KNOFEST BRASIL 1° EDIÇÃO – 45 MIL PESSOAS NO SAMBÓDROMO CELEBRAM GRANDES BANDAS DA VELHA E NOVA GERAÇÃO

Texto: Andrei Lopes e Gabriel Gonçalves (Pantera e Trivium)

Fotos: Gustavo Diakov (Exceto Slipknot, que são de autoria de Jeff Marques em cobertura para Igor Miranda)

Sim, 45K. Estima-se que este foi o público presente no Anhembi, prestigiando a primeira
edição do festival dos mascarados no Brasil. Foram longos anos de espera para muitos, que
tomavam conhecimento de edições em diversos lugares pelo mundo como Japão, e aquela
esperança gerada após edições em países da América Latina.
Esta espera acabou no domingo (18/12), após alguns shows apartados no decorrer da semana
que antecedeu ao grande dia, que contaram com nomes do lineup como Trivium, Bring me The
Horizon e Judas Priest.


A experiência de adentrar ao evento em si, não foi narrada como a das melhores, pelos muitos
que compareceram cedo, para prestigiar o evento desde o início. Fila única para centena
(talvez já milhares) de pessoas, aumentaram o tempo de espera, que em uma infeliz
coincidência de um clima quente na data, aumentaram o stress do público. Algo que se
estendeu em tempo, conforme gradualmente o público chegava ao Anhembi.
Após a primeira impressão negativa, uma segunda chance era dada ao evento pelo público já
internamente, em uma estrutura digna de um festival internacional, agora em terra brasilis.
Um palco em cada ponta da ‘’passarela’’, onde os shows eram televisionados no telão do palco
contrário ao que aconteciam, caixas e atendentes para consumo de comida e bebidas tinham
colaboradores suficientes para atender a grande demanda. E o aclamado museu á disposição,
com materiais de toda a carreira do Slipknot para apreciação com fotos e vídeos, inclusive dos
finados Paul e Joey (este que vos vala, não conseguiu conter o marejar de olhos neste
momento, rs)

Quanto aos shows, os trabalhos foram iniciados pela banda Black Pantera, escalada para o
lugar do Motionless in White, que cancelou sua apresentação aos 45 do segundo tempo, por
questões de saúde de um membro da banda. O show carregado (e necessário) de abordagem
sócio política, e anti racista é liderado pelo frontman Charles Gama, e é de alta interação com
o público. Nesta apresentação com direito a alfinetada ao vocalista de uma outra banda da
noite, que se tornou conhecido por discurso racista, citando ‘’Não ao poder branco” E até mesmo um moshpit dedicado as mulheres na pista.

Jimmy and Rats e Oitão, fizeram uma espécie de divisão de palco, em seus tempos de apresentação, algo parecido ao que se vê no RiR, Jimmy que já é consagrado pela sua carreira com o Matanza, mantém a proposta da postura drunked rockstar em seu novo projeto, e faz show enérgico, embora curto. Oitão, trouxe o vocalista Henrique Fogaça com máscara aborígene, e pintura corporal de suposta mesma natureza e temática, em um show que contou com um cômico detalhe de um grito de "Masterchef “pelo público, rs.


Seguidos então pelo Project 46, que é um dos grandes nomes do digamos ‘’mainstream’’ da
música pesada nacional. Tem feito shows pontuais, mas que levam o público fiel a banda que
tem mais de 10 anos de carreira, inclusive em seu próprio festival que leva o nome de 46 Fest.
O retorno do guitarrista Vini Castellari a banda, se mostra sólido, após um longo período em
uma clinica de reabilitação (a qual agora ele presta serviço, em apoio aos cuidados de outros
dependentes químicos). Repletos de moshs, e wall of death fizeram uma enérgica
apresentação, de muita interatividade com o vocalista Caio McBessera.

Após show mais intimista no cine joia na quarta feira (14 de dezembro) Trivium põem o Carnival Stage no Knotfest para cima com um dos melhores shows do festival que aconteceu no último domingo dia 18/12.

Com o seu Set List* com apenas 8 músicas, o que não impediu em nada de trazerem o público à loucura, o quarteto formado por Matt Heafy – voz e guitarra, Corey Beaulieu – guitarra, Paolo Gregoletto – baixo e Alex Bent – bateria 

Formam juntos os gigantes americanos do metal da cena atual, com sonoridades que vão de vocais ‘cleans’ até o ‘gutural’, o mais interessante do Trivium é que eles mesmos não pensam em um gênero específico para se denominarem o que abrange seus discos a uma galera completamente diversificada como seu público, eles já fizeram trilhas sonoras para o famoso game ‘God of War 3’ por exemplo e acredito que isso seja o que deixa o show deles mais interessante ainda. 

