O dia do primeiro grande festival de metal/punk de 2023 em São Paulo, finalmente chegou, era um domingo chuvoso, mas nada podia desanimar esse dia tão aguardado por mim e por vários fãs de metal/punk.
Em meio a toda adversidade da cidade de São Paulo, o Carioca Club ia receber fãs de todos os gêneros, metal, punk, crossover, heavy metal, grindcore, todos juntos para celebrar os 20 anos do Kool Metal Fest.
Já adianto que a festa foi regada a chuva de riffs, moshs, stage dives, cerveja e muita diversão.
O festival teve início por volta das 14:30 com a banda Vermenoise, trio sorocabano de grindcore formado em 2009, e teve um breve hiato em 2014, voltando com força total em 2015. O trio começou o dia destilando toda sua fúria interiorana no palco do Carioca. O setlist foi composto por faixas do último EP intitulado “O Outro” lançado em 2020 e do EP “Inimigo Figadal” lançado em 2016.
É incrível o som que Chris, Rafaela e Vitor conseguem fazer, é uma avalanche de peso e que esquentou os motores do Kool Metal Fest da melhor maneira possível.
Às 15h20 foi a vez do Trovão, banda paulistana, com som calcado nos anos 80 e com letras em português, um prato cheio para os fãs de Judas Priest, Saxon e Iron Maiden. Confesso que achei a banda meio perdida ali no festival, por ser um som mais “calmo” poderia não animar tanto o público, e foi isso mesmo que aconteceu. O set foi composto pelo primeiro full da banda, o “Prisioneiro do Rock ‘n’ Roll” lançado em 2011.
Agora era hora de desgraceira, às 16h20 um dos mestres do grindcore nacional, e quiçá mundial, o power trio Facada sobe ao palco, era meu primeiro show que presenciava deles, então estava muito ansioso para receber todo aquele barulho em meus ouvidos. James no baixo é uma coisa de outro mundo, ele dava palhetas em seu baixo que parecia que ia quebrar uma corda a qualquer momento, ele toca como se fosse guitarrista, simplesmente animal!
Era uma dos shows mais aguardados pelo grande público, e o trio de Fortaleza não decepcionou. O trio mandou ver em um set de quase 40 minutos de duração, que inclusive, foram executados dois covers, sendo eles, “Deathrash” do Sarcófago, “Tourette” do Nirvana e um inédito com o genial nome de “Instagrinder”, que foi em “homenagem” aos que se dizem fãs e não colam nos shows ou apoiam as bandas e só ficam postando storys e fotos no Instagram. A apresentação foi avassaladora e hipnotizante. Um show recheado de mosh, peso e brutalidade, uma aula de destruição antimusical!
Às 17:20 os thrashers do Violator sobem ao palco destilando uma chuva de riffs. Logo na primeira música quebra uma corda da guitarra, Poney pede desculpas e logo arrumam, o show se reinicia, isso é thrash metal pra caralho!
Um set matador que fez todo fã de thrash suar e moshar como se não houvesse amanhã, as faixas “Atomic Nightmare”, “Respect Existence Or Expect Resistance, do disco Scenarios of Brutality (2013), “e False Messiah” do EP The Hidden Face of Death (2017), que teve uma breve “homenagem” ao verme ex-presidente da República, não deixam o mosh parar um segundo sequer. O nível de agressividade com clássicos como Endless Tyrannies e UxFxTx (United for Thrash), esta última com vários fãs sendo chamados ao palco por Ponny, no grand finale. Um show recheado com muitos riffs, stage dives e Thrash! Foi espetacular, foi lindo!
Ratos de Porão às 19h entrava no palco do Carioca, e falar que Ratos faz um show animal, é chover no molhado. Com a banda trazendo um setlist pesado, passeando por todos os 40 anos de carreira e todos em ótima forma, João Gordo, Jão, Boka e Juninho mostram que a banda ainda tem muita lenha pra queimar, afinal, são 30 anos destruindo tudo e criticando todos.
Todos no mosh e cantando em uníssono os clássicos da banda, como “Morte ao Rei”, “Crocodila” e “Anarkophobia”, mostrando que a banda não perdeu a mão na execução de seus clássicos.
Na pausa, Gordo se mostrou visivelmente feliz por estar tocando em um festival com tantas bandas parceiras e pelo público presente.
Chegando ao último bloco dos veteranos paulistas, “Guerrear”, “Políticos Em Nome do Povo”, “Caos”, “Difícil de Entender”, “Engrenagem”, “Conflito Violento”, “Suposicollor”, “Aids, pop, repressão”, “Paranóia Nuclear” e “Crise Geral” fecharam o show que, na minha opinião, trouxe um setlist perfeito para quem acompanha a banda há muito tempo, abordando todos os discos. Perfeito. E a festa estava apenas começando.
Pontualmente às 20h30 era hora do headliner subir ao palco, D.R.I os pais do crossover, os caras mais sujos, podres e imbecis que o Texas já pariu vieram nos visitar novamente.
O set foi composto com clássico atrás de clássico e mosh durante 20 sons. Entre eles a às incríveis “Acid Rain”, do álbum Definition (1992), as thrash “Beneath the Wheel” e “Thrashard”, de Thrash Zone (1989), a punk “I’d Rather be Sleeping”, de Dealing with It! (1985), e o encerramento foi com “Five Year Plan”, do álbum que definiu todo um gênero musical, “Crossover” (1987). Uma aula de crossover, que noite!