experiência auditiva do “Mudness”. Para fechar a dobradinha de músicas que encerram o projeto, temos “Final Breeze”, que logo de cara já demonstra um grau elevado de distorção e agressividade. Durante seus 6 minutos e 34 segundos de extensão, a bateria permanece pela maior parte simples, ocasionalmente com algumas viradas. A linha de baixo também é majoritariamente simples, atuando mais como uma base para a faixa. Já para a faixa de aproximadamente 3:30, temos um riff bastante variado, contando com acordes agressivos e uma linha de baixo que parece estar embaixo da água, até chegando a ter certos momentos que se assemelham à Rage Against the Machine. Temos também um solo de guitarra poucos minutos depois, agora mais dinâmico, apresentado de uma forma que parece que a guitarra troca de timbre.

Faixas:
1. R.I.P. (05:21) 
2. Gone (05:04) 
3. Evil Roots (06:22) 
4. Disembody (05:08) 
5. Yellow Imp (05:54) 
6. Lamúria (01:00) 
7. Final Breeze (06:34)

Para resumir, para constatar diretamente, sem firulas, este álbum tem simplesmente 35 minutos e 23 segundos de pura pancadaria auditiva, pedradas (do melhor jeito possível). Apresentando um som apropriadamente lamacento e um tanto sujo, mas mesmo assim ainda conseguindo ser evidentemente bem produzido, e não sendo algo esmagadoramente inacessível por conta disso, faz com que a produção seja realmente admirável. As influências dos grandes nomes do stoner e do doom metal como Electric Wizard, Moonlord e Windhand realmente ficam evidentes no trabalho autointitulado do Mudness, e surpreenderia poucos se eles eventualmente conseguissem chegar ao nível destas grandes bandas.

Nota: 8

Duração Total: 35:23

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