Não estive presente em sua apresentação no cine Joia porém ouvi rumores de que era sem dúvida um dos melhores shows do ano, fui para o Knotfest com expectativas altíssimas e confesso que não me arrependi nem um pouco, o carisma de Matt com certeza é um dos chamarizes para os fãs e recém conhecidos da banda,  entraram prometendo tudo e entregaram mais do que prometeram, apesar que em minha opinião gostaria de ter visto o show deles um pouco mais tarde e um pouco mais longo, fazer um show dessa banda com o sol das 13 horas no Anhembi foi o único ponto negativo mas não se engane, isso não nos impediu nem um pouco de curtir o show.

Com cortinas de fumaça o telão como backdrop exibia a capa da atual turnê deles a: “In The Court Of The Dragon” que promove seu mais recente álbum de estúdio que leva o mesmo nome da turnê. Quando os músicos entram no palco o público grita e comemora, o show é aberto com a faixa título do álbum, um som rápido e próprio para mosh pit, o que não fora diferente naquele momento, já víamos as rodas se abrirem e o público curtindo, afinal aquele dia era justamente nessa pegada. 

Na metade do show, Matt tira sua jaqueta e mostra em baixo a camisa da seleção brasileira, uma de suas interações com o público foi justamente falando da energia que o público brasileiro tem, ainda faz um trocadilho dizendo que o público argentino foi mais enérgico em seu último show no país, contando que a Argentina estava jogando naquele momento pela final da copa do mundo, o que os brasileiros não puderam deixar barato e via-se uma energia que parecia não dar conta até o final do festival, pois só estávamos começando.

Matt Agradeceu muito aos fãs por estarem ali presentes e prometeu que o Trivium voltará ao Brasil mais vezes, o que nós esperamos de coração pois com certeza seu próximo show no Brasil será em um lugar que comporta muito mais o novo público que foi conquistado pela banda ali naquele momento. 

Uma dica, não perca mais nenhum show do Trivium em qualquer lugar que esteja, você não irá se arrepender.

Hora do nepotismo (brincadeira pessoal, brincadeeeira, rs). Vended, banda que conta com os
filhos dos integrantes do Slipknot, Corey e Shawn, fazem parte de um movimento
paralelamente chamado de New wave of american new metal (risos). ‘’Filho de peixe, peixinho
é’’, a além da semelhança física, o vocalista Griffin trás em seus trejeitos o perfil agitado que
seu pai tinha no começo do Slipknot, na primeira década do século 21. A banda ainda é um
girino, e o tempo dirá se estão onde estão devido as suas oportunidades, ou se sua música
trarão um relacionamento mais próximo e de grande público.

E vamos lá, viúvas de Cavalera a parte, há de se convir que o Sepultura hoje tem se mostrado em
seu momento mais coeso desde as alterações de formação ao longo das décadas de carreira.
Principalmente, pelo exímio baterista que é o Eloy Casagrande (eu mesmo deixei de ser viúva
pelo trampo do garoto, rs). A banda mescla em seu list os grandes clássicos, a música de
trabalhos recentes, como o do aclamado pela crítica, álbum ‘’Quadra’’. O show contou com
participações que vimos nas Jams do SepulQuarta (projeto que rolou durante a pandemia de
2019 e que virou álbum), sendo eles Scott Ian (Anthrax), Matt Heafy (Trivium).
Supergrupos, de forma generalizada, ao longo do tempo, não tem mostrado trabalhos de
grande qualidade, e sucesso crítico, tal quais os das bandas de seus respectivos membros, mas
acredito que em suma, não seja o caso do Mr Bungle, o qual já ouvi comentários positivos, não
só dos que os acompanham, mas também dos curiosos. Sua formação conta com Mike Patton
(Faith no More), Dave Lombardo (Slayer), Scott Ian (Anthrax). Além da versatilidade vocal de
Mike, ele trás ao projeto também toda a sua peculiaridade em trejeitos e figurinos diversos,
além de seus discursos. Em uma clara proposta de diversão, agrada a quem acompanha a
apresentação da banda, independente de por qual razão, seja ela apenas para ver um membro
de sua banda preferida.

