Jon Lord recebe uma homenagem à sua altura por Bruce Dickinson e orquestra

Em noite de Sold-out, Vibra recebe apresentação memorável de Bruce e orquestra

Texto: Gabriel Gonçalves / Fotos: Gustavo Diakov

Que Bruce Dickinson tem uma grande paixão pelo hard rock todos nós já temos certeza disso, mas no último sábado (15/04/23) também vimos sua paixão por música erudita. Acompanhando o cantor do Iron Maiden os seguintes músicos: John O’Hara (Jethro Tull) nos teclados, Tanya O’Callaghan (Whitesnake) no baixo, Kaitner Z Doka (Jon Lord, Ian Paice) na guitarra, Bernhard Welz (Jon Lord, Don Airey) na bateria e Mario Argandonia (Scorpions) na percussão mostraram as melhores versões possíveis de covers do Deep Purple já vistas, segue comigo para ver de perto como foi esse dia repleto de muita música!

Ao chegar no local já é óbvio que os fãs da Donzela de Ferro estariam ali presentes, afinal de contas São Paulo é de longe o maior número de fãs do grupo britânico de hard rock, e ainda pudemos contar com algumas personalidades ali presentes como: Derrick Green (Sepultura) e Luis Mariutti (Shaman).
Entramos no Vibra São Paulo faltando 15 minutos para o início do grande espetáculo, nos aconchegamos nos nossos lugares e ali já ouvi alguns murmúrios sobre o set list e a espera de “Tears Of The Dragon”, Música do álbum: “Balls to Picasso” lançado em 1994, que há muito não era ouvida ao vivo pela voz do tenor favorito do Brasil.

Apesar dos 15 minutos de atraso para o começo da apresentação, o público recebeu a entrada da orquestra numa salva de palmas extremamente empolgados, ali, após os músicos se sentarem nos lugares, já foi possível ver que começara a ser emitido um “Lá” para que os músicos pudessem afinar seus ouvidos e conferir as afinações de seus instrumentos, prática comum em apresentações orquestrais, segundos depois a banda de Bruce entra ao palco junto ao mesmo que claro fora recebido a palmas a todo fervor possível, o cantor ainda se pronunciou:

É a primeira vez que vejo alguém aplaudir a primeira faixa, quando a orquestra ainda está aquecendo.

Após esse comentário o músico se pronunciou em explicação de como funcionaria a logística de tal apresentação levantando o seguinte ponto: 

“Não é uma banda com uma orquestra de fundo e sim uma banda e uma orquestra juntas”

Explicou ainda como funciona os atos do “Concert for group and Orchestra” sendo eles divididos pelos seus respectivos andamentos:

-“Moderato Allegro”, é como se “banda e orquestra não se gostassem e tentassem ficar se exibindo para mostrar de que um é melhor do que o outro”;
-“Andante”, é quando entram os vocais e é “a parte mais triste”;
-“Vivace Presto”, é quando “banda e orquestra enfim se entendem e ficam em sintonia”

Bruce introduz seus músicos e a orquestra com o comentário de que apesar de não poder mencionar um a um, todos trabalharam muito duro para fazer uma grande apresentação, assim fora dado o início do grande momento, o silêncio reinou e podia até ouvir algumas pessoas pedindo silêncio as outras para que pudessem prestar atenção.
O movimento começa com um “crescendo” das vozes dos violinos e ali se via o início da esplêndida apresentação da orquestra que demonstrou total destreza em sua performance, e levando o público a aplaudir de pé ao fim da apresentação da parte ‘clássica’

Tendo Bruce cantando na atuação do ato ‘Andante’ nos mostrou que o músico traz sempre o seu melhor para os palcos, ele cantou, dançou e acompanhou com sabedoria todas as pausas e interpretações levadas pela música de maneira majestosa, mostrando a dominância da música, depois ele voltaria a sair do palco para que o terceiro e último ato fosse executado.

