Zaz retorna ao Brasil com sua nova turnê “Organique”

Conhecida por “Je Veux”, a cantora fez apresentação única em São Paulo

Fotos: Isis Trindade

Na noite de sexta-feira (14/04), o público foi agraciado pela apresentação enérgica e alto astral da cantora francesa Isabelle Geffroy, conhecida por seu nome artístico Zaz, no Espaço Unimed, em São Paulo. O evento contava com a presença de pessoas de todas as idades e estilos, mas unidos com o mesmo propósito: amor à música francófona.

O local abriu os portões bem cedo para receber os fãs da cantora, mesmo que o início do show estivesse marcado às 22h. No entanto, o ambiente do Espaço Unimed é sempre muito bem equipado com ar condicionado, iluminação baixa e serviço de bar com comes e bebes. Contando ainda com um espaço enorme na pista, em que pessoas sentavam no chão aguardando pacientemente. Além da pista, havia uma estrutura construída, como se fosse uma arquibancada, porém havia uma certa distância do palco.

Assim que a apresentação se iniciou, o palco abriu as cortinas revelando a banda em uma luz azulada, junto ao cenário composto por velas ecológicas e uma árvore gigante, trazendo referência da turnê “Organique” (do francês, orgânico). No entanto, apesar do público ouvir Zaz cantando, não se sabia ao certo onde ela estava, já que não a víamos no palco. 

Durante sua apresentação, segundo um dos discursos feitos por Zaz, em português – em que ela se desculpava, mas dizia que queria arriscar falar em nosso idioma – revelou que a turnê é a união dos quatro elementos: Fogo, água, terra e ar. O que faz muito sentido, pois conseguimos notar com o passar do show, em parceria com o jogo de iluminação, decorações do cenário e apetrechos ao fundo da banda; cada parte se manifestando aos poucos.

Com o alvoroço do público, era possível notar que ela estava andando até o palco, passando por meio da multidão, em que os fãs a abraçavam, gritavam a letra da música, junto aos celulares que tentavam captar o momento. E após atravessar e chegar ao palco, ao som de “Les jours heureux”, composição do seu álbum “Isa”, de 2021. É impressionante como sua voz é calma, serena e traz uma paz que arrepia.

Eu descrevo a voz de Zaz como um timbre único, mas que se assemelha à cantora estadunidense LP. Em que combina com qualquer tipo de ritmo, se mistura com os instrumentos, ela consegue atingir uma voz grave e, de repente, está em algo lírico, mas permanecendo no rouco, carregado de sotaque francês charmoso e dançante.

Todas as suas canções dão vontade de dançar, ainda que fique apenas indo de um lado para o outro, e isso fica mais evidente quando se inicia Qué vendrá, do álbum Effet Miroir, de 2018. Em que todos batem palmas no ritmo da música, cantando o refrão com a voz forte. Zaz tem uma energia incomparável, ela rodopia, dança sozinha, vai de um canto ao outro do palco agitando a todos.

Sua música anda em uma linha tênue, em que podemos ver muita influência do jazz e das canções típicas francesas, acompanhadas de muitos instrumentos de corda, como: Cello e violões. E não é diferente em Les passants, do álbum Zaz, de 2010; em que vemos a alegria e o refrão que rima com facilidade, gruda na mente de qualquer ouvinte de Zaz: “Passe, passe, passera / La dernière restera”.

E não vou esquecer de elogiar sua vestimenta, trajada de um shorts-saia preto, junto a um top esportivo de mesma cor e, por cima, uma blusa transparente, repleta de glitter e brilhantes furta-cor. Diria que sua alegria faz jus à roupa, combinando com a seguinte letra Comme ci, comme ça, do álbum Recto Verso, de 2013; em que ela bate o pé e admite, dizendo que ela é desse jeito e não irá mudar por ninguém, uma cantora extremamente autêntica!

Ao som do trompete, Zaz pede ao público para que “treinássemos” um grito, um urro para acompanhá-la na próxima canção que estava por vir. É neste momento que eu achei engraçado, estava até comentando com um amigo que se você não conhece alguém, tenha certeza que você tenha feito curso de francês em algum momento da vida. 

E agradeço por ter feito, pois estava entendendo perfeitamente seu pedido para Laissez-moi, também do álbum Recto Verso, de 2013. Eu diria que a música se assemelha a um grito de guerra, em que pedimos para nos deixar livres, sem nos perturbar e tirar a nossa paz, um estereótipo extremamente francês.

Irei destacar a canção On s’en remet jamais, novamente do álbum Effet Miroir. E para as pessoas que imaginavam que Zaz se limita ao ritmo jazz e um pop contemporâneo está redondamente enganado. Pois ela provou mais uma vez que sua voz e sua banda conseguem se encaixar em qualquer composição, principalmente, esta que parece um rock, com direito ao jogo de luzes e saltos da cantora pelo palco.

Em muitos momentos, Zaz antes de iniciar sua próxima música, ela conversava um pouco com o público, sempre solícita, até descendo do palco para tirar uma selfie com algumas pessoas presentes na grade. Assim como questionou se haveria problema falar em francês – já que é de conhecimento popular que não é um idioma que os franceses gostam, também por uma questão histórica – e em uníssono, a plateia responde com “Oui”, afirmando que ela poderia ficar à vontade com seu idioma materno.

Logo, ela inicia Éblouie par la nuit, retornando ao álbum Zaz. Uma música emocionante, tranquila, mas ainda com os tons fortes e agudos, que fala sobre um amor europeu e o fato de aguardar por muito tempo para o seu retorno. Na reta final do show, tivemos a presença dos “hinos” da cantora francesa. On Ira, do Recto Verso, estava sendo um esquenta animado para que o público já fosse se preparando para o que estava por vir como a última canção. Com muita participação do público, sempre batendo palmas no ritmo da música, mantendo o alto astral do início ao fim.

E, assim, chegamos ao clássico atemporal “Je Veux”, do álbum Zaz. Arrisco dizer que essa canção foi a porta de entrada para muitos fãs, que conheceram o potencial vocal da cantora. E eu não sou exceção, fiquei ansiosa durante a apresentação, pois não via a hora de poder presenciar ao vivo uma das canções que sempre reacende a paixão que tenho pelo idioma francês. Me fazendo recordar o motivo pelo qual sempre gostei da França.

Foto: Isis Trindade

E com todos os pulmões, eu cantei do início ao fim, com os olhos brilhando e o sorriso no rosto sem parar. Uma composição que foge dos bens materiais, que a vida não se limita a isso, queremos muitas outras coisas importantes. Que podem nos aproximar e trazer o verdadeiro significado de como a vida é brilhante e maravilhosa.

Não deixarei de citar os covers performados por Zaz, que estavam presentes na setlist, contando com grandes nomes da música francesa, como: Dans ma rue, de Edith Piaf; Paris sera toujours Paris, de Maurice Chevalier; e Oublie Loulou, de Charles Aznavour. E não menos importante, acompanhada de uma partitura e, utilizando um óculos de grau fofo, Zaz performa, em português novamente, a canção Samba em Prelúdio, de Vinícius de Moraes.

Ao final, contamos com duas canções extras, já que o público se recusava a voltar para casa. Logo, fomos agraciados com “Le chants des grives”, do seu álbum recente Isa; e para que o show fosse concluído com forma excepcional, tivemos mais um cover, de La vie en rose, clássico de Edith Piaf.

Zaz e sua banda agradeceram ao público do fundo do coração pela nossa presença, assim como abria os braços, recebendo todo e qualquer tipo de carinho que emanamos. Era possível sentir a sua energia positiva, a paixão pelo palco, o amor por ser cantora e compositora. Que tudo que ela faz é com muito carinho, notamos que ela realmente gosta do que faz. Não tenho palavras para descrever o que eu senti quando presenciei a Zaz, de verdade. Enquanto redijo o texto, ainda estou na tentativa de digerir o show por completo. Não quero esquecer jamais a noite desta apresentação cheia de alto astral, bom humor e agitação.

E para o público, logo na saída, cada um foi presenteado com uma amostra de uma fragrância nova chamada Scapin 245, da O.U.I. Um perfume francês, licenciado pelo grupo O Boticário, no Brasil. A embalagem preta traz um ar sofisticado, contendo um spray para facilitar a aplicação. Seu aroma é tão memorável quanto o show: único, leve e marcante.

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About Bianca Matz

Jornalista por curiosidade, cinéfila por natureza, vegetariana por amor e paulista desde sempre.

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