Asia Star Festival: evento reúne público jovem amante da música asiática

A programação contou ao todo com seis atrações da Coreia do Sul, Tailândia, China e Japão.

Com o aumento gradativo entre os ouvintes do k-pop no mundo inteiro, no Brasil não é diferente. E agora, contamos com o nosso próprio evento focado para este nicho musical, em que foram reunidos seis shows, separados em dois blocos: Star Dance, formado por grupos com coreografias marcantes; e o Star Play, constituído por bandas que se destacam por conta da percussão.

A primeira edição do Asia Star Festival aconteceu na sexta-feira (07/07), no Espaço Unimed, localizado na Barra Funda, em São Paulo. O espaço possuía a divisão entre Pista Comum e Pista Premium, além dos Camarotes e Mezaninos. Além disso, o local contava com pontos de venda para comprar algum alimento e parceria com a rede Gendai, especializada em comida japonesa.

A experiência Asia Star Festival

Houve a abertura dos portões às 14h, um horário bem cedo, pois o primeiro show só iria iniciar às 16h. No entanto, já havia algumas filas formada, em sua maioria por garotas, segurando nas mãos cartazes em diferentes idiomas para os seus artistas preferidos, faixas amarradas nas cabeças, lightstick (bastão personalizado de acordo com a estética da banda, comum na Ásia) e looks que andavam na linha tênue entre glamuroso, com muito brilho; e rebelde, com correntes e meia arrastão.

Ao mesmo tempo faltava conforto, o ambiente não contava com assentos nos cantos dos palcos para os espectadores poderem permanecer ou descansar, enquanto a outra atração não iniciava. Por sorte, algumas pessoas levaram cangas para sentarem no chão.

Durante os intervalos, era sempre relembrado nos telões os últimos ingressos à venda para o Meet & Greet com o Miyavi, último show da noite. E as lojas oficiais contavam com outros produtos relacionados aos artistas e grupos presentes no line-up do festival, como camisetas, pôsteres, lightstick e photo cards.
Logo após a entrada do evento, era possível notar inúmeras caixas de papelão, cada um nomeado com o nome respectivo do artista, em que poderia depositar cartas ou alguns mimos. É algo comum de acontecer nos eventos musicais na Ásia, pois há essa proximidade e um carinho mútuo entre fã e cantor ou banda.

Star Dance

Coreografias do BOY STORY são de tirar o fôlego

O grupo masculino chinês BOY STORY (男孩的故事) é formado pelas grandiosas JYP Entertainment e Tencent Music Entertainment, e os garotos responsáveis por trazerem letras energizantes são: Ming Rui (明睿), Xin Long (鑫隆), Yu Ze Yu (于泽宇), Zihao (梓 豪), Hanyu (涵予) e Ren Shu Yang (任 书 漾). 

Após o cronômetro de um minuto, que antecedia cada apresentação, eles entraram pontualmente às 16h. E todas as pessoas presentes já ficaram hipnotizadas com o talento dos garotos que reproduziam as coreografias idênticas aos que são apresentadas nos clipes do grupo.

As canções possuem uma pegada eletrônica, bem energizante, mesclando com vocais de rap, todas cantadas em mandarim. Os integrantes fizeram uma pequena pausa para agradecerem por estarem presentes no festival, assim como foram atenciosos, correspondendo ao carinho das fãs presentes. Eles contaram que desde que o grupo foi formado, eles possuíam vontade de virem ao Brasil para fazerem uma apresentação.

De longe, WW é a música que ficou na minha cabeça, principalmente o refrão, pois até quem não sabe a letra, fica com vontade de dançar. Outras canções como Handz Up e HOW OLD R U, ambas do álbum Enough, de 2018; estiveram presentes no setlist do grupo, e são muito importantes, por se tratarem de clássicos e uma das composições mais famosas.

Em uma das interações com os fãs, eles demonstraram gostar da canção Entre Razões e Emoções, do grupo NX Zero; e até arriscaram cantar uma palhinha. E para todo mundo ver que eles estão por dentro das novidades fonográficas brasileiras, eles dançaram e rebolaram ao som de Love, Love; canção da Melody e do Naldo, em parceria com o Matheus Alves.

