Xô, misoginia: Festival Grls! traz diversidade feminina em gênero, cor, etnia e estilo musical

O evento contou com altas doses de empoderamento, feminismo e compositoras da MPB

Fotos: Gustavo Diakov

Em sua segunda edição, O Festival Grls! retorna com a proposta de realizar um festival composto por artistas e compositoras mulheres. Entre os dias 4 e 5 de março, o público pôde aproveitar o line-up diversificado do evento, que contava com nomes nacionais e internacionais, como: Sandy, Duda Beat, Margareth Menezes, Lexa, Rachel Reis, Anavitória, Alcione, Manu Gavassi, Majur, Day Limns, Jojo, Mariah Angeliq, Tinashe e Blu Detiger.

O evento ocorreu no Centro Esportivo Tietê, localizado no bairro da Luz, em São Paulo. Apesar do clima esportivo, o espaço era confortável e contava com inúmeras opções para poder sentar e relaxar, com direito a redes, bancos feitos de pallets e mesas de piquenique. Sem contar os locais revestidos com grama sintética, em que o público podia abrir uma canga e ficar curtindo por ali. Diria que o local parecia um quintal gigante ou uma área gourmet, de algum parente abastado de dinheiro. O único ponto “negativo” que pude notar foi o evento iniciar-se às 11h e nem tudo estava devidamente montado para receber as pessoas

Os estandes eram extensos, com balcões enormes com possibilidade de atenderem uma grande demanda. Eles eram distribuídos lado a lado, em um local fora da pista e contava com muitas opções de comidas, bebidas (com e sem álcool) e doces, remetendo a um clima de quermesse. Inclusive, havia uma barraca com opção vegana, o que considerei uma preocupação muito importante.

O Festival Grls! promoveu a proposta de bate-papos, em que era possível trocar ideias e se inspirar com outras mulheres sobre diversas pautas do mundo feminino, como pré-conceitos, empoderamento, auto estima e muito mais. E havia um espaço com estandes de roupas e produtos dos mais diversos segmentos com selos, empresas e organizações idealizadas e lideradas por mulheres.

Um dos estandes que mais me chamou a atenção foi a kombi enfeitada com lantejoulas e glitter fazendo a propaganda sobre o novo Buscofem HOT. Um novo auxílio para as mulheres que sofrem de cólicas menstruais. Você podia passar e receber uma amostra grátis do produto, mas precisava tirar uma fotografia através de uma webcam instalada dentro do automóvel. Depois era só retirar o seu brinde junto à sua foto de recordação do momento, era bem divertido!

Era possível desfrutar de dois palcos durante o evento. O primeiro era o maior e possuía a divisão entre a pista comum, do lado direito; e a pista premium, do lado esquerdo. Seguido do palco Heineken, em que aconteciam pockets shows, durante o intervalo das apresentações maiores, com direito a DJs, que não deixavam o ambiente sem som em momento nenhum. O som que predominava era composto por remixes de músicas famosas, funks (até mesmo os antigos, como Bonde do Tigrão e Furacão 2000) e hits que bombam no TikTok.

Apesar das mulheres serem o alvo no evento, o público LGBTQIA+ esteve presente em massa no local. Lembrando que eles também fazem parte de uma minoria que abraça a causa feminina, trazendo mais conforto e liberdade para todos presentes no recinto. Era revigorante ver todo mundo usando o que queria, se expressando como podia, era realmente um pequeno paraíso localizado em São Paulo.

Imagina você, em pleno sábado às 13h, e começa o show da Lexa, a funkeira que teve sucessos como Combatchy (com a participação da Anitta, Luísa Sonza e MC Rebecca). O festival estava começando, engatinhando aos poucos, mas isso não foi motivo para a cantora deixar de transformar o ambiente em um verdadeiro baile funk.

Assim como os seus dançarinos, Lexa estava totalmente trajada em uma paleta rosa bebê e fluorescente. As coreografias são passos manjados, mas que estão presentes na cabeça de todos os jovens. Seu som consegue mesclar entre um brega e um “proibidão”, o grave é que faz mexer com a nossa cabeça, tentando convencer que rebolar um pouco não faz mal para ninguém. O setlist contou com covers da drag queen Gloria Groove, como Bonekinha; e Atenção, composição em conjunto da Luísa Sonza e o DJ Pedro Sampaio.