Após as mortes de Vinnie Paul e Dimebag Darrell em 2018 e 2004 Rex Brown e Phil Anselmo se reúnem com Zakk Wylde ( Black Label Society / Ozzy Osbourne ) e Charlie Benante ( Anthrax ) para fazer um tributo aos irmãos trazendo o Pantera de volta a ativa.

Quando fora anunciado gerou-se muita discussão sobre como seria realmente esses shows e se Zakk e Charlie dariam conta de soar como os irmãos Abbott, Zakk fora um dos melhores amigos de Dimebag chegando a estudar juntos no começo de suas respectivas carreiras, Após a morte trágica do amigo Zakk ainda chegou a compor uma música em sua banda, Black Label Society, para o amigo e para muitos não havia pessoa melhor para acompanhar o tributo ao Pantera do que o Viking do metal.

Infelizmente o baixista Rex Brown ficou doente em sua última apresentação na Argentina e não pode acompanhar o pantera nos dois shows em São Paulo, o mesmo fora substituído por Derek Engemann (The Illegals e Scour)

Dito isso Pantera chegou a São Paulo em dezembro com dois shows extremamente surpreendentes, passando pelo Vibra São Paulo no dia 15 e no Knotfest no dia 18 onde vou te contar um pouco como foi.

O festival teve suas desorganizações mas em quesito de horário de banda no palco foram extremamente pontuais e as 17 horas o pantera entrava ao palco.

Já familiarizado com o público Phil Anselmo que antes havia feito uma breve participação junto ao Sepultura, banda que ocupava o Carnival Stage antes deles, fora o primeiro a aparecer ao público logo após o vídeo de introdução que passava nos telões, era esperado também que a cortina que levava o nome do Pantera também estivesse lá porém por um problema na estrutura não pode ocorrer, chamando o público para que gritassem e comemorassem o que estava por vir. 

O restante do tributo entrava ao palco com as silhuetas dos irmãos estampados nos telões e a fala de Phil Anselmo que daria início ao show era: “Lembre-se que tudo que fazemos aqui é na memória de Vinnie e Dimebag “. O público saudava e vibrava, pois encontrar o pantera nos palcos novamente não era algo que estávamos esperando. 

O setlist* fora acompanhado de diversos clássicos da carreira do pantera e para quem tinha alguma dúvida sobre a sonoridade de Zakk Wylde ali fora mais que provado que a melhor escolha tinha sido feita, Zakk usou durante o show todo sua Wylde Audio War Hammer Death Claw M com sua pintura “Bullseye Barbarian” Que trouxe exatamente o timbre agressivo e melódico de Dimebag, além de estar acompanhando de alguns dos equipamentos usado pelo mesmo. 

Confiantes o quarteto apresentou todas as músicas dispostas no Set List* sem nenhum problema ou avaria levando sempre o público a loucura, via-se rodas de mosh pit se formando em diversas partes do público e era nítida a alegria de Phill ao ver aquilo novamente, não posso deixar de imaginar a satisfação por parte dele em ver que seu público estava ali presente mesmo depois de anos. 

A parte mais emocionante do show com certeza foi o momento que nós telões começaram a ser exibidas algumas memórias gravadas dos Irmãos, ao fundo ouvia a introdução de Cemetry Gates, um dos maiores hinos do Pantera, naquele momento todos os Mosh pits haviam cessados e o silêncio pairava pelo público que atentamente prestava atenção nas telas do Carnival Stage, o que mais me chamou atenção nesse momento foi que exatamente na virada da música onde se inicia o famoso riff de guitarra iniciava-se o cover do Black Sabbath “Planet Caravan” trazendo uma atmosfera completamente acolhedora trazendo aos fãs e a própria banda uma tristeza e felicidade ao mesmo tempo ao se lembrarem dos irmãos, pude observar algumas pessoas que choravam nesse momento no público, e fico imaginando a dificuldade em tocar uma música ou mesmo um show inteiro a quem dividiu o palco com você durante uma vida inteira .

Após esse momento bonito as favoritas do público seriam tocadas e via-se que aquele último momento mais calmo só serviu para alegrar mais ainda o público de estar participando de um momento histórico. 

“Walk” trouxe esse choque no público e o sorriso estampado na cara de todos, já haviam Mosh pits formados e gritos rolando. 