As pautas femininas e fofices de CLASS:y 

O grupo feminino CLASS:y (클라씨) foi formado através do reality show My Teenage Girl e, desde então, é composto por sete integrantes: Myung Hyung-seo (명형서), Yoon Chaewon (윤채원), Hong Hyeju (홍혜주), Kim Ri-won (김리원), Won Jimin (원지민), Park Bo-eun (박보은), Kim Seonyou (김선유). Apesar de todas as garotas estarem trajando roupas escuras, elas ainda prezam pela feminilidade e se comportam de forma fofa com o público.

Foi notável como dentre as seis apresentações do festival, elas foram as que mais realizaram pausas para descansar e conversar com os fãs. Apesar de muito amorosas, eu senti falta da experiência da performance, pois com essas quebras de “clima”, ficava um pouco difícil de retomar ao ritmo de antes, por mais que a canção a seguir fosse animada. Notei uma certa timidez do grupo, pois elas não utilizavam muito do espaço disponível no palco, principalmente, do corredor que chegava mais próximo do público, mas creio que seja por conta da idade das integrantes, pois a maioria ainda são menores de idade. Elas abriram o show com Classy, semelhante ao nome do grupo, do álbum Lives Across, de 2022.

As integrantes gostavam de pedir a opinião do público sobre o que eles gostariam de ouvir, outrora revelavam a próxima canção, como foi o caso de Zealous, uma das queridinhas do grupo, pertencente ao álbum Day&Night, de 2022. Completando o primeiro bloco da apresentação com uma versão em coreano de “Power”, originalmente do Little Mix. 

Em determinado momento, houve novamente uma pausa, mas dessa vez, as luzes se apagaram e nos telões o clipe de Tick Tick Boom iniciou, em que é retratado as pressões da sociedade coreana e as inseguranças que acercam as mulheres de todas as idades. Por mais que a maioria das pessoas acreditam que grupos de música coreana são apenas letras para dançar, é nesta hora que lembramos que existem discussões importantes e feministas também. 

No final do clipe, as integrantes retornaram ao palco, trazendo novamente a canção, mas performando ao vivo desta vez. Houve um pequeno burburinho, pois o público imaginou que neste intervalo do clipe, haveria uma troca de roupa, mas elas continuaram com as mesmas vestimentas. No setlist, elas trouxeram SHUT DOWN, do álbum debut Class Is Over, de 2022; em que era possível notar elas emocionadas enquanto anunciavam a canção, pois elas estariam relembrando o momento do início do grupo. E fecharam a apresentação com TELL ME ONE MORE TIME, do primeiro álbum também.

A dinâmica sensual de TRI.BE

Diferente dos outros grupos, TRI.BE (트라이비) já teve outros nomes antes do seu debut, como LIONGIRLS (라이언걸즈) e TRI.ANGLE (트라이앵글). Atualmente, gerenciado pela TR Entertainment e Mellow Entertainment, sua formação ficou entre as sete integrantes femininas: Songsun (송선), Jinha (진하), Hyunbin (현빈), Jia (지아), Soeun (소은), Kelly (켈리) e a Mire (미레).

O TRI.BE fazia jus ao bloco do Star Dance, assim como o boy group, pois elas mostraram para o que veio. Apesar de conversarem menos com o público, isto está longe de ser um ponto negativo, pois acrescentaram música nos espectadores até todo mundo se dar por satisfeito. Ou seja, ao todo, eu senti que foi uma apresentação mais proveitosa.

As coreografias são mais ousadas, pendendo para o sensual, em que elas agacham e se arrastam pelo chão lentamente, mas sempre em companhia com as demais integrantes. É notável como o público vibrava, por conta da ousadia do grupo. No entanto, é algo que faz parte da estética delas. Por mais que elas realizassem menos pausas dentro do setlist, elas eram tão atenciosas quanto os outros grupos. Algo que admiro e não tem como negar: A simpatia dos asiáticos com o público.

Eles dão o máximo de si, apresentam algo idêntico aos vídeos clipes e ainda estão sempre sorridentes, animados, mandam beijo e tentam ouvir o que os fãs pedem. Mesmo com o atraso de 10 minutos, mas foi por conta das inúmeras propagandas, avisos e cronômetros implementados no festival, elas conseguiram trazer seis canções do seu repertório.

E um ponto que vale destacar são os nomes das músicas, pois sempre fazem referência ao idioma espanhol, como: Loca, do álbum K-Pop Addict, de 2021; e LORO, do álbum CONMIGO, de 2021. No entanto, existem outras nomeadas de forma diferente, como: DOOM DOOM TA, RUB-A-DUM, WE ARE YOUNG e KISS. Nesta última música, as integrantes mandavam beijos à plateia, assim como faziam o símbolo de coração com os braços, acima da cabeça.