Em seguida, presenciamos o show de Margareth Menezes, cantora, ex-atriz e atual ministra da Cultura, no governo do Lula. Com sua voz marcante, ela abre o show com um breve diálogo com o público, enquanto ela se apresenta, a compositora relembra suas origens, frisando ser baiana de Boa Viagem, região de Salvador.

Ao cantar “O canto da Cidade” é como se fosse um chamado forte, ela traz todo o público que estava disperso pelo festival. Apesar do clima estar tímido e nublado, ela conseguiu trazer os ares do verão que estávamos precisando. Com “Faraó”, ela conta ao público que revive os tempos em que essas músicas foram compostas, no início da sua carreira, assim como a importância de compositores e artistas negros no Brasil, sobre a história e o legado do povo negro também.

Com “Toda Menina Baiana”, parece covardia, mas nesses momentos, percebemos como ela possui presença de palco, ela é diferenciada dos outros artistas, tanto em simpatia, como talento e gingado.

O show da Mariah Angeliq, sendo a nossa primeira artista internacional no festival, ela é estadunidense, de origem cubana e porto-riquenha. Antes dela entrar, houve um esquenta com clássicos do funk, incluindo Vai Malandra, da cantora Anitta.

Intitulada como a “Tóxica”, o palco aparenta estar tomado por fumaça, quase imperceptível o que está por vir, e isso é motivo para que o público clame pela da cantora chamando-a pelo apelido. Ela surge de prontidão, acompanhada de dançarinas utilizando máscaras de gato, fazendo referência à canção “Perreito” (como “cachorrinho”, em tradução livre). Apesar de nascer em um país, em que o inglês seria o seu idioma materno, suas canções são cantadas em espanhol, mas há a combinação do Reggaeton com Trap, mesclando as suas origens.

Antes da canção “Taxi”, Angeliq conversou com o público e foi um momento engraçado, pois ela aparentou indecisão, em que em uma única frase, ela conseguiu encarnar a tecla SAP, e falou em inglês, português e espanhol. Além do telão, com a imagem de um carro rosa em alta velocidade, a coreografia remetia-se a um volante.

E, claro, como não poderia faltar, ela performou as canções que realizou em parceria com cantoras brasileiras, como “Socadona”, junto à Ludmilla e outros compositores, como: Topo La Maskara e Mr. Vegas. Em que vemos a reprodução do clipe, totalmente feito em cores vibrantes e Ludmilla aparece utilizando um body rosa com um moicano feito em tranças box braids, em formato de corações. 

Logo menos, “ANACONDA *o*~~~” com Luísa Sonza, carregada de uma letra sensual e explícita. Sua coreografia icônica foi realizada pela cantora e suas dançarinas, além de algumas pessoas que assistiam ao show. O único defeito desta música foi a falta do clipe nos telões.

Mais à tarde, Duda Beat, a cantora de raiz pernambucana com seu timbre e sotaque inconfundível chega com uma performance completa e extremamente artística. Arrisco dizer que ela foi a artista com mais dançarinos presentes no palco. Seus trajes eram brilhantes, mas vou dar destaque aos bailarinos, pois assim como o seu mais recente álbum “T3 4M0 L4 F0R4 RMX”, eles carregavam referência ao projeto em seus macacões de cor preta, cravejado de detalhes prateados com aberturas em formato de coração, na região do peito e do cóccix.

Duda Beat seria uma rainha de copas acompanhada de todos os corações em sua volta, regada às canções totalmente coreografadas. E ao mesmo tempo que isso ocorre, vemos os telões utilizarem de efeitos e cores bem vivas, ficando tête-à-tête com o que presenciamos no show da Angeliq anteriormente.

Em determinado momento, Duda Beat faz um brinde ao feminismo e pela oportunidade de as mulheres terem um espaço, um evento totalmente voltado a elas. Há uma celebração ao público LGBTQIA+, com destaque às mulheres trans que merecem serem tratadas iguais às mulheres cisgênero. Aproveitou para anunciar que um álbum novo está por vir.  E, inclusive, ela tem muito amor pelos seus remixes, assim como pelo álbum Te Amo Lá Fora, de 2021.