Antes de entrarmos no segundo momento do show queria lhes contar algumas coisas peculiares na montagem dos instrumentos da banda:
Nesta era de tecnologia temos muitas emulações e ambientes devidamente replicados de maneira virtual trazendo excelentes resultados sonoros, mas não posso negar que é muito legal ver o instrumento real ali presente, digo isso porque acompanhando o órgão de John O’Hara estava ali presente um equipamento chamado de “Caixa Leslie” que traz uma sonoridade bem específica daquela época, onde basicamente ele tem em seu pé um pedal de aceleração que faz com que lá dentro um tambor giratório e duas cornetas, em baixo e em cima respectivamente, girem e modifiquem o som final entregue ao público, o Aquário de Bernhard Welz fazendo com que o som de sua bateria não interferisse a orquestra e vice e versa também foi uma peculiaridade presente.

Bruce e os Fotógrafos

Antes do segundo momento começar Bruce acaba dividindo opiniões com um comentário direcionado aos fotógrafos:

Ei, vocês compraram ingressos? Ah deixa, eu posso tirar selfies sozinho”

Alguns levaram como uma brincadeira, outros como um certo desdém com os fotógrafos.

O momento mais esperado

Com todo mundo em seu devido lugar já víamos o querido vocalista com sua pastinha de letras pronto para começar com a parte mais “Rock n Roll” e novamente sendo recepcionado a palmas e mostrando todo o amor brasileiro pelo tenor da dama de ferro.

No momento em que o violão dedilha a introdução de “Tears Of The Dragon” o público foi a o delírio e aproveitamos ali a incrível voz de Bruce aos seus 64 anos melhor do que nunca!
‘Tears’ com certeza é o um dos maiores clássicos de sua carreira solo e ali a felicidades de muitos foi concretizada.

Seguindo para outro grande clássico: “Jerusalem” onde pude ver algumas pessoas se emocionando e chorando ali perto de mim, a incrementação da orquestra nas músicas com certeza foi grande responsável pelas lágrimas derramadas, sem dúvida essa junção é perfeita e quem dera pudesse se ver isso em demais bandas. 

Jon Lord e Deep Purple

Neste momento acabamos de entrar no repertório do ‘Purple’ onde foi aberta com “Pictures of Home” seguida de uma das baladas mais melancólicas do grupo “When a Blind Men Cries” onde novamente a orquestra fez jus a sua participação trazendo a verdadeira sonorização complementar necessária para o momento.
Com “Hush” o momento ‘pauleira’ começava e via-se já os espectadores querendo levantar das cadeiras e ir ao tradicional show em pé para o rock n roll, trazendo até mesmo o Frontman a brincar com os teclados de John O’Hara. A boa convivência grupal é extremamente necessária para um bom show e era visto ali que isso era vivido nos bastidores da tour!

Com sua poderosa voz, Dickinson mesmo tendo passado por um câncer na língua mostrou-se mais uma vez extremamente voraz nos palcos cantando “Perfect Strangers” que chamou muita atenção por ser uma música icônica e tendo uma banda tão perfeita a executando naquela noite.

O Bis

Finalmente os fãs quebraram a regra de ficar sentados e avançam até a grade para a execução de “Smoke on the Water” onde os fãs puderam estar mais perto de Bruce e cantar juntos. Seguindo para aquela que infelizmente fecharia a noite, “Burn” fora executada pela primeira vez na turnê e que bom que foi! Vibra São Paulo ali vibrava realmente com o vocal uníssono de todos, o refrão foi cantado com toda força possível a plenos pulmões e com certeza não poderia ser diferente!

Bruce ainda estará presente em mais três datas com este projeto pelo Brasil além de participar do festival “Summer Breeze” e em Setembro na CCXP, pois bem ainda veremos o ‘titio’ Bruce muitas vezes esse ano! Ano que vem o veremos acompanhado do verdadeiro Sexteto sinistro Iron Maiden com a “The future Past Tour”.

Setlist:

Concerto for Group and Orchestra: 

– First Movement:  Moderato – Allegro
– Second Movement: Andante
– Vivace – Presto


Tears of the Dragon (Bruce Dickinson)
Jerusalem (Bruce Dickinson)
Pictures of Home (Deep Purple)
When a Blind Man Cries (Deep Purple)
Hush (Joe South/ Deep Purple)
Perfect Strangers (Deep Purple)

Encore:
Smoke on the Water (Deep Purple)
Burn (Deep Purple)

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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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