Ao final, as integrantes pediram por uma foto em grupo, um ato que todos do festival faziam no fim de suas apresentações, com todo os espectadores fazendo o símbolo do grupo com as mãos.

Tri.be – Asia Star Festival – 07/07/2023

• Loca
• LORO
• DOOM DOOM TA
• RUB-A-DUM
• WE ARE YOUNG
• KISS

Star Play

Das passarelas ao 2Z

Após um intervalo entre o Star Dance ao Star Play, 2Z é uma banda muito pontual, em que 10 minutos antes de se preocuparem em subir no palco, eles já haviam terminado de arrumar os instrumentos, assim como já se posicionaram em silêncio com as luzes apagadas em seus locais, permanecendo até o início da sua apresentação.

Antes de realizarem o debut do grupo, os integrantes do 2Z (투지) eram modelos pela Morph Entertainment, em que depois de serem profissionais da área, surgiu a vontade de começarem uma banda, em que os membros são: Hojin (호진) nos vocais, Jiseob (지섭) na guitarra, Junghyun (정현) no baixo, BUM JUN (범준) na bateria, e ZUNON (준언) nos teclados e na percussão. Um ponto que me impressionou foi que as bandas presentes na segunda metade do festival sabiam se comunicar em inglês com o público, dispensando a tradução simultânea em coreano.

Eles agradeceram por poderem estar incluídos na programação daquele dia, assim como terem a oportunidade de voltarem ao Brasil mais uma vez, pois o quinteto realizou a turnê “A Crash Landing” no ano passado. A apresentação contou com uma breve abertura no telão, partindo para o setlist que estava repleto de canções com uma pegada pop rock. Irei destacar Like A Movie, do álbum de mesmo nome, lançado em 2023; pois antes de iniciar o público se empolgou no momento em que os integrantes gritavam: “Ready?”, recebendo a resposta dos espectadores com: “Action!”, assim como vemos em produções do cinema.

SUN foi outra canção com um ritmo dançante em que deixou o ambiente animado e com o refrão que grudava na mente. O vocalista trajado com um blazer amarelo e calça dourada interagia com o público e os outros integrantes sem parar. Era possível notar a felicidade transbordando do quinteto. Em uma das pausas do grupo, o vocalista conversou emocionado com o público, alegando que ele sempre via os brasileiros os chamando como “os meninos que cantam esperança”, e isto foi algo que deu esperança para eles a não desistirem do projeto da banda.

Eu fiquei boquiaberta, pois neste breve monólogo, ele falou totalmente em português, demonstrando o interesse com os fãs brasileiros em falar o nosso idioma. E assim como foi visto a facilidade para pronunciar o idioma português, não podemos esquecer que a banda havia já viralizado na Internet com covers de canções do nosso país. E é claro, que eles acrescentaram dentro do setlist, como: Admirável Chip Novo, da Pitty; e A Queda, da Gloria Groove. E, não menos importante, eles cantaram Butter, um dos sucessos do grupo coreano BTS (방탄소년단).

Jeff Satur ou Jefferson para os íntimos

O cantor, compositor e ator tailandês Jeff Satur (เจฟ ซาเตอร์) esteve presente como penúltima atração no festival. Seu debut aconteceu através da gravadora Wayfer Records, em 2013 e, desde então, ele vem conquistando fãs no mundo inteiro e foi o primeiro cantor da Tailândia a vir ao Brasil. Neste momento, eu descobri que o que as fãs estavam gritando e chorando de emoção até agora, não era nada até o Jeff ser anunciado como próxima atração.

O público estava totalmente descontrolado e eufórico com a presença do cantor que aparece no palco tranquilamente com um casaco de couro. Após algumas músicas, de tanto as fãs clamarem, ele retira o casaco, permanecendo de regata branca e um lenço amarrado no pescoço. Ele conversa com as fãs em inglês, revelando que acha engraçado a forma como elas insistem em chama-lo de “Jefferson”, invés de Jeff, como é seu nome originalmente. Arrisco dizer que é como se o público brasileiro tivesse uma intimidade a mais por chama-lo de tal forma, abrasileirando-o. Dentre as canções que ele escolheu performar, algumas são animadas.