 

Suas canções flertam com um forró brega e pitadas de funk, mas o ponto em comum são suas letras voltadas ao amor que perdoa o próximo. Assim como é possível notar em “Bixinho”, uma das últimas canções performadas, presente no álbum “Sinto Muito”, de 2018.

Como a Duda Beat acabou se empolgando um pouco, ela cantou uma canção a mais, o que resultou no encurtamento do pocket show da Negra Li, no Palco Heineken. Apesar da Negra Li ser um nome grande, um clássico que todo mundo cresceu ouvindo, me espantou colocarem-na em um palco tão pequeno. Mas isso não deixou de influenciar em sua apresentação, que se conecta rapidamente com o público, sempre sorrindo.

Recapitulando que Negra Li fez parte do antigo grupo de rap RZO, fundado em 1992, composto por Sabotage, MV Bill, Mano Brown, Criolo e Emicida. Logo, confesso que pensei que ela cantaria bastante desse repertório, mas ela apostou em outras canções, assim como “Você Vai Estar na Minha”, de 2007, incluso no álbum “Estúdio Coca-Cola: Pitty e Negra Li. Com receio de atrapalhar o próximo show no palco principal, ela ia arriscando em cantar música por música, acertando em cheio em um cover de “Killing Me Softly (with His Song)”, do grupo musical The Fugees, de hip-hop com elementos soul.

Logo menos, um dos shows mais aguardados da noite inicia-se. Ninguém mais e ninguém menos do que Jojo, cantora estadunidense, compositora de clássicos do gênero Pop e R&B, em que suas canções estavam na ponta da língua do público.

Ao subir no palco, já notamos a diferença nítida de pops stars dos Estados Unidos, já que ela não precisa de dançarinos ou backing vocals dividindo palco com ela. Vamos dizer que ela é auto suficiente, pois a sua presença já basta, o que é surpreendente. E não temos muito segredo por aqui, ela possui o famoso vozeirão, chegando a tons bem altos.

Admito que teve uma hora que fiquei confusa ao som de “Anything”, pois Jojo utiliza do mesmo sample de “Africa”, da banda Toto, uma música popular nos anos 80. Todo momento eu estava cantando fora de ritmo, pensando que ela iria engatar na música, mas fui enganada por completo. E além de cantar suas novas produções dos novos álbuns, o que chama a atenção de todos presentes é o clássico “Too Little Too Late”, de 2006, que toda pessoa que nasceu nos anos 90 e 2000 deve lembrar dessa música à toda altura nos canais de televisão.

E, não menos importante, para fechar a noite do primeiro dia, Sandy – da antiga dupla Sandy e Junior – aparece trajada com roupas escuras e seu tom angelical. Assim como Jojo, Sandy fez parte da infância e adolescência de muitas pessoas, então, imagine como todos estavam empolgados por aquele momento.

Apesar de ela entrar com um pequeno atraso no palco, “Sim”, de 2013, foi a música escolhida para abrir o seu show, em que a cantora abre os braços, emotiva, ao chegar ao refrão. Seguida por “Respirar”, de 2016, Sandy inúmeras músicas de diferentes épocas de sua carreira, assim como fez cover de “All Star”, de Nando Reis – música que o cantor compôs à Cássia Eller, por quem tinha uma grande amizade.

Em uma das pausas para conversar com as pessoas presentes no ambiente, Sandy alega que é o primeiro festival em que ela participa, desde que iniciou sua carreira solo, tendo início em 2001. Ela ainda brinca que essa história faz um pouco de tempo e ela se considera uma mulher “vintage” com tom charmoso.

Grls da continuidade em sua programação no domingo, com shows memoráveis

Já irei começar dizendo que o segundo dia do festival foi barra pesada. Por algum motivo, estava uma aura muito gostosa no ar, havia mais pessoas do que no dia anterior e as artistas vieram com tudo no público. No line-up, pudemos ouvir diversos gêneros musicais, então, eu irei parafrasear Dinho Ouro Preto, em seu tweet memorável de 2013, em que o Festival Grls! conseguiu reunir todas as tribos possíveis, mais do que o “Nirvana”.

