Nothing mostra a força do shoegaze em aguardada estreia no Brasil

Em show introspectivo e com paredes sonoras, o Nothing entregou um espetáculo transcendental para os amantes do shoegaze

A Fabrique Club foi palco de uma noite dedicada aos fãs de shoegaze no último domingo (30). A casa de eventos situada na região da Barra Funda, em São Paulo, recebeu um dos shows mais esperados pelos fãs do gênero e do rock alternativo, a estreia em terras brasileiras da banda Nothing

A banda que originalmente iria fazer sua estreia no Brasil em 2019, teve seu show adiado para 2020 e depois acabou sendo cancelado devido a pandemia. Mas para alegria de muitos, a apresentação do grupo ganhou uma nova data e o Nothing finalmente pode se apresentar para os fãs brasileiros. 

A banda norte-americana que se tornou um dos principais expoentes do shoegaze, gênero musical que se popularizou no início dos anos 90 com bandas como o My Bloody Valentine, Ride e Slowdive, veio conquistando seu espaço na cena alternativa com seus ótimos lançamentos, com um destaque especial para seus últimos trabalhos, The Great Dismal (2020) e Dance on the Blacktop (2018).

A abertura do show contou com duas bandas nacionais, sendo a primeira a paulistana Putz, formada pela vocalista e guitarrista Gi Ferreira, a baixista Marina, o guitarrista Cyro Sampaio (Menores Atos) e o baterista Antonio Fermentão. O grupo vem despontando na cena underground brasileira com seu rock alternativo. Infelizmente, não chegamos a tempo de ver a apresentação da banda Putz. 

O segundo show ficou por conta da banda carioca gorduratrans, banda formada por Felipe Aguiar (guitarra e vocal) e Luiz Felipe Marinho (bateria), acompanhados por Pedro Simião (baixo) e Gabriel Otero (guitarra) que carrega a estética shoegaze em sua sonoridade e se encaixou perfeitamente no line up da noite. Com pouca iluminação e uma casa parcialmente cheia, o gorduratrans colou o público da casa no clima da noite, apresentando músicas de seu trabalho mais recente, o álbum zera, lançado em 2022. O show do gorduratrans foi muito bom, sendo minimalista, porém, cativante e acolhedor. A resposta do público foi bem positiva, mostrando que a escalação da banda para o evento foi bem assertiva. Uma banda com um show consistente e bem interessante.  O grupo executou faixas como Vejo Fantasmas em seus Olhos, Crista, Cortisol, Enterro dos Ossos, entre outras. 

Na sequência, os integrantes do Nothing subiram ao palco para arrumar seus instrumentos, interagindo com os fãs que chamavam por eles. A banda que atualmente é formada por Domenic “Nicky” Palermo (vocal/guitarra), Doyle Martin (guitarra/backing vocal), Zachary Jones (bateria) e Christina Michelle (baixo), deu início ao show às 20h17, abrindo a apresentação com a música Say Less. Com uma iluminação escura, que deixava basicamente a silhueta dos músicos no palco, a performance introspectiva, que intercalava momentos de calmarias com explosões catárticas, levou o público da casa ao delírio. A delicadeza das canções do Nothing prepara o terreno para as paredes sonoras que explodem e mostram o poder do shoegaze intenso e imersivo que a banda oferece.

É impressionante como a sonoridade do Nothing ganha ainda mais corpo e potência ao vivo, se tornando algo mais orgânico e pulsante, proporcionando uma experiência transcendental para o público. É muito fácil se deixar levar pelas músicas do Nothing, se perdendo em suas camadas musicais e emergindo em meio a catarse sonora que a banda entrega em momentos pontuais. 

A banda pouco interagiu com o público, mas fez questão de dizer que estava extremamente feliz de finalmente tocar no Brasil e prometeu que não iria demorar para retornar ao país, que voltem logo mesmo. O setlist foi enxuto e contou com faixas como Famine Asylum, The Carpenter’s Son, Zero Day, Fever Queen, The Dead Are Dumb e B&E, que encerrou a primeira parte do show.

O público gritava “olê, olê, olê, Nothing, Nothing” e a banda voltou para o bis. A baixista Christina Michelle deu um gole na cachaça e a banda fechou a noite com maestria tocando as músicas Vertigo Flowers e (HOPE) Is Just Another Word With a Hole in It.

Demorou, mas o Nothing finalmente fez o seu tão aguardado show no Brasil. A apresentação foi excelente, com uma banda intensa e com vontade de fazer um show memorável. Uma noite que mostrou a força do shoegaze e mostrou a competência e o talento de um dos nomes do gênero em ascensão. O Nothing deixou sua marca nos fãs brasileiros, que certamente deixaram a Fabrique já ansiosos pelo retorno da banda ao país. 

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About Luis Antonio

Publicitário, colecionador de discos, resenheiro, podcaster, editor, viciado em shows e devoto do Chino Moreno. Misturo Napalm Death e Justin Bieber na mesma playlist e sou entusiasta do nu metal até hoje. Você também me encontra no Podcore Podcast, Downstage, 4 Discos e Entre e Ouça!

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