Mas em sua maioria, elas possuem uma cadência mais lenta, um tom mais romântico, quase melancólico, em que as fãs balançavam os braços, levantando os lightsticks e cartazes com dizeres no idioma nativo de Satur, ou iluminando com seus smartphones aquele momento. Apesar de ter uma canção ou outra em inglês, ele foca muito nas suas produções em tailandês, como ลืมไปแล้วว่าลืมยังไง (Fade), Dum Dum (ดึมดึม) e ก่อนที่เธอจะลืมฝัน(Lucid), mas estas mesmas canções possuem suas versões em inglês, que é uma forma de popularizar ou viralizar mais fácil nas redes sociais.  Stranger e o cover de Unholy, originalmente do Sam Smith com a Kim Petras, foram uma das músicas do repertório.

Independente do idioma cantado, o timbre de Satur combina muito, elevando sempre o tom, chegando em notas agudas e extensas. E apesar de ter um ritmo lento em suas composições, ele não deixa de ter seu charme, aparentemente mais jovem do que sua idade, o que faz as fãs se apaixonarem mais ainda. Em dos seus vídeos de curta duração para as redes sociais, faltando 15 dias para a sua apresentação no Brasil, ele prometeu que faria uma surpresa ao performar uma canção em português. E próximo ao final do seu show, ele começou a cantar De Quem é a Culpa?, da cantora e compositora Marília Mendonça.

Miyavi, o guitarrista samurai

Após a apresentação do Jeff Satur, era possível notar que muitas pessoas já foram embora do festival deixando de conferir o Miyavi, no qual fechou com chave de ouro, deixando qualquer um presente vidrado em seus movimentos e sensualidade. Takamasa Ishihara (石原 崇雅) é o nome artístico de Miyavi, um cantor, compositor e guitarrista japonês. Ele possui uma extensa carreira que iniciou em 1999, ainda quando cursava o ensino médio.

Desde então, ele já percorreu o mundo em diversas turnês, com mais de 250 shows em 30 países, em que já esteve no Brasil algumas vezes também. Antes do show iniciar de fato, uma animação no estilo animê foi passada nos telões sobre a história do surgimento do “guitarrista samurai”, apelido dado ao cantor por conta de seu talento com o instrumento e sua origem. Miyavi surge com muita energia no palco, com sua jaqueta de couro aberta, mostrando suas tatuagens em blackwork no peito, tocando sua guitarra em uma introdução totalmente instrumental. What’s My Name? é canção responsável por abrir o setlist e já mostrar para o quê que o cantor veio ao Brasil.

Utilizando do estilo slap, em que Miyavi consegue produzir sons percussivos batendo as cordas da guitarra, é criado uma estética única em suas canções. Logo, ele emenda uma canção na outra, passando de Horizon para So On It, em que ele traz uma performance eletrizante. O modo como ele interage com a guitarra, parece uma dança entre duas pessoas, é impressionante a sinergia que ele possui com o instrumento. E não podemos esquecer do modo como ele dança e pende o corpo para trás, olhando diretamente para a plateia. 

Seu olhar e trejeitos entra no fundo da alma de qualquer espectador, em que ele entrega uma sensualidade sem igual. O público esperou o evento inteiro para finalmente poder vibrar e dançar em todas as canções. Em uma das poucas pausas que realizou, foi um momento um tanto quanto cômico, pois ele queria se refrescar, beber um pouco de água e, por não estar aguentando, ele chegou a pedir em português no microfone.  Com 16 canções dentro do seu repertório, o show foi finalizado com Bang! seguido de DAY 1 ainda deixando aquela vontade de ouvir mais da apresentação de Miyavi, pois mesmo com mais de uma hora de show, ele ainda aparentava estar preparado para entregar mais de suas performances aos fãs.

Miyavi – Asia Star Festival – 07/07/2023

• What’s My Name?
• Horizon
• So On It
• In Crowd
• Bumps in the Night
• Selfish Love -Aishitekure, Aishiteru Kara-
• Secret
• SURVIVE
• Tears on Fire
• Freedom Fighters
• Kimi ni Negai wo
• Subarashikikana, Kono Sekai – WHAT A WONDERFUL WORLD-
• Under the Same Sky
• No Sleep Till Tokyo
• Bang!
• DAY 1

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About Bianca Matz

Jornalista por curiosidade, cinéfila por natureza, vegetariana por amor e paulista desde sempre.

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