O segundo dia de GRLS!, no domingo, iniciou os trabalhos com DAY LIMNS. Entre músicas autorais, como a recém-lançada “Clima”, e versões, entre elas “I Got You” e “Crazy in Love”, de James Brown e Beyoncé, respectivamente, Majur impactou o começo de uma tarde quente no Centro Esportivo Tietê. Ela aproveitou o momento especial para anunciar que está preparando um novo álbum para 2023.

Tivemos a presença ilustre da Manu Gavassi, cantora, compositora e ex-BBB, que se apresentou com sua banda totalmente composta por mulheres. De vestido branco com detalhes dourados e usando sombra azul nos olhos, ela resgata a energia jovial do público com sua voz e sorriso de menina. 

Por mais que cantou muitas de suas produções, como “Bossa Nova”, do álbum Gracinha, de 2021, ela dedicou muitas canções à Rita Lee, grande nome da MPB brasileira, ex-integrante dos Os Mutantes, banda de rock psicodélico da década de 60. Em que passou recentemente por uma breve recuperação no hospital de São Paulo, após assustar os seus fãs, já que venceu o câncer no pulmão, em 2021. 

Logo, “Ovelha Negra”, “Lança Perfume” e “Agora Só Falta Você” foram as composições escolhidas por Gavassi para homenagear Rita Lee. Ela conta ao público, em um breve momento, que o Festival Grls! É um projeto muito importante para ela, relembrando que existem inúmeras mulheres, musicistas, compositoras e tantas outras funções importantes presentes no Brasil.

O show teve um clima maravilhoso, bem leve para o dia realmente começar bem, porém, eu esperava mesmo que ela cantasse “Entrei pra Faculdade com ENEM”, música tema do comercial para a prova de admissão à educação do ensino superior, que ela realizou em 2014, brincadeira!

No início da tarde, Blu DeTiger, nova iorquina de apenas 25 anos entra no palco com sua voz abafada, ao som do seu famigerado baixo azul celeste com a bateria estourando de tão alta, trazendo aquele clima de indie rock que estava sentindo falta em um evento de música.

Admito que eu não a conhecia e não tinha muitas expectativas do seu show, não sabia o que estava por vir. Mas não precisou de muito, já que com 15 minutos de apresentação, declarei amor eterno e, como sou ligeira, corri e solicitei minha carteirinha de fã no Poupatempo também. E assim como o estereótipo dos artistas estadunidenses que criei na minha mente, ela também dispensa a presença de dançarinos ou backing vocals, apenas ela e sua banda.

Em meio à música de abertura, ela se preocupa e pergunta como o público está. Engatando em “Hot Crush Lover”, de 2022; com aqueles toquezinhos típicos de uma boa música indie, que traz a vontade de dançar, mesmo que desconheça a letra. Seu show é o mais tranquilo para assistir, em que vemos pessoas dançando, estendendo cangas para sentar em cima e tendo espaço tranquilo para circular pelo local. 

Noto como ela gosta de ir de um canto para outro, sentindo sua música, dançando, balançando os cabelos ao ar junto ao seu baixo. Depois de três canções, ela agradece novamente por estar aqui – e até o fim da sua apresentação, eu diria que ela repetiu isso mais de cinco vezes, ela é uma artista muito grata, um amor de pessoa – e com a voz mais tranquila e nítida, ela conta que vem de Nova Iorque, sendo sua primeira vez no Brasil. Ela não acredita que aquilo é real e até responde um fã que grita da multidão, dizendo que o ama também.

Após “Night Shade” e “Elevator”, eu tive a plena certeza que ela entraria na minha playlist, pois eu me arrependia amargamente por não conhecer o seu som, além da sua personalidade fantástica e amorosa. E, como se não bastasse, como uma boa pessoa que é criada em meio ao gênero indie, ela ainda fez um cover de “Electric Feel”, de 2007, em que fez eu saltar de onde eu estava e sair correndo para gravar um trecho.

