Festival Summer Breeze reúne nomes  clássicos e modernos do metal no segundo dia de evento

Do lendário ao contemporâneo: Grave Digger, Testament, Kreator e Bury Tomorrow agitaram a cerimônia headbanger. Confira: 

Ao sair da estação de metrô “Palmeiras – Barra Funda”, por volta das 10h, já era possível sentir a energia pulsante do dia: a música alta e pesada que vinha do Memorial da América Latina invadia os edifícios e ruas próximas, criando uma atmosfera eletrizante e convidativa para os amantes do metal. A quase 500 metros de distância, a empolgação do público já era evidente.

No palco Hot Stage, o principal cenário do evento, a abertura foi realizada pelo Krisiun, respeitado trio de death metal gaúcho, que, apesar de mais de 3 décadas de carreira, vem ganhando mais visibilidade no cenário internacional nos últimos anos. Em um set de aproximadamente 55 minutos, Alex Camargo (voz e baixo), Max Kolesne (bateria) e Moyses Kolesne (guitarra) aqueceram a pista com o melhor da música extrema nacional, tocando algumas novidades do novo disco ‘Mortem Solis’, lançado no ano passado, além de clássicos como ‘Combustion Inferno’, ‘Blood Of Lions’, ‘Ravager’ e o tradicional cover de ‘Ace Of Spades’ do Motörhead. Durante os intervalos, Alex agradeceu o público que estava enfrentando o calor para assistir ao show da banda, e ainda comentou que, apesar de todos os problemas que o país enfrenta, ele tinha muito orgulho de ser brasileiro.

Com uma execução extremamente cuidadosa, o Krisiun demonstrou para aqueles que não estão tão familiarizados com a brutalidade do death metal que a música extrema também pode ser executada de forma virtuosa e exímia. Como sempre, o trio foi matador!

Logo na sequência, Grave Digger deu continuidade ao espetáculo headbanger com seu heavy metal tradicional.

A performance começou com um “cosplay” do mascote da banda interagindo com o público próximo à grade de proteção, seguido pelo riff envolvente de ‘Lawbreaker’, principal single do álbum ‘Healed by Metal’, lançado em 2017. Embora a introdução tenha animado os presentes, problemas técnicos surgiram e afetaram a qualidade do som durante algumas músicas, como ‘Hell Is My Purgatory’, em que o microfone do vocalista Chris Boltendahl falhou, com sua voz sendo substituída pelo coro improvisado do público. Em ‘Ballad Of Hangman’, um chiado também interferiu na execução da música.

Apesar das falhas, o público demonstrou grande apoio e cantou junto todas as canções, além de abraçar Chris quando ele decidiu se aventurar pelo meio da plateia em ‘Excalibur’. Para animar ainda mais a apresentação, elementos teatrais foram adicionados, como a entrada de uma caveira com vestimentas tradicionais mexicanas tocando um instrumento de percussão em ‘Dias de Los Muertos’. Além disso, o “cosplay do mascote” retornou em ‘Rebellion (The Clans Are Marching)’, desta vez tocando uma gaita.

Mesmo das falhas técnicas, a performance de Grave Digger foi marcada pelo apoio mútuo entre fãs e artistas, resultando em um episódio emocionante de união e dedicação à música.

*Por Luís Antonio

O Bury Tomorrow simplesmente estremeceu o Ice Stage com seu metalcore moderno. Fazendo sua estreia no Brasil, a banda fez um show avassalador, trazendo energia e peso na medida certa, empolgando e surpreendendo o público presente no festival. Misturando gutural, vocal limpo, elementos eletrônicos e muito peso, o Bury Tomorrow é um dos nomes em ascensão no cenário metalcore e deixou uma ótima primeira impressão no público brasileiro, principalmente para quem ainda não conhecia a banda. O vocalista Daniel Winter-Bates sabia que o BT não era uma banda tão conhecida no país, frisando isso em suas falas e tentando chamar a atenção do público mais tímido e desinteressado presente no show. A performance do grupo foi incendiária, mostrando todo o poder de faixas como Black Flame, Choke e Cannibal. O baixista Davyd Winter-Bates desceu do palco e foi até a grade tocar para o público. Um dos melhores shows da edição do Summer Breeze. A banda ainda confirmou que em breve voltará para o Brasil.