“Cowboys from hell” finaliza a apresentação no Knotfest e não teria melhor música a ser escolhida em minha opinião. Após os agradecimentos da banda, a distribuição das palhetas e a foto, Phil pede para acompanhar ele em um último refrão :

“And she’s buying a stairway to heaven”

Deixando o microfone cair no chão propositalmente causando uma saída dramática Phil recebe salva de palmas e gritos pela última apresentação do grupo no ano de 2022 

Uma agradável surpresa que tive, foi com a apresentação do Bring Me The Horizon, que na mesma semana se apresentou em São Paulo, no Vibra. Não é a
banda, ou vertente as quais costumo acompanhar, mas assim como o Matt do Trivium, Oliver
é um espetáculo a parte, com muito carisma, interação com o público, todo o tempo falando
em português. Os telões também são um espetáculo a parte, com diversos temas e inclusive
letras das músicas sendo executadas. Em meio a diversos diálogos, e grandes clássicos da
carreira da banda, onde o público agitava e Oli dizia mais grande, muito fraco ainda, ele diz
‘’Vocês querem Sleepwalker, mas eu muito velho, vocês me ajuda?’’ (hahaha) , por fim, ele atendeu
ao pedido da música e concluiu um show onde vi o quanto os fãs do BMTH são fiéis e
apaixonados!

Com direito a uma intro de War Pigs do Black Sabbath, que deixou alguns sem entender,
porém animados, subia ao palco o Judas Priest, na verdade quem subiu primeiro no palco foi a
enorme cruz/tridente, uma das marcas da banda. Rob Halford no auge de seus 71 anos, em
nada desejar aos mais novos, tanto em vocal quanto em performance com o Judas Priest.
Grandes clássicos como Eletric Eye e Painkiller, levaram o público a acompanhar o vocalista em coro, Um show com direito a OITO TROCAS de figurino de Rob, e inclusive a famigerada
entrada no palco de moto e com chicote na boca. Judas Priest, dispensa comentários que os
enalteçam, pois em resenha, são eufemismos, perto da experiencia de presenciar um show
deles.

Vamos aos donos da noite. A enorme ‘’cortina’’ trazia o logo tipo do início dos anos 2000, algo
que já aumentava a ansiedade dos fãs mais saudosistas (eu sou um deles, inclusive), cortina
esta que veio abaixo e os nove mascarados de Iowa dão o ar da graça com a avassaladora
‘’Disasterpieces’’ (meus olhos marejavam já, rs) , seguida pela clássica ‘’Wait and Bleed’’
cantada em coro pelo público, e de uma linda sincronia entre os integrantes agitando no palco.
Uma das razões, dentre muitas para o Slipknot hoje estar no patamar em que estão, ao longo
desses mais de 20 anos de carreira, sem dúvidas é a atuação de Corey Taylor como frontman.
Todo um discurso que sempre fez com que os fãs se sentissem parte da ‘’religião maggot’’, em
seus cultos (hahaha), sempre os chamando de amigos, e família
‘’All Out Life’’ uma das melhores músicas da atual fase da banda, executada com maestria,
embora não tenha sido incluída na tracklist do novo álbum, com refrão de mesmo nome ‘’WE
ARE NOT YOUR KIND’’
Todos os efeitos pirotécnicos de direito, já clássicos das apresentações. Além do girar das
percussões, telões que em determinado momento traziam vídeos de vermes (em alusão aos
‘’maggots’’)
A mescla entre músicas da velha e nova geração, fez com que todos ali, independente de
quando conheceram o Slipknot, tivessem motivos de sobra para apreciar a arrebatadora
apresentação.
E ao longo do tempo e muitos shows (esse é meu quinto deles), vou reparando mais em
detalhes, desde a máscara que hoje Sid leva em punho e nas pick-ups, onde há um mecanismo
que a faz parecer falar, até o up no taco de baseball de Shawn em Duality, desta vez pegando
fogo, como uma grande tocha olímpica
A intro do álbum Iowa, antecedeu o bis (a essa altura, eu já estava além do êxtase), que fechou
com as matadoras People=Shit e Surfacing
Deixam ao palco com uma chuva de fogos de artifícios, ao som de Till We Die nas caixas de
som. E a sensação final após o show, é de não querer que tivesse acabado.
Em minha réles opinião, foi a segunda melhor apresentação deles no Brasil, perdendo apenas
para a do RiR em 2011!

Jeff Marques

Abaixo você confere a galeria de imagens completa da primeira edição do Knotfest:

Judas Priest

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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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