Próximo ao término do show, ela apresenta os homens que a acompanham em sua banda – o guitarrista e o baterista – pedindo para que eles façam um leve solo, demonstrando o talento de cada um. Lembrando que o baterista Rex DeTiger é o seu irmão, é notável o orgulho que ela tem dele, e ambos fizeram uma participação especial na banda de rock alternativo Kitten, em 2018.

Para voltamos com as nossas brasilidades, recebemos no palco principal a escorpiana nata Alcione, cantora e multi-instrumentista, conhecida como Marrom e/ou Rainha do Samba, traz aquele ritmo gostoso, que faz todo mundo dançar e possui o poder de levantar até defunto que estava dormindo no evento. Presenciei pessoas vindo correndo desesperado em direção ao palco para ver a majestade.

Com sua banda de apoio, formada majoritariamente por instrumentos de metais, ela tira um tempo para mandar um beijo para a escola de samba Mocidade Alegre e declarar todo o amor que tem por cada integrante. E, por conta do calor, do fim daquela tarde de domingo, ela brinca que precisa de um pouco de ar fresco e se abana graciosamente com seu enorme leque amarelo.

É neste momento que olhamos para as pessoas à nossa volta e notamos aquele clima de churrasco de domingo, na casa de algum parente. Todo mundo dançando, alguns estão até descalços, com o copo de cerveja na mão e o cigarro na outra, cantando os versos das canções que vão surgindo.

Após “Estranha Loucura”, Alcione bate um papo com o público, pedindo desculpas, por estar realizando o show sentada, pois há 3 meses ela passou por uma cirurgia e aplicou alguns pinos, limitando um pouco sua locomoção. Ela aproveitou para prometer que vai melhorar, andar melhor, mas corre léguas das sessões de fisioterapia, ela acha muito chato.

Além de cantar algumas músicas e dizer todo o carinho que tem pelo grupo Art Popular, que surgiu em meados da década de 80, ela clama por um cafezinho naquela tarde, pois ninguém é de ferro e combina com o clima do show. E, claro, não menos importante, eu e todas as pessoas presentes cantamos a todos os pulmões “MAS TEM QUE ME PRENDER, TEEEEEM QUE SEDUZIR”, com “Você Me Vira a Cabeça (Me Tira do Sério), de 1997; junto ao “Não Deixe o Samba Morrer”, de 1975; criando um uníssono magnífico. 

A penúltima apresentação do dia contava com a dupla ANAVITÓRIA, que surgiu no estado de Tocantins. Elas abrem o show em total breu, apenas com suas vozes ao som de “Amarelo, azul e branco”, uma homenagem ao Brasil. Em seguida, se acendendo com tonalidades azuladas, surgindo ambas em vestidos de mesmo tom, leves e esvoaçantes.

“Porque Eu Te Amo” é a segunda canção, enquanto Ana canta e toca violão, vemos Vitória gesticulando delicadamente, escondendo o rosto com as mãos ao falar de amor. Ocorre um discurso agradecendo a participação no festival, assim como o público recebe o convite para que todos cantem juntos, com toda força e amor pela dupla. Além dos instrumentos de corda, elas utilizam de percussão, produzindo o próprio ritmo para as canções.

É engraçado como eu digo que não chego a ser fã, mas cantei todas as músicas, pulando de alegria por ouvir todas que amo, bem de pertinho. Vê-las é algo gracioso, elas são tão alegres, pulam, rodopiam de um lado para o outro, é possível sentir o amor pelo que fazem emanando de seus corpos, como se fossem verdadeiras fadas. É impressionante como as vozes de ambas se encaixam no mesmo tom, de maneira perfeita.

Ocorre uma segunda homenagem à Rita Lee, em que a Manu Gavassi entra no palco novamente e todas juntas cantam “Amor e Sexo”. Seguido de outros clássicos da dupla tocantinense, como “Partilhar” em parceria o cantor Rubel, “Trevo (Tu)” e, fechando com chave de ouro, só de escutar o som do violão, pude reconhecer que se tratava de “Agora Eu Quero Ir”, ambas de 2016, do álbum de estreia de mesmo nome da dupla.

E para concluirmos o festival com glamour, Tinashe, cantora, dançarina e atriz – antiga integrante do girl group The Stunners, entre 2007 e 2011 – entra no palco seis dançarinas negras, todas trajadas de laranja, enquanto a vocalista usava um chapéu enorme, bem dramático com detalhes em franjas e sombra azulada nos olhos, trazendo um contraste. Com muito ritmo e coreografias, que parecem ter saído de um clipe musical. 

Suas canções são conhecidas ao ponto de o público realmente ovacioná-la, indo à loucura com sua presença. Em “I Can See the Future”, a cantora traz uma letra com fervor, usando e abusando de twerk, remetendo à sensualidade, o ritmo R&B e o sex appeal às outras estrelas estadunidenses, como Rihanna e Beyoncé.

Em “Savage”, do álbum 333, ela emana poder. Porém, o que mais chama a atenção sendo um diferencial em sua performance é que por mais que temos elementos da cultura negra no som e na letra, presenciamos solos de guitarra, novamente com aquela divergência de polos. Ela, muito carinhosa, agradece e diz amar o público, realçando que somos doces e incríveis. E, logo em seguida, ela inicia “Touch & Go”, pois ela conta que é uma das suas canções favoritas. 

Ao todo, apesar dos dias serem nublados e com presença de chuva, o Festival Grls! assim como todas as artistas presentes sempre deixavam o público em completo alto astral, não perdendo o ritmo e a alegria. Foi resgatado com sucesso o clima de verão, aquele gostinho de “quero mais”, dos viúvos pós-Carnaval, em que são momentos que o público dança e se expressa, sem medo de ser feliz em meio à cidade caótica de pedra.

O Grls festival também contou com as apresentações da Rachel Reis e Majur. O grupo de street dance Cia K esteve presente em ambos os dias no Palco Heineken que onde a percussionista Lan Lahn tamem se apresentou, junto de outras atracoes.

A Heineken, que patrocina o GRLS! desde a sua primeira edição, montou o Palco Heineken no Centro Esportivo Tietê e, durante os dois dias de festival, o público curtiu um line-up com atrações diversas entre os shows do palco principal. Nomes como Negra Li e Peroli foram destaques na programação.

Além da Heineken, outras marcas parceiras estiveram presentes no GRLS! e contribuíram para deixar a experiência do público ainda mais completa. Foram elas: BIS, Buscofem Hot, Instagram e  Converse.

Vale lembrar que o GRLS! também gerou rodas de conversa virtuais mediadas por Ju Ferraz, sócia e diretora da Holding Clube. Com convidadas plurais, os painéis abordaram assuntos como saúde mentalliberdade financeirabeleza pluralpré-conceitosforça feminina imagem pessoal

Com realização da Time For Fun, o Festival GRLS! tem como meio de pagamento oficial next, patrocínio da Heineken e apoio de Bis e Buscofem Hot. O Instagram é a rede social oficial. Rádio TransaméricaNEOOH e POPline são media partners.


Sobre o GRLS!

Idealizado para amplificar o trabalho de mulheres e suas mensagens, suas visões de mundo e suas vozes, o GRLS! quer inspirar e estimular a indústria da música e do entretenimento na busca pela igualdade, diversidade e inclusão. Um espaço para reflexão, inspiração e transformação com protagonismo feminino. A primeira edição do festival aconteceu em março de 2020, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Com shows de LUDMILLA, Kylie Minogue, IZA, Gaby Amarantos, Linn da Quebrada, MULAMBA, Little Mix e MC Tha, o evento reuniu mais de 20.000 pessoas e se tornou sinônimo de potência e liberdade. O seu braço de conteúdo trouxe talks sobre o universo feminino, com falas sobre empoderamento, luta, presente e futuro. Nomes como Djamila Ribeiro, Fernanda Lima, Sônia Guajajara e Monja Coen fizeram parte da lista de 36 palestrantes responsáveis por trocas poderosas com o público.

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About Bianca Matz

Jornalista por curiosidade, cinéfila por natureza, vegetariana por amor e paulista desde sempre.

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