No primeiro dia do festival Summer Breeze, a energia do hard rock foi entregue pelos veteranos do estilo, Skid Row, agora liderados por Erik Grönwall. Coincidentemente, a primeira banda de hard rock a se apresentar no segundo dia do festival foi H.E.A.T, o antigo grupo de Grönwall. 

A apresentação do H.E.A.T, agora liderada por Kenny Leckremo, foi marcada por clichês de metal farofa, com teclados que lembravam “Runaway” do Bon Jovi e “The Final Countdown” dos conterrâneos suecos do Europe. A performance animada de Leckremo, que corria, saltava e até mesmo rolava e rodopiava pelo palco enquanto cantava “Back to the Rhythm”, “Rock Your Body” e “Living on the Run”, parecia tentar emular a energia de Axl Rose nos tempos áureos do Guns N’ Roses. 

Pessoalmente, achei que o show do H.E.A.T não combinou bem com a atmosfera do festival, pois a banda exagerou no excesso de clichês do hard rock durante a apresentação.

Abrindo a sessão de thrash metal no palco Hot Stage, nada menos do que Testament, memorável grupo californiano que marcou a primeira onda do movimento.

A multidão de fãs que se aglomerava em frente ao palco respondeu imediatamente a ‘Rise Up’, primeira música do set, demonstrando grande interação com o quinteto. A partir daí, o que se seguiu foi uma sessão direta de porradaria, quase sem nenhum diálogo, com Alex Skolnick sempre na linha de frente para executar solos viscerais, mostrando por que é considerado o “mestre do shredding”.

Embora sempre tenha reconhecido a importância do Testament para o heavy metal, nunca havia parado para prestar atenção na sonoridade da banda. Observando ao vivo a execução das músicas ‘The New Order’, ‘Children of the Next Level’, ‘Over the Wall’ e outras, notei que o Testament se diferencia das outros nomes do thrash ao destacar uma sonoridade mais complexa, com riffs dedilhados, breakdowns e viradas mais abertas na bateria, distanciando-se um pouco dos blasts beats que caracterizam o estilo. É um conjunto extremamente talentoso, que merece todo o reconhecimento que tem.

O grupo finlandês Beast in Black retornou ao Brasil apenas alguns meses depois de sua estreia por aqui, quando abriram o show do Nightwish. 

Com roupas escandalosas, danças sincronizadas com os instrumentos e uma enxurrada de bases pré-gravadas, o quinteto proporcionou um show de tirar o fôlego, exibindo seu estilo único que mistura elementos de heavy metal, power metal e synthwave. Com um setlist composto de músicas dos álbuns “Berserker”, “From Hell with Love” e “Dark Connection”, a energia da banda era palpável em cada música. O vocalista Yannis Papadopoulos impressionou com suas habilidades vocais, variando entre gritos poderosos e notas mais suaves. Além disso, ele expressou sua gratidão pelo público brasileiro e afirmou que se sentia muito bem recebido no país. Durante o repertório de mais de uma hora, os destaques foram “One Night in Tokyo”, “Die by the Blade” e “Born Again”, que foram recebidas com grande entusiasmo. Na minha opinião, este foi o segundo melhor show do palco Sun Stage durante a primeira edição do Summer Breeze.

Kreator trouxe uma poderosa dose de thrash metal para o palco Ice, com uma decoração elaborada que incluía uma estátua do demônio da capa de “Pleasure to Kill” ao fundo e bonecos presos em lanças nas laterais do palco. A banda alemã iniciou o show com a faixa-título do excelente álbum “Hate Über Alles” (2022), que destaca a repaginada do metal oitentista. 

No repertório, poucas novidades além da faixa homônima do material inédito e ‘666 – World Divided’, sendo o setlist composto em sua maioria por uma mistura de faixas de discos lançados em meados dos anos 2000 e clássicos da carreira do quarteto alemão, como ‘Flag of Hate’, ‘Violent Revolution’ e ‘Pleasure to Kill’.

Ao contrário do set do Testament, o diálogo foi mais presente no show do Kreator. O vocalista Mille Petrozza agradeceu várias vezes a presença dos fãs, comentando que, embora toque no Brasil desde 1992, nunca havia se apresentado para uma multidão tão grande. Em certo momento, ele solicitou um moshpit e ironizou os fãs do Avantasia, comentando algo como “Vocês que estão aí na pista esperando o Avantasia, é melhor ficarem prontos para o que virá agora”. 

O set do Kreator foi caótico, violento, bonito, aconchegante… exatamente, tudo isso ao mesmo tempo. O mix de sentimentos proporcionado pelos dinossauros do thrash foi inexplicável. Definitivamente, uma das apresentações mais memoráveis de todo o festival.

Após a devastação provocada pelo Kreator, uma parte do público que não estava interessada no power metal do Avantasia correu para o Sun Stage para conferir o set do Napalm Death.

O início do setlist apresentou as faixas mais recentes do álbum “Throes of Joy in the Jaws of Defeatism” (2020), incluindo “Backlash Just Because” e “Fuck the Factoid”. Durante a performance de “Contagion”, o vocalista Barney fez um discurso contra as leis que impedem a entrada de refugiados em países europeus, afirmando que é inaceitável rotular seres humanos como “ilegais” em pleno ano de 2023.

De fato, o show da banda inglesa não deixou de abordar questões políticas. Em certo momento, Barney declarou “Foda-se o Bolsonaro” e ainda falou que o ex-presidente era uma “racista, homofóbico e um pedaço de merda”. Antes de tocar “Suffer the Children”, o vocalista explicou que a música foi escrita em uma época em que o moralismo da igreja impedia o aborto de mulheres. Embora a situação tenha melhorado um pouco, ele ressaltou que o fundamentalismo religioso ainda interfere nos direitos das mulheres e finalizou seu discurso com um pedido para que homens que concordam com isso “vão se foder”.

O Napalm Death mais uma vez mostrou que música e posicionamento político podem caminhar juntos, abordando questões relevantes e deixando claro que artistas também são cidadãos engajados em causas sociais.

Parkway Drive, a aclamada banda australiana de metalcore, fechou com chave de ouro a primeira edição do Summer Breeze Brasil. Apesar de não serem tão conhecidos no país, o quarteto não desapontou e entregou um espetáculo incrível. 

Com uma introdução marcante, a multidão foi imediatamente empolgada pelo poderoso riff de “Glitch”, seguido por uma sequência de faixas do álbum “Reverence”, como “Prey” e “The Void”, que contam uma combinação de ritmos complexos e solos de guitarra incríveis. Nesta ocasião, o vocalista Winston McCall incentivou a participação do público, aumentando ainda mais a emoção e o entusiasmo.

Em seguida, o grupo apresentou algumas das suas músicas mais antigas, onde a energia da apresentação atingiu seu auge com “Carrion” e “Sleepwalker”. A multidão cantou cada palavra e pulou ao ritmo das canções, enquanto os integrantes da banda se moviam pelo palco com uma energia contagiante. Já em “Vice Grip”, durante o breakdown final, McCall pediu para a multidão se dividir em dois e iniciar uma wall of death, que resultou em um dos momentos mais intensos de todo o festival.

Além da música, o espetáculo visual também foi impressionante, com um cenário deslumbrante decorado com chamas e luzes piscando em sincronia com a música. A banda usou pirotecnia durante todo o show, adicionando ainda mais emoção e energia. 

No entanto, é importante destacar que os holofotes se concentraram principalmente no vocalista, deixando a performance dos demais membros um pouco ofuscada. No geral, o show do Parkway Drive foi uma experiência emocionante, encerrando o festival de forma grandiosa.

Nos sigam e deêm um like na gente \m/
error
fb-share-icon

About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

View all posts by Gustavo Diakov →

One Comment on “Festival Summer Breeze reúne nomes  clássicos e modernos do metal no segundo dia